Ao natural

Talvez sabendo que é muito superior ao Figueirense, o Grêmio não entrou preparado para jogar uma decisão ontem à tarde em Florianópolis. Em nenhum momento se viu um time "estressado", que entrou disposto a conquistar a vaga direta na fase de grupos da Libertadores custe o que custar. Nem precisava: a imposição foi técnica, a típica vitória ao natural. Foi o que bastou.

Nem mesmo fator local o Figueira tinha: o Orlando Scarpelli tinha até mais gaúchos que catarinenses. O time da casa tomou a iniciativa no começo do jogo. Cheio de guris, fez um duelo de igual para igual nos primeiros 15 minutos. Mas bastava o Grêmio retomar a bola e fazer duas ou três trocas de passes que os espaços apareciam quase que por mágica. Fruto da desorganização do Figueirense e de uma qualidade técnica absolutamente superior, especialmente de Elano e Zé Roberto.

A notícia do gol do Atlético-MG no Rio não precipitou em nada os gremistas. Aos 15, Zé deixou Leandro livre, mas ele perdeu, chutando em cima de Tiago Volpi. Aos 23, o passe foi para Elano, e aí não tem perdão: ele parou, driblou dois e chutou no ângulo, um golaço. Que veio brindado com dois gols do Botafogo em sequência, os quais matavam a briga pelo vice-campeonato ontem mesmo. E tudo virava festa: Leandro perdeu outra na frente do goleiro. Mas Zé Roberto e Souza, ambos após escanteios batidos por Elano, decretavam o 3 a 0 que matava o jogo em Floripa. Era muita diferença de um time para o outro.

Em vez de aproveitar e tentar aplicar uma goleada histórica, o Grêmio fez o que 90% dos times que goleiam no primeiro tempo optam por realizar: a administração do resultado. Não era uma estratégia tão perigosa, pois o Figueirense não dava mostras de que poderia reagir. Mas reagiu. Antes do pênalti discutível cometido por Tony, ambos os times tinham criado uma chance de gol, mas a insistência era toda do time catarinense. Aloísio converteu, fez outro a seguir após desvio de Deretti, e a vitória certa parecia ameaçada. Até que Elano, como quem dissesse "ok, gurizada, acabou a brincadeira", deixou Leandro livre para fuzilar Volpi e matar o jogo de vez.

A festa, porém, não foi completa. Os gremistas saem da penúltima rodada com uma boa vitória em Florianópolis, mas um retrogosto amargo por estarem com o segundo lugar assegurado quase que a tarde toda, mas viram-no escapar nos últimos minutos, já que o Botafogo fez jus à fama e levou uma virada do Atlético-MG nos minutos finais, no Engenhão. A briga ficou para a última partida, e os clássicos decidirão. Em tese, o Grêmio deve ficar com o vice: tem mais chances de vitória sobre o Inter do que o Atlético-MG em relação ao Cruzeiro, até porque o time de Roth vive fase melhor que o Colorado. Mas são dois clássicos, e o fato de ser a despedida oficial do Olímpico só emparelha mais as coisas. Por enquanto, há apenas o favoritismo, esta entidade tão perigosa antes de qualquer Gre-Nal.

Em tempo:
- Hoje, a partir das 15:00, estarei ao vivo na Rádio Grenal comentando a respeito do clássico do próximo domingo.

Campeonato Brasileiro 2012 - 37ª rodada
25/novembro/2012
FIGUEIRENSE 2 x GRÊMIO 4
Local: Orlando Scarpelli, Florianópolis (SC)
Árbitro: Elmo Alves Resende Cunha (GO)
Público: 8.041
Renda: R$ 241.775,00
Gols: Elano 23, Zé Roberto 42 e Souza 46 do 1º; Aloísio (pênalti) 19 e 23 e Leandro 25 do 2º
Cartão amarelo: Hélder, Aloísio, Guti, Fernando, Marco Antônio e Anderson Pico
FIGUEIRENSE: Tiago Volpi (6), Léo (4,5), Guti (4,5), Américo (4,5) e Hélder (5,5); Túlio (5) (Claudinei, intervalo - 5,5), Diogo (4,5), Ryan (4,5) e Bruno Nazário (4) (Léo Lisboa, 17 do 2º - 5); Deretti (5,5) e Aloísio (7) (Héber, 41 do 2º - sem nota). Técnico: Fernando Gil (4,5)
GRÊMIO: Marcelo Grohe (5,5), Tony (5), Werley (5,5), Naldo (6) e Léo Gago (5,5); Fernando (6) (Marco Antônio, intervalo - 5), Souza (6,5), Elano (7,5) (Marquinhos, 26 do 2º - 4,5) e Zé Roberto (7); Leandro (6,5) e André Lima (4,5) (Anderson Pico, 30 do 2º - 5). Técnico: Vanderlei Luxemburgo (6,5)