Renovar e renovar com

A palavra da moda no futebol gaúcho é "renovar". No Inter, não se fala de outra coisa. É preciso renovar o elenco, mudar o que está desgastado - embora Kleber e Nei devam permanecer para 2013, o que já joga o discurso pela janela. No Grêmio, porém, a palavra adquire sentido oposto. É preciso renovar, mas não no sentido de mudar, e sim no de permanência. Renovar contrato, em suma.

A permanência de Vanderlei Luxemburgo, que deve ser anunciada oficialmente hoje, é o primeiro passo para uma boa temporada em 2013. Medir a qualidade de um trabalho em uma única temporada apenas no número de títulos obtidos é avaliá-lo de modo simplista, sem analisar a trajetória. Com Luxa, o Grêmio finaliza 2012 muito melhor do que quando começou. Ele provavelmente será vice-campeão brasileiro. Dois meses antes de começar o campeonato, em sua estreia, foi eliminado da Taça Piratini pelo Caxias. O elenco mudou para melhor, claro, mas o conjunto também. Dedo do treinador.

Luxemburgo nunca ganhou uma Libertadores, principal objetivo do Grêmio no ano que vem. Mas isso é motivo para não querer o seu trabalho? Certamente não. Para começar, é um poucos títulos que ele não tem como técnico, o que por si só já é uma motivação mais que suficiente para que ele faça de tudo para consegui-lo. Ele é incapaz de ganhá-lo? Falavam o mesmo de Muricy Ramalho, Abel Braga e Tite. Adílson Batista e Renato Portaluppi, que não são deste mesmo nível como treinadores, quase chegaram lá. "Ah, mas o Luxemburgo é ruim de mata-mata", vão lembrar. Bom, ele ganhou 21 títulos oficiais em sua carreira de técnico. Só três deles em pontos corridos. Os outros 18 foram com jogos de ida e volta em algum momento do torneio, a maioria deles nas fases decisivas, claro. Quantos técnicos ganharam mais no mata-mata que ele?

Todo gremista adora a Libertadores e sonha com ela sempre. É fácil adivinhar que ela será a prioridade do clube no ano que vem. O que não pode ocorrer, e muitas vezes ocorre, é o Grêmio jogar todas as fichas na competição continental e esquecer o resto. Esta é a principal fórmula para que o ano termine mal. Um clube forte não se faz com apostas em títulos difíceis de serem conquistados, mas montando uma base de trabalho sólida que o permita entrar em condições de disputar tais taças sempre. Em 2012, o time caiu fora da Copa do Brasil, mas não esqueceu do Brasileirão e termina a temporada na ponta de cima. O melhor antídoto para não cair nesta armadilha é realizar um trabalho cuidadoso, de preferência com continuidade. Ou seja: com Luxemburgo, no caso do Grêmio.

Mas não só com ele. Com Zé Roberto também. Com Souza, se for possível, embora seja difícil. Também com um zagueiro para ocupar a vaga de Gilberto Silva e com um atacante de velocidade, peça da qual o clube mais sentiu falta neste Brasileiro. O eternamente lesionado Bertoglio não pode ser encarado como solução.

Comentários

Lourenço disse…
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Quanto ao Luiz Adriano, acho que ele não entendeu o que estava acontecendo. Se entendeu, é lamentável o que ele fez. Se não me engano, já teve um jogo na Inglaterra que foi anulado, há uns 10 anos, por causa disso.
Sobre os estádios da Copa, muito legal.
Grêmio com Luxemburgo, acho que foi uma boa, embora desconheça o teor do contrato (acho que Luxa é meio "perigoso" nessas negociações).
Se Dunga vier para o Inter, como gremista fico preocupado pois acho que, mesmo sendo uma aposta, pode dar muito certo. Porém, antes de tudo, que ano espetacular que pintaria com Luxa e Dunga, dois ótimos personagens, por aqui.