Um pouquinho de desrespeito

Não há qualquer hipótese de o Grêmio subestimar a LDU e entrar de salto-alto hoje à noite, na Arena. A derrota por 1 a 0 em Quito força o time a pensar em uma vitória por dois gols de diferença para seguir adiante e não se tornar o segundo brasileiro na história a cair fora na fase preliminar da competição. Deste mal, portanto, o Tricolor não sofrerá, e isso já é uma ótima notícia. Muitos brasileiros caem na Libertadores justamente por se acharem superiores demais aos vizinhos sul-americanos, imaginando que o gol sairá naturalmente, a qualquer momento, e acabam sendo surpreendidos.

Na verdade, o mal do Grêmio tem sido outro: o de respeitar em demasia seus adversários. No ano passado isso foi visível: talvez pela pressão de ter que conquistar um título no último ano do Olímpico, talvez pelo longo jejum sem grandes taças, talvez por alguma barreira mental do próprio elenco. O Grêmio respeitou demais o Palmeiras e a história de Felipão, temeu demais a altitude de Bogotá e o médio time do Millonarios. Caiu para dois adversários visivelmente mais fracos. Respeito e temor são duas coisas bem distintas. Esta confusão tem feito mal ao Tricolor há algum tempo. Remédio em excesso também mata.

A camisa da LDU pesa? A do Grêmio, campeão do mundo e bi da Libertadores, pesa bem mais. A LDU tem um bom time? O Grêmio é bem melhor, e provou isso em Quito, dominando o jogo na maior parte do tempo e levando um gol quase que por acidente. O Grêmio tem uma folha de pagamento seis vezes maior. Possui vários jogadores com passagem por seleções nacionais. Joga em casa, em um estádio cuja arquitetura é projetada para pressionar os adversários como nenhum outro na América do Sul. E precisa tirar uma diferença de apenas um gol.

O Grêmio precisa desrespeitar um pouco a LDU, no bom sentido. Não significa se achar superior e descuidar do perigo que representa o time equatoriano, pois isso é a fórmula do fracasso. Mas precisa se impor, mostrar quem manda, sem medo de pressionar o adversário. Há pelo menos dez anos o Tricolor não formava um time tão pronto para ganhar a Libertadores como esse. Se tecnicamente o material humano é bom, e coletivamente rendeu bem em 2012, a hora é de mostrar na prática esta superioridade, sem medo de fracassar. Jogar com confiança é essencial.

Em 2007, o Grêmio tinha uma equipe menos qualificada que essa, mas a postura no Olímpico era irreparável. São Paulo, Defensor e Santos perderam na Azenha por 2 a 0, resultado que serve hoje, porque foram encurralados. Vanderlei Luxemburgo, com o Peixe, foi uma das vítimas. Mostrar vídeos daqueles dias a seus jogadores seria muito útil, para que entendam a postura que precisam ter hoje.

A ansiedade, o gramado ainda fora das melhores condições, a vantagem da LDU, Tony na direita e Pará na esquerda, tudo isso são obstáculos que podem eliminar o Grêmio hoje à noite. Já são problemas suficientes para enfrentar. O que não dá é o próprio time de Luxa criar mais uma dificuldade para si mesmo.

Enfim, a estreia
O Internacional "quente" enfim começa 2013. Por coincidência, contra o mesmo adversário contra o qual iniciou 2012: o Novo Hamburgo, no Vieirão, em Gravataí. Horário esdrúxulo (17h) e local inusitado, para evitar selvageria no Trensurb. Tristes tempos.

A grande atração da tarde está no reservado: Dunga, que já avisou que tolerará se seus comandados tiverem uma atuação ainda abaixo do que se espera. É apenas o primeiro jogo da temporada. No time, vale conferir Gabriel e Willians, dois dos novos contratados. Mas minha maior curiosidade recai sobre Forlán. Com pré-temporada feita de forma completa, o uruguaio precisa mostrar bem mais futebol que em 2012, e o quanto antes.

Cai o campeão
Seguem as zebras na Copa Africana de Nações. Ontem, a atual campeã Zâmbia empatou a terceira: 0 a 0 com a Etiópia, seleção tão modesta que foi goleada por 4 a 0 por Burkina Faso na última sexta. Passaram Burkina Faso e Nigéria nesta chave. Enquanto times como Cabo Verde e Máli segue vivos, Angola, Marrocos e Argélia, que disputaram Copas do Mundo recentemente, já caíram. A Tunísia pode ser a próxima hoje. Isso sem contar Camarões e Egito, que foram mal nas eliminatórias e sequer disputam o torneio.

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