Duas esperas



O São Paulo está de volta a uma final internacional. Desde 2006, quando decidiu a Recopa (e perdeu) com (para) o Boca Juniors, o Tricolor não conquistava esse direito. Aliás, desde aquele título brasileiro conquistado em Brasília, no fim do ano de 2008, a equipe do Morumbi não chega a uma decisão. São quatro anos sem título algum, nem vice-campeonatos. Trata-se de um gigante adormecido, mas que tem tudo para voltar a comemorar - afinal, é, sim, o melhor time tecnicamente desta Copa Sul-Americana.

A classificação contra a fraca, mas valente Universidad Católica, veio de modo tão sofrido como aquela diante da LDU de Loja, nas oitavas de final: 1 a 1 fora, 0 a 0 em casa. Foi no saldo qualificado, um critério impensável para quem é bem melhor que os equatorianos e chilenos enfrentados. Os 2 a 0 e 5 a 0 sobre a Universidad de Chile foram um exagero, mas dão uma dimensão do que a equipe de Ney Franco é capaz de fazer. Um dos melhores times deste segundo semestre brasileiro, o São Paulo parece já ter passado por seu auge técnico em 2012. Então, se o desempenho já não é tão brilhante, que venham os resultados!

Ontem, o jogo foi marcado por duas esperas agoniantes: primeiro, a espera pelo gol. Mesmo com a vantagem de poder empatar, o São Paulo fez o certo. Foi para cima do adversário, o mesmo da final do bi da Libertadores, em 1993, em busca da vantagem. Logo no primeiro lance da partida, Lucas chutou cruzado, Luís Fabiano dominou na área, mas parou em Toselli. Foi esta a tônica do primeiro tempo: Lucas criava chances o tempo inteiro, em mais uma grande atuação, mas Osvaldo, Jadson e Luís Fabiano não passavam pela intransponível barreira representada pelo ótimo goleiro chileno.

A Católica não se defendia bem: só nos 45 minutos iniciais, foram seis chances de gol são-paulinas, quatro delas parando nas mãos de Toselli, o último recurso da equipe de Martín Lasarte. Armado no 3-5-2, o time chileno só parava o São Paulo através de seus zagueiros e volantes com faltas, quase todas próximas à área. E não havia contra-ataque: com uma marcação adiantada, o Tricolor impedia Cordero, Castillo e Peralta de tramarem qualquer perigo. Houve uma ou duas bolas levantadas a partir da intermediária e só.

O grande pecado do São Paulo, claro, eram os gols perdidos. O placar do intervalo, apesar de toda a superioridade da equipe de Ney Franco, seguia sendo 0 a 0. Ou seja: a Católica seguia sua estratégia à risca: segurar o time paulista e jogar por uma bola para se classificar. Um golzinho, num erro do time da casa, a classificaria. O jogo prometia drama, e assim ocorreu. Começava a segunda espera: a para que o jogo acabasse logo.

O São Paulo pressionou bastante nos minutos iniciais do segundo tempo, agora com Osvaldo sendo seu grande nome, mas já sem chances claras de gol. Foram apenas duas na etapa final, aos 17 e 34. Aos poucos, a administração da vantagem virou mais negócio que tentar a vitória. A Católica cumpriu sua estratégia de forma quase perfeita: segurou o empate até os 30 minutos do segundo tempo para tentar uma pressão nos minutos finais, quando o recuo do São Paulo era natural. Jorge Fossati cansou de ganhar mata-matas assim. O problema é que a tal "bola do jogo" não veio. Até porque o time paulista parecia precavido para evitar o crime. Mesmo assim, a partida terminou com jogadores comemorando aliviados e ajoelhados, e com Toselli dentro da área são-paulina, inclusive com bola rolando, tentando um gol desesperado.

Seja contra quem for, Millonarios ou Tigre, o São Paulo é o favorito a ganhar a Sul-Americana porque é melhor time. Contra os argentinos será um pouco mais fácil a tarefa: a decisão seria em casa, e o Tigre vem mal das pernas no torneio nacional. As dificuldades enfrentadas contra LDU de Loja e Universidad Católica, times tecnicamente inferiores ao próprio Tricolor, servem de alerta e vacina. Mas, ao contrário da partida contra os equatorianos, ontem o time paulista saiu aplaudido. Até porque jogou bem, apesar do empate em casa.

Copa Sul-Americana 2012 - Semifinais - Jogo de volta
28/novembro/2012
SÃO PAULO 0 x UNIVERSIDAD CATÓLICA 0
Local: Morumbi, São Paulo (SP)
Árbitro: Juan Soto (VEN)
Público: 55.286
Renda: R$ 934.726,36
Cartão amarelo: Denílson, Rogério Ceni, Wellington, Andía, Peralta, Costa, Silva e Alvarez
SÃO PAULO: Rogério Ceni (5,5), Paulo Miranda (5,5), Rafael Tolói (5), Rhodolfo (5,5) e Cortez (6); Wellington (5,5), Denílson (6) e Jadson (5) (Ganso, 33 do 2º - sem nota); Lucas (7), Luís Fabiano (6) e Osvaldo (6,5). Técnico: Ney Franco (6,5)
UNIVERSIDAD CATÓLICA: Toselli (8), Alvarez (5), Martínez (6) e Andía (5); Parot (4,5), Silva (5,5) (Ovelar, 21 do 2º - 5), Ríos (6) (Mier, 35 do 2º - sem nota), Costa (4,5) e Cordero (5,5); Castillo (4,5) e Peralta (4,5) (Meneses, 13 do 2º - 5). Técnico: Martín Lasarte (5,5)

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