O Inter ainda pode ir à Libertadores?

Claro que sim. Embora seja difícil. A matemática ainda permite: o Colorado precisa fazer 9 pontos a mais que o Vasco e 5 a mais que o São Paulo em 30 a serem disputados. Mas existem diversos fatores práticos que jogam contra. Veja porque a Libertadores de 2013 dificilmente terá como um dos 38 participantes o atual 3º colocado do Ranking Conmebol (e nem o vice-líder, por sinal).

A UTOPIA DA PONTUAÇÃO MÁGICA
O único site que dá estimativas de pontuação para que cada objetivo dentro do Campeonato Brasileiro seja alcançado é o Chance de Gol. Segundo o portal, as chances de chegar à Libertadores aumentam se o time fizer, ao menos, 64 pontos. Com 42, o Inter precisaria fazer 22 nos 30 que tem a disputar - um aproveitamento de 73,3%, superior ao do atual líder Fluminense. Além disso, o Colorado teria que ver o Vasco fazer, no máximo, mais 13 pontos (43,3%). Nunca o regular time cruz-maltino teve desempenho tão baixo neste campeonato. Se o Vasco mantiver a média que tem apresentado desde o início do certame, fará entre 15 e 18 pontos, o que obrigaria o Inter a fazer entre 24 e 27 nos 30 finais. Seriam no mínimo 8 vitórias nos 10 jogos que restam para um time que só venceu 10 vezes em 28 partidas. É exigir demais.

O INEDITISMO DA REAÇÃO
Nunca na história deste país desde que os pontos corridos foram adotados um time que estava 8 pontos atrás do G-4 há 10 rodadas do fim terminou o campeonato na zona da Libertadores. Quer dizer, uma vez: foi com o Cruzeiro, em 2009. A Raposa, na 28ª rodada, era 9ª colocada, com 39 pontos, oito atrás do rival Atlético-MG. Terminou o campeonato em 4º lugar, com 62. Fez 23 pontos nos 30 finais que disputou, um aproveitamento de 76,7% - que, vimos, deve ser suficiente para dar a vaga ao Inter neste ano.

Só que, além de ser um único exemplo nos últimos nove Brasileiros, há várias diferenças entre a situação de 2009 e a de agora. Primeiro: aquele campeonato foi marcado pelo equilíbrio, irregularidade e baixo aproveitamento dos clubes da ponta de cima. Nunca um campeão teve aproveitamento tão baixo quanto aquele Flamengo, de 58,8%. Neste ano, o G-4 se mantém o mesmo desde a 11ª rodada. Fluminense, Atlético-MG, Grêmio e Vasco fazem um campeonato muito regular, e em alto nível. Dificilmente algum deles será desbancado do G-4. Todos os quatro exibem aproveitamento melhor que o Flamengo campeão de 2009.

Em segundo lugar, o Cruzeiro de 2009 teve uma trajetória peculiar. Disputou a final da Libertadores, abandonando as 12 primeiras rodadas do Brasileiro em nome do título continental, que foi perdido para o Estudiantes. Depois, sofreu com a perda da taça e só se encontrou no returno, quando fez a melhor campanha geral, com 40 pontos. Provavelmente teria sido o campeão brasileiro se se dedicasse desde o início ao certame. Já o Inter, que se dedica desde maio somente ao Brasileirão, além de nunca empolgar, vem em queda. Tem apenas a 13ª melhor campanha do segundo turno. Precisaria de 100% de aproveitamento nos dez jogos que restam para se igualar àquele Cruzeiro. Não dá para comparar.

O DESEMPENHO DE FERNANDÃO (E DO TIME)
Dorival Júnior estava longe de ser uma unanimidade, mas hoje parece claro que trocá-lo por Fernandão foi um erro. Além do desempenho da equipe não ter melhorado em nada, o aproveitamento do antigo técnico (53,3%) é superior ao do atual (48,1%). Mantendo a média, Fernandão levará o Inter a fazer mais 14 pontos nos dez jogos que restam. A equipe fechará o campeonato com 56 pontos, provavelmente em 6º, 7º ou 8º lugar.

Para piorar a situação, nem mesmo a volta dos titulares melhorou o desempenho do Inter. A média do time com Leandro Damião, por exemplo, é muito parecida da que quando ele não joga. Não há muito mais de onde tirar. Fora que tem sido impossível repetir time, já que sempre há alguém lesionado ou convocado.

A PONTUAÇÃO CONTRA OS ADVERSÁRIOS NO TURNO
Contra estes dez últimos adversários que terá pela frente no Brasileirão, o Inter provavelmente viveu seu melhor momento na competição. Foi logo que Fernandão entrou. O time entrava desfalcado, mas conseguia bons resultados, mesmo fora de casa. Ainda assim, é pouco. A equipe fez 15 pontos neste período, o equivalente a 50% de aproveitamento, o que a daria 57 pontos ao fim da competição. O Vasco precisaria fazer apenas 6 pontos neste período (fez 15 no primeiro turno) e o São Paulo só mais 10 (fez os mesmos 15). Dificilmente isso vai ocorrer.

AS CALCULADORAS JOGAM CONTRA
As chances matemáticas de cada equipe alcançar seu objetivo não dizem se o time está ou não rebaixado ou fora da Libertadores, por exemplo, embora muitos entendam isso. Mas trazem tendências importantes. O Chance de Gol dá ao Inter apenas 9,6% de chances de ir à Libertadores. Já Tristão Garcia afirma que as possibilidades coloradas não passam de 1%. Uma diferença grande entre um portal e outro. Mas ambos indicam, no fundo, a mesma coisa: as possibilidades são remotas.

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