Poucas brigas

Faltam nove rodadas para o fim do Campeonato Brasileiro, quase um quarto dos jogos. Normalmente, ainda é um período considerado cedo para qualquer tipo de projeção. Mas não este ano. A vitória do Coritiba sobre o Palmeiras, ontem à noite, praticamente encerrou as brigas de tabela em 2012, curiosamente o certame com mais bons times desde que a fórmula dos pontos corridos foi adotada, em 2003. Em anos de nível técnico geral mais baixo, a briga tendia a ser mais equilibrada, embora seja cedo demais para ser apocalíptico e dizer que isso é uma tendência.

Poucas coisas parecem longe de uma definição. A briga pelo título, por exemplo: nos últimos três anos, ao menos três equipes chegaram à penúltima rodada com chances matemáticas. Em 2009, quatro chegaram à última partida com possibilidades de saírem campeãs. Neste ano, o Fluminense já abriu nove pontos de frente para o segundo colocado. Não víamos vantagem tão grande desde 2007. Grêmio e Atlético-MG seguirão tentando, mas se chegarem à última rodada com alguma chance de taça já será muito.

Na briga pela Libertadores, Fluminense, Grêmio e Atlético-MG estão praticamente assegurados. O Galo, instável no returno, ainda pode ver sua vaga ameaçada nas rodadas finais, mas os dois tricolores dificilmente a perderão. Resta, na prática, uma vaga, que é disputada entre Vasco (50), São Paulo (49) e, correndo bem fora, o Internacional (45). Eis a maior briga da tabela.

Lá atrás, a partida da Fonte Luminosa poderia esquentar de vez a chapa de quem corre risco de cair. Mas o pênalti batido por Deivid a esfriou quase que de vez. Sport, Palmeiras, Figueirense e Atlético-GO formam a zona de rebaixamento mais sólida de todos os tempos. Nunca, desde que existe o Brasileirão, houve distância de 8 pontos do primeiro fora da zona de rebaixamento para o primeiro que a ocupa. Mesmo o Sport, que é o mais próximo de sair dela, já fará milagre se conseguir.

Uma medida que a CBF poderia adotar para os próximos anos é o de reeditar a zona de classificação à Copa Sul-Americana. Em 2013, jogará a competição quem não estiver entre os 16 melhores da Copa do Brasil, seguindo a ordem de classificação do atual Brasileirão. Mandaremos mais times ruins para a Sul-Americana, em resumo, mesmo que sejam só quatro em vez dos oito atuais.

Se a briga pela Sul-Americana fosse feita dentro do próprio Brasileirão, como sempre foi, a briga para entrar nela envolveria nada menos que oito equipes no campeonato atual. Como só quatro entram, seria preciso entrar entre os oito melhores, uma exigência maior do que ficar entre os 12, o que aumentaria o interesse de muita gente no campeonato, e tiraria a impressão de prêmio de consolação para quem escapou de cair que a vaga tinha até o ano passado. Considerando o Internacional (6º, 45) como um virtual classificado à segunda competição continental nesta ideia de sistema, a briga pelas outras duas vagas envolveria Botafogo (40), Cruzeiro (39), Santos (38), Náutico (37), Ponte Preta (37), Portuguesa (36), Coritiba (35), Flamengo (35) e Bahia (35). Todos estes times estão sem praticamente nada para fazer nos próximos dois meses.

É de se pensar. O Brasileirão deste ano foi o melhor dos últimos anos em termos técnicos, mas do ponto de vista competitivo é o pior desde a edição de 2003. Mesmo que a campanha perfeita do Fluminense e a horrorosa do Palmeiras colabore e sejam dois "azares", há condições de aumentar a emoção com estas pequenas alterações de regulamento.

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