Uma semana de tensão
Fosse na fase de grupos e esta derrota por 1 a 0 para a LDU não teria maiores consequências. Ao contrário: encheria os gremistas de esperanças por uma boa Libertadores. Pois o time de Vanderlei Luxemburgo jogou bem - encarou os equatorianos de igual para igual, cumpriu a promessa de não sentir fisicamente a altitude, dominou o adversário na maior parte do tempo e perdeu o jogo num detalhe, após a troca de um goleiro, naquelas desatenções que marcam as decisões. Mas é justamente o fato de ser uma decisão em mata-mata, contra um adversário cancheiro, e que venceu em casa sem levar gols, que preocupa. Afinal, é um detalhe que pode custar a Libertadores.
O Grêmio lembrou muito seus desempenhos na Libertadores de 2009, quando dominava quase todos os adversários (inclusive o Cruzeiro, para o qual foi eliminado na ocasião), mas perdia gols em sequência, que contra os bons times normalmente custavam o resultado. Mas, tirando isso, a atuação de ontem foi bastante animadora. A derrota para a LDU não traduz o que foi o jogo. Fora converter as chances criadas, a equipe gaúcha seguiu à risca a cartilha de um time grande, que briga para ganhar títulos grandes. Começando por evitar a pressão do time da casa, ainda desentrosado e sem poder imprimir seu ritmo físico forte, o que ocorreu por isso, pelo bom fechamento de espaços do time gremista e pelo fato de estarmos ainda em início de temporada, onde os times estão longe do auge físico.
A Liga propôs o jogo nos primeiros 30 minutos, mas sem criar chances reais ou penetrar na defesa gremista. Depois disso só deu Grêmio. Dos 30 aos 45, o time gaúcho criou ao menos três chances claras, e já merecia ter saído para o intervalo com vitória. Se Zé Roberto estava apagado e errando passes que não costuma, Elano dava uma movimentação inteligente e dinâmica aos movimentos ofensivos. Atrás, Pará, torto pelo lado esquerdo, era a mina de ouro da LDU. Mas, embora explorassem bem o espaço às suas costas, os equatorianos paravam quase sempre em Cris e Saimon, que levavam vantagem por baixo e por cima. Ou nos seguros Fernando e Souza, à frente da grande área.
No segundo tempo, com a entrada de Vargas, o Grêmio encurralou a LDU. Marcou a saída de bola, forçando os erros de passe, como se fosse ele, Grêmio, o time acostumado a jogar na alturas de Quito. Nos primeiros 15 minutos, perdeu quatro chances claríssimas de abrir o placar, o que reflete sua superioridade, mas costuma cobrar um preço alto em Libertadores. As entradas de Saritama e Marco Antônio reequilibraram o jogo, mas o Tricolor seguia mais perigoso. Só quando Dida deixou o campo é que a Liga marcou seu gol - não por culpa de Marcelo Grohe, que fez duas grandes defesas no lance, mas pelo fato de a parada ter esfriado o Grêmio. O curioso é que a jogada começou às costas de Tony, e não de Pará, como se anunciava. O time de Luxa teve ainda boas chances de empatar no final. Se Marcelo Moreno estivesse em noite mais inspirada (e centroavantes precisam disso em jogos assim), a sorte certamente teria sido outra.
Há uma semana para treinar a formação com Vargas no time. Ele dá uma qualidade superior e a velocidade que o time carece na frente desde o ano passado. Luxemburgo já indicou que começará na Arena com o chileno. O resultado é reversível: o Grêmio mostrou ser um time superior à LDU, tecnicamente e coletivamente. Mas a retranca que Bauza deve armar em Porto Alegre tornará a partida certamente dramática. A vaga está, sim, em risco, e é importante ter ciência disso. Mas, passando por este desafio, o Grêmio provou que tem condições de disputar o título desta Libertadores. Dá para virar, mas será duro.
Facilidade
Situação bem diferente vive o São Paulo, favorecido no sorteio ocorrido no fim de dezembro. A equipe paulista aplicou 5 a 0 no Bolívar com muita tranquilidade e pode ir para La Paz sem o medo de perder a vaga na altitude. Osvaldo e Luís Fabiano foram os destaques. São eles que devem mesmo puxar este time a partir da saída de Lucas para o Paris Saint-Germain.
Recuperação
Boa atuação do Internacional em Gravataí. Depois de decepcionar na estreia, o time B do Colorado foi melhor que o Cerâmica desde o início e mereceu a vitória, que poderia ter sido maior que 2 a 1, não fossem chances perdidas e o pênalti desperdiçado por Thales. O Inter só não é líder porque o São José barbariza: meteu 2 a 0 no Novo Hamburgo em pleno Estádio do Vale e foi a 6 pontos. O Noia, com zero, precisa abrir o olho. Péssimo começo.
Surpresa africana
A seleção de Cabo Verde é a mais grata surpresa da Copa Africana de Nações até aqui. Depois de empatar com a anfitriã África do Sul na estreia (jogo no qual foi melhor que os Bafana Bafana), voltou a igualar contra uma seleção grande do continente, Marrocos, em 1 a 1. A equipe dominou o primeiro tempo, saiu na frente, mas cedeu o empate na etapa complementar. Ganhando de Angola, lanterna do Grupo 1, estará classificada. Vale lembrar que este time eliminou Camarões nas eliminatórias para o torneio continental, no fim de 2012.
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