A peça que faltava

Um atacante de velocidade. Esta foi a principal carência do Grêmio em 2012. Muitos falam que faltavam laterais, mas Pará e Anderson Pico deram conta do recado com sobras, comparando com a média nacional. Zagueiros? O Grêmio teve a melhor defesa do campeonato, ao lado do Fluminense. Saiu Gilberto Silva, chegou Cris, igualmente experiente. Mas um atacante veloz... Só Leandro tinha essa característica no grupo, e sua resposta ficou muito abaixo das necessidades de um time que disputa títulos como o Brasileiro e a Libertadores.

Eduardo Vargas não é aposta, é um jogador que chega à Arena para vestir a camiseta titular. Não só porque Kleber está correntemente lesionado; mesmo com o Gladiador em condições, o chileno em tese será o companheiro de Marcelo Moreno. Por ser a peça veloz que faltava ao ataque e, também, por sua qualidade técnica inegavelmente superior. Dentre os atacantes do elenco do Grêmio, nenhum é melhor que Vargas, segundo melhor jogador da América do Sul em 2011 (somente atrás de Neymar), que barbarizou na Copa Sul-Americana com a Universidad de Chile.

Rui Costa tem razão: cláusulas que possibilitam o retorno do jogador em seis meses são corriqueiras em transações por empréstimo com clubes europeus. Lá, o ano começa em agosto - e a janela principal de transferência é a do verão, inverno daqui. Vargas, praticamente confirmado no Grêmio, ficará um ano em Porto Alegre. E não corre o risco de sair antes da final da Libertadores - há uma cláusula que garante sua participação na decisão caso o Grêmio chegue até ela.

O começo de ano do Grêmio é muito interessante. Mantém quase todo o time titular do ano passado (só Gilberto Silva saiu), realiza uma inteligente pré-temporada de dez dias em Quito e traz bons reforços, sempre com muita calma nas negociações. Souza, que era improvável que ficasse, ficou. Agora Vargas, um jogador absolutamente diferenciado, que esteve longe da Arena, deve desembarcar nos próximos dias. O clube manteve um representante na Itália, o que certamente pesou na decisão do jogador e do Napoli na hora de fechar o negócio. Uma atitude importantíssima, mas que poucos costumam tomar. Fábio Koff mostra que, apesar da idade, ainda não perdeu a velha forma.