Força para a América

O Grêmio se diz esgotado, estava cheio de desfalques e enfrentaria o time que vem jogando melhor futebol de alguns meses para cá no Brasil. O São Paulo recém havia goleado a Universidad de Chile por inapeláveis 5 a 0 no Pacaembu, e veio completo para o Olímpico. Nada disso foi suficiente para interromper a sequência invicta do time gaúcho, que chegou a 15 jogos sem perder, carimbou de vez a vaga na Libertadores, roubou a vice-liderança do Atlético-MG e deu mais uma grande demonstração de força, inclusive para um possível duelo pela Sul-Americana contra este mesmo adversário, caso passe bem por Bogotá na próxima quinta.

Luxemburgo entrou num inédito 4-5-1. O objetivo era ganhar o meio de um São Paulo ofensivo, que joga num sistema parecido. Osvaldo e Lucas são pontas, mas ajudam demais na marcação, e fazem do 4-3-3 paulista um 4-5-1 também. O problema é que, no Grêmio, os meias pelos lados não tinham cacoete de atacantes. Além de não dar o tal 4-3-3 quando a equipe ataca, isso acabou por isolar Marcelo Moreno no primeiro tempo.

Mesmo assim, o Grêmio já era melhor na etapa inicial. O começo foi equilibrado, e prometia grandes dificuldades. Lucas dava um baile em Anderson Pico, por ser habilidosíssimo e bem mais rápido. Era um problema defensivo sério, até Luxemburgo obrigar Léo Gago a avançar menos e dar cobertura ao ala esquerdo. A anulação de Lucas coincidiu com o fim do equilíbrio e o início do domínio gremista na primeira etapa. Havia chutes perigosos de longe, sequências de escanteios, pressão forte da torcida, mas poucas chances claras. Faltava conclusão.

O gol são-paulino surgiu da maneira que era mais provável: com um erro de Saimon, zagueiro sem ritmo de jogo, e num lance isolado. Bobear com o ataque do São Paulo é proibido. Rogério Ceni fez o 1 a 0 que pouco dizia a respeito do jogo. Luxemburgo poderia ter colocado Leandro e dado uma alternativa de velocidade após o intervalo. Mas não: voltou com o mesmo time, que seguiu melhor em campo. Apostou no predestinado André Lima, que mais uma vez saiu do banco para decidir. O empate veio justamente com ele, um golaço, aos 15 minutos, após jogada espetacular do genial Zé Roberto, uma vez mais a melhor figura em campo.

Dali em diante, praticamente só deu Grêmio. O São Paulo se defendia bem, mas Jadson já não conseguia armar tanto com perigo, Lucas e Osvaldo eram bem controlados. Com um Olímpico cheio e em chamas, o time da casa foi para cima de vez. Anderson Pico teve desempenho simplesmente assombroso no apoio, ganhando quase todas no vigor físico, que sempre foi sua maior limitação. O time paulista chegou uma vez com perigo, com Luís Fabiano, mas Marcelo Grohe salvou. Ney Franco tentou a vitória ao tirar Jadson e colocar Willian José. Na prática, tirou o articulador do time, o homem que segurava melhor a bola.

Só aos 39 minutos veio a merecida virada, em uma jogada que começou em lançamento espetacular de Pico e um improvável cruzamento de canhota de Pará, inacreditavelmente perfeito para o testaço firme de Marcelo Moreno. O gol que coloca o Grêmio na Libertadores, na vice-liderança, e afasta o São Paulo de vez de sua alçada. E que dá moral para uma classificação quinta-feira na Colômbia, que se vier trará mais dois jogaços contra esse mesmo São Paulo. 2012 está no fim, mas parece ainda longe de acabar.

CAMPEONATO BRASILEIRO 2012 - 35ª RODADA
GRÊMIO (2): Marcelo Grohe; Pará, Saimon, Naldo e Anderson Pico; Fernando, Souza (André Lima), Léo Gago, Marco Antônio (Marquinhos) e Zé Roberto; Marcelo Moreno (Vílson). Técnico: Vanderlei Luxemburgo
SÃO PAULO (1): Rogério Ceni; Douglas, Rafael Tolói, Rhodolfo e Cortez; Denílson, Casemiro (Ademílson) e Jadson (Willian José); Lucas, Luís Fabiano e Osvaldo (Maicon). Técnico: Ney Franco
Local: Estádio Olímpico, Porto Alegre (RS); Data: domingo, 11/11/2012, 17:00; Árbitro: Wilton Pereira Sampaio (GO); Público: 45.894; Renda: R$ 1.066.416,50; Gols: Rogério Ceni (pênalti) 43 do 1º; André Lima 15 e Marcelo Moreno 39 do 2º; Cartão amarelo: Saimon, Fernando, Souza, André Lima, Marcelo Moreno, Douglas, Rhodolfo e Luís Fabiano

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