Tudo muito diferente, de um lado e de outro

16 dos 22 jogadores que atuaram naquele histórico jogo pelas quartas de final da Copa América do ano passado, quando o Uruguai eliminou a Argentina em solo argentino, estavam em campo ontem à noite, em Mendoza. Oito argentinos e oito uruguaios. Tudo muito parecido. E tudo muito diferente. Nestes 15 meses, muita coisa mudou. Tanto que o roteiro foi completamente outro.

O Uruguai mudou para pior. Talvez o time de Oscar Tabárez seja ideal para tiros curtos. A qualidade técnica continua a mesma. Muitos ali foram titulares na grande Copa de 2010 feita pela Celeste. Mas não é de hoje que os charruas não parecem mais os mesmos. Em 2012, o Uruguai jogou oito vezes e só ganhou uma: em junho, do Peru, em casa, por 4 a 2, pelas Eliminatórias. A equipe que começou a caminhada rumo ao Brasil 2014 como favorita a terminar na liderança da zona sul-americana (e efetivamente começou bem) termina a metade da corrida na 4ª colocação, no limite para se classificar direto, e já perdendo contato com times mais fracos, como Colômbia e Equador.

Ontem, o Uruguai foi dominado pela Argentina o jogo todo. Forlán foi caricato: se no Inter ele joga pouco mas ao menos se mostra interessado, em Mendoza se escondeu do jogo. Suárez esteve sumido. Cavani assumiu sozinho o setor ofensivo, mas não teve forças para tocar tudo de forma solitária. A Argentina isolou bem o setor defensivo uruguaio do ofensivo, deixando os três craques ilhados lá na frente. Sabella, grande técnico, ganhou o duelo tático com Tabárez.

Falando na albiceleste, eis a melhor seleção sul-americana do momento. Estar com um timaço dois anos antes de uma Copa do Mundo não é garantia de nada, claro. A própria Argentina tinha isso em 2000, e fracassou no Mundial de 2002. Das últimas cinco campeãs mundiais, só a Espanha de 2010 era um time afirmado há 24 meses da Copa. Mas é inegável que os hermanos chegarão ao Brasil como favoritos.

Messi já faz pela Argentina o que fez nestes anos todos pelo Barcelona. Só em 2012 foram 11 gols pela seleção - em todos os jogos que atuou, deixou sua marca. Tem a seu lado Di María, Agüero e Higuaín, um verdadeiro quadrado mágico, por mais que este termo seja carregado de azar no mundo da bola. Em Mendoza, palco que já foi de Copa do Mundo, os quatro deram um show dignos de um Mundial. A Argentina envolveu o Uruguai, merecia sair à frente já no primeiro tempo. No segundo, aplicou a goleada que lava a alma de quem foi dolorosamente eliminado em casa, por seu maior rival, na Copa América. E o melhor: com apenas seis gols sofridos, a defesa é a melhor das Eliminatórias. Uma fraqueza histórica que parece estar se solucionando.

FICHA TÉCNICA
ARGENTINA (3): Romero; Zabaleta, Fernández, Garay e Rojo (Campagnaro); Mascherano, Gago, Di María e Messi; Agüero (Guiñazu) e Higuaín (Barcos). Técnico: Alejandro Sabella
URUGUAI (0): Muslera; Maxi Pereira, Lugano (Scotti), Godín e Cáceres; Arévalo, Gargano, González (Rodríguez) e Forlán; Cavani e Suárez. Técnico: Oscar Tabárez
Local: Estádio Mundialista, Mendoza (ARG); Data: sexta-feira, 12/10/2012, 21h; Árbitro: Leandro Vuaden (BRA); Gols: Messi 20, Agüero 29 e Messi 34 do 2º; Cartão amarelo: Cáceres, Lugano e Godín

Comentários

Diogo Terra disse…
Se a Argentina ajeitar a defesa - que se atrapalhou nas poucas vezes que o Uruguai atacou -, teremos um time fortíssimo em 2014.

Nota negativa pelo Vuaden. Não deu pênalti do Arévalo Rios no Aguero, deveria ter expulso o Lugano (ídolo do SPFC...) por uma entrada absurda no Romero.

Mas como é gaúcho, aquele tabloide sionista da Erico com a Ipiranga deve ter elogiado os "critérios" dele.

Vicente, e se um juiz argentino, apitando jogo do Brasil, não expulsasse um cara que tivesse quebrado o Neymar? As tetéias da imprensa daqui pediriam indiciamento por crime de guerra ao Tribunal de Haia.
Vicente Fonseca disse…
HAHAHAHA, seria linchado, Diogo.