Tomou gosto pelo empate

O Grêmio ficou conhecido no primeiro turno do Campeonato Brasileiro como o time que nunca empatava. Neste returno, já foram oito empates em 14 jogos. O deste sábado, contra o Bahia, foi o sétimo nos últimos nove jogos, o quarto seguido. O que tem sido suficiente para manter a equipe com folga dentro do G-4, graças à ótima campanha nas primeiras 24 rodadas e à irregularidade de Vasco e Internacional, mas compromete chances de título, vice-campeonato e, em breve, de manter até mesmo a terceira colocação. A ultrapassagem do São Paulo, que vem trotando a passos firmes, é questão de tempo.

Mas nada disso importa mais tanto. O Grêmio está praticamente classificado à Libertadores do ano que vem, e a única possibilidade viva de título que ainda existe para a temporada é a Copa Sul-Americana. Assim, não perder em Salvador já não seria de todo um mau negócio - no mínimo, evita o tradicional mal-estar que todo resultado negativo causa. E a parada de enfrentar o Bahia, no Pituaçu lotado, precisando da vitória, prometia mesmo ser complicada.

Mesmo assim, é possível lamentar o 1 a 1. O Grêmio nunca jogou bem, em momento algum do jogo, mas é bem mais time. O suficiente para jogar mal e ainda assim levar um duelo equilibrado com o Bahia fora de casa. No primeiro tempo, a equipe baiana foi um pouco superior. Nada de grande dominação, mas teve mais atitude, criou mais chances e mereceu a vitória, que não saiu porque o time de Vanderlei Luxemburgo empatou dois minutos depois, quando resolveu botar a bola no chão e utilizar a qualidade de Elano. Souza, como sempre inspirado quando enfrenta o Grêmio, metia o terror.

Na etapa final, Marco Antônio entrou no lugar de Marquinhos alegando um acompanhamento maior a Gabriel, principal arma do Bahia. A curiosidade é que Gabriel também saiu no intervalo, por lesão. Mesmo assim, a mudança fez bem ao Grêmio, que passou a controlar mais o jogo. A partida seguiu muito corrida, mas com qualidade técnica ainda inferior à do primeiro tempo: muitos passes errados, divididas ríspidas e erros técnicos. Só Leandro teve três, frente a frente com o goleiro. Daí as lamentações: entre chances perdidas e empates bobos cedidos, o Grêmio perdeu 6 pontos nos últimos jogos para Santos, Botafogo e Bahia, isso sem falar no Coritiba. Com 66, estaria ainda perto do Flu e à frente do Atlético-MG. Fica um gosto amargo, de que era possível ir mais longe.

O empate foi frustrante para o Bahia, mas mesmo assim a rodada foi boa para o Tricolor: Sport e Palmeiras perderam. A distância para o G-4 sobe um ponto, e o campeonato está uma rodada mais perto do fim. Ao Grêmio, fica a confirmação: se é para priorizar algo de agora em diante, que seja a Sul-Americana. Do Brasileiro, a equipe extraiu tudo o que já precisava. Não há mais objetivos a serem perseguidos, nem risco de perder o que já foi adquirido.

Em tempo:
- Belíssima partida da dupla de zaga. Werley é um dos melhores zagueiros do campeonato, e Naldo, em uma defesa segura, rendeu também muito bem, no embalo do companheiro. Quem também foi muito bem foi Léo Gago, que entrou no segundo tempo.

- Luxemburgo tem razão ao ficar brabo com Leandro pelos gols perdidos, mas podia ter sido mais brando nas cobranças públicas. Raramente faz isso com outros jogadores. Poderia ter sido mais assunto de economia interna.

CAMPEONATO BRASILEIRO 2012 - 33ª RODADA
BAHIA (1): Marcelo Lomba; Neto, Danny Morais (Lucas Fonseca), Titi e Jussandro; Diones, Hélder, Fabinho e Gabriel (Jéferson); Jones Carioca (Elias) e Souza. Técnico: Jorginho
GRÊMIO (1): Marcelo Grohe; Pará, Naldo, Werley e Anderson Pico; Fernando, Souza, Elano (Léo Gago) e Marquinhos (Marco Antônio); Kléber e Marcelo Moreno (Leandro). Técnico: Vanderlei Luxemburgo
Local: Estádio Pituaçu, Salvador (BA); Data: sábado, 27/10/2012, 18h30; Árbitro: Wilton Pereira Sampaio (GO); Público: 32.157; Renda: R$ 566.495,00; Gols: Gabriel 41 e Kléber 43 do 1º; Cartão amarelo: Lucas Fonseca, Titi, Pará, Kléber e Leandro

Comentários

Anônimo disse…
Normalmente eu concordo que o treinador não deve expor jogador em público, mas não dá pra não ficar p* com o que o Leandro(não) fez ontem. Por outro lado, a dupla de zaga foi realmente muito bem, lembro que o Naldo tirou uma bola a segundos de um chute na cara do Grohe.

Sobre a queda de rendimento, acho que o desgaste físico está pesando demais no elenco. É difícil ter que "escolher" competição, mas isso será meio que inevitável. Se não fosse a gambiarra da Conmebol em dar vaga na LA via Sula, essa questão do G4 estaria praticamente definida, permitindo que o clube pudesse se dedicar a Sula pra valer.

Tiago C.
Rodrigo disse…
Tiago, acho que se a Sul-Americana não desse vaga para a Libertadores, provavelmente o Grêmio teria se empenhado menos e sido eliminado logo na primeira fase, como costumava acontecer. Infelizmente é essa a mentalidade tacanha que prevalece hoje no futebol brasileiro. Se um campeonato não der vaga para alguma coisa, parece que não tem importância nenhuma. E quanto ao G4, me parece que a situação já está, de qualquer forma, definida. Só haveria risco de virar G3 se outra equipe brasileira além de Grêmio, São Paulo ou Palmeiras tivesse continuado na Sula. Isso considerando, é claro, que os dois tricolores permaneçam no G4. E como não vejo Vasco e Inter com possibilidades de chegarem, acredito que a vaga do Grêmio na Libertadores já está assegurada.
Vicente Fonseca disse…
Concordo, Tiago. Mas a besteira que o Marcelo Moreno fez contra o Fluminense, por exemplo, foi muito maior que a do Leandro ontem, e Luxa o defendeu. Não achei nada de absurda a cobrança, mas acho que poderia ter sido mais branda publicamente - internamente, o bicho tem que pegar mesmo.

Concordo plenamente contigo, Rodrigo.