Sobre os personagens do Caso Barcos

STJD: adora aparecer. Recomenda à CBF que suspenda os pontos de Inter x Palmeiras, mas ao mesmo tempo marca o julgamento para o dia 22/11. Não seria recomendável definir isso logo? Para quê tão tarde? Menos mal que a CBF computou os pontos do Internacional provisoriamente, apesar do sempre temível asterisco ao lado.

Palmeiras: está no direito dele, por mais absurdo que possa parecer. Se de fato o gol foi anulado com auxílio de vídeo, é algo ilegal. O curioso é que o mesmo Palmeiras foi beneficiado por um erro que poderia ter anulado uma partida em 2009, quando marcou um gol contra o Sport após o juiz ter apitado parando a jogada, para depois se arrepender e mandá-la prosseguir. Algo muito mais grave. Mas claro que aí o clube fez silêncio. O Palmeiras possivelmente tem motivos legais para pedir a anulação do jogo, mas não tem motivos morais para isso. Deveria, inclusive, se preocupar em ganhar os próximos jogos, sem desviar tanto o foco das questões de dentro de campo, onde o time vai muito mal e precisa de recuperação imediata. Cavocar uma desculpa para justificar o rebaixamento é pequeno demais para o tamanho do clube.

Hernán Barcos: poucos jogadores se atrevem a admitir que cometeram uma falta. Barcos não é exceção neste caso.

Francisco Carlos Nascimento: é inaceitável o árbitro não colocar absolutamente nada na súmula, como se fosse uma partida normal. É justamente esta omissão que causou esta confusão toda. Por isso, ele já merecia um gancho. Por não ver a mão de Barcos, também. E, se realmente anulou o gol com base na TV e não no quarto árbitro, mais ainda.

Árbitros auxiliares adicionais: ficou provado, de uma vez por todas, que a figura do árbitro posicionado atrás das goleiras não serve para nada. Era justamente em um lance como esse que o assistente adicional tinha que ver a mão e avisar o juiz principal para anular a jogada. Em vez disso, não viu nada, provando incompetência. Ou se omitiu, o que é ainda pior.

Internacional: é um dos menos prejudicados caso o jogo seja anulado. O Inter não briga por mais nada no campeonato. Mesmo com os pontos do jogo, as chances de disputar a Libertadores são mínimas. Quem será prejudicado com uma possível anulação do jogo é o Bahia, o Sport, o Figueirense, a Portuguesa, enfim: os times que disputam com o Palmeiras na ponta de baixo da tabela.

Tecnologia: se o gol foi anulado com o auxílio da TV ou não, é o que menos importa. O fato é que este caso reabre a discussão sobre o uso da tecnologia para auxiliar a arbitragem em lances polêmicos. Será que ela não ajudaria em casos como este, de flagrante irregularidade? Regularizando esta situação (somente o quarto árbitro podendo informar a irregularidade, e somente antes de o jogo recomeçar, como teria feito Jean Pierre Lima em caso de anulação proibida), é algo a se pensar.


Futebol brasileiro: a anulação dos 11 jogos em 2005 tinha, ao menos, uma razão moral de ser: as partidas anuladas foram apitadas por um árbitro mal intencionado. Agora, corre-se o risco de anular um jogo porque um gol absolutamente ilegal foi anulado, por conta do modo como foi anulado. O Palmeiras tem razões legais para tentar a anulação do jogo, mesmo que isso seja moralmente condenável. A lei poderá estar sendo cumprida, mas para legitimar algo ilegítimo, que é um gol feito com a mão. Isso é o que mais causa repúdio nessa história. E é por isso que, sinceramente, torço demais para que o resultado se mantenha em 2 a 1. Punam-se todos os responsáveis pela anulação ilegal do gol (se é que ele foi anulado de forma proibida mesmo), mas não puna-se o futebol e, principalmente, os princípios morais mínimos do esporte. Buscar justiça às custas da moral é uma forma velada de injustiça.

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