Gol contra


Sou daqueles que criticam o chamado fair play. Acho que na teoria é algo muito importante para a civilidade no esporte, mas na prática funciona como um artifício para quem está ganhando fazer cera e ainda ganhar a posse de bola após o "atendimento" do jogador "lesionado". A própria seleção francesa fez isso na decisão da Copa do Mundo de 1998, e Rivaldo caiu como um patinho, levando alguns de seus colegas à revolta por tamanha ingenuidade. A prática, ainda por cima, torna o jogo chato demais. Qualquer jogador caído é motivo para jogar a bola para fora, parar o jogo e devolvê-la ao adversário depois do "atendimento médico", quando a partida só deveria ser paralisada após um incidente realmente sério. É fácil perceber quando é cera e quando é de verdade a dor do atleta. Na dúvida, para-se sempre. Em suma: a melhor catimba hoje é dar uma de coitadinho. 

Certamente não era o caso de ontem, na noite dinamarquesa. O Nordsjaelland surpreendia o continente e vencia o Shakhtar Donetsk por 1 a 0, mas eram apenas 26 minutos do primeiro tempo quando o lance ocorreu. Ainda havia mais de 70% da partida por ser disputada. Por mais que a equipe ucraniana precisasse da vitória, e por mais que talvez o jogo não necessitasse de paralisação, não seria desdenhar do fair play que faria alguma diferença. O lance foi tão bizarro que Luiz Adriano, ex-Internacional e um dos heróis de 2006 pelo gol feito contra o Al-Ahly, comemorou sozinho. Os companheiros queriam dar um gol de presente para o Nordsjaelland, mas um dos zagueiros não permitiu.

Podemos questionar, como sempre, a real necessidade de se interromper a partida diante daquele lance. Mas a atitude de Luiz Adriano foi absurda. Tão absurda que agora, certamente, haverá um lobby ainda maior em favor do fair play sempre. O atacante brasileiro, talvez com a intenção de contestar a prática politicamente correta, o fez do pior modo possível. Apenas ganhou a condenação da imprensa mundial e reforçou a ânsia de quem defende o fair play. Fez um gol a favor em campo, mas um gol contra fora dele.

Ah, o Shakhtar venceu por 5 a 2. Luiz Adriano fez outros dois e saiu de campo com um hat trick. Não precisava, de fato, ter feito aquele gol válido pela regra, mas errado do ponto de vista do que representou para ele e para quem defende a limitação do fair play a casos onde ele é realmente necessário.

A rodada
O grande destaque da penúltima rodada da fase de grupos da Liga dos Campeões foi a goleada da Juventus sobre o atual campeão Chelsea, pelo mesmo grupo do polêmico jogo citado acima: 3 a 0, em Turim. A Juve chega a 9 pontos, contra 10 do Shakhtar e 7 do Chelsea, que pode ser eliminado da competição ainda na primeira fase. Tal fato não ocorre desde 1981, com o Nottingham Forest. Um empate amigo entre Shakhtar e Juventus elimina o time de Londres na última rodada.

Em Valencia, o time da casa e o Bayern München empataram em 1 a 1 e eliminaram o BATE Borisov, mas não foi combinado. Afinal, o time bielorrusso complicou-se por suas próprias pernas ao levar 2 a 0 em casa do lanterna Lille. Pelo Grupo G, o Benfica se recuperou: ganhou a segunda seguida (2 a 1 no Celtic) e divide a vice-liderança com os escoceses. Mas deve ficar de fora, pois pega o Barcelona, fora de casa, na última rodada. No Grupo H, a briga pela segunda vaga (a primeira já é do Manchester United) ficará entre Galatasaray e CFR Cluj, ambos com 7 pontos. Favoritismo dos turcos, já que os romenos decidirão a sorte em Old Trafford.

Comentários

Vine disse…
Luiz Adriano virou meu ídolo! Pertencente àquela parcela mínima de jogadores com huevos. Pelo fim da frescura no futebol.

Esse link mostra o vídeo: http://www.youtube.com/watch?v=b0-xGP4IHhA