Exemplo a não ser seguido
Nunca, desde que os pontos corridos foram adotados, um time que estava há nove pontos de sair da zona do rebaixamento conseguiu a façanha. O Fluminense de 2009 ficou há oito, no máximo, mas tinha Fred e, faltando nove jogos para o fim, estava há seis do 16º colocado. Ontem, no estádio com nome mais poético do Brasil, a Fonte Luminosa de Araraquara, veio a derrota crucial, definitiva: o confronto direto contra o Coritiba (14º, 35). Ganhando, o Palmeiras ficaria a três pontos de sair do inferno. Empatando, a seis. Já seria trágico.
Mas o time de Gílson Kleina perdeu, com aquele roteiro trágico costumeiro dos grandes que caem. Desde 2008, com o Vasco, não vemos um dos 12 maiores clubes brasileiros ser rebaixado. Ontem, a equipe se atirou para cima, mas cedeu espaços fatais. O Coxa já deveria estar vencendo antes do pênalti aos 43 do segundo tempo, pois houve um gol de Deivid mal anulado pela arbitragem. Infernal, Rafinha comandou a vitória que praticamente livra o time paranaense de sua terceira queda em sete anos.
Alertávamos, ainda em maio e junho, que o Palmeiras era fraco, mesmo com a possibilidade de título da Copa do Brasil, que acabou se concretizando. Mesmo que o Grêmio fosse bem menos time do que é hoje, certamente aquela derrota para o Verdão na semifinal dói mais aos gremistas a cada jogo que vemos do Palmeiras neste Brasileirão. O título talvez tenha feito mal ao alviverde, que não se reforçou direito, pensando que o que havia em casa era suficiente para fazer uma campanha digna. Um time fraco não tem o direito de ter ressaca após título, e o Palmeiras 2012 sempre foi um time fraco, que ganhou a Copa do Brasil porque soube de suas limitações, algo que não ocorre neste Brasileiro. Começou na zona de rebaixamento devido à priorização da Copa do Brasil, demorou a se ligar no campeonato e não teve forças para reagir. Não é melhor que Bahia, Ponte Preta, Portuguesa, Flamengo ou Coritiba, ou não tão melhor a ponto de tirar tamanha diferença em tão pouco tempo.
Se a diretoria for esperta e consciente da gravidade da situação, a Série B será a prioridade em 2013, e não a Libertadores. Reerguer o clube é bem mais importante que tentar um título imenso, mas praticamente impossível de ser alcançado. Seja como for, servirá como um bom exemplo a equipes como Grêmio, Botafogo, Atlético-MG e Cruzeiro, que há uma década ou mais não levantam títulos de expressão: bem mais importante que taça no armário é segurança para que elas venham através de uma gestão moderna e profissional. Títulos fortuitos, como o do Palmeiras neste ano ou o Brasileirão do Flamengo, em 2009, sempre cobram seu preço mais adiante e dão a ilusão de que tudo anda bem, quando na verdade não anda.
FICHA TÉCNICA
PALMEIRAS (0): Bruno; Corrêa, Maurício Ramos, Thiago Heleno e Leandro; Henrique (Daniel Carvalho), João Denoni, Marcos Assunção e Tiago Real (Vinícius); Luan (Maikon Leite) e Obina. Técnico: Gílson Kleina
CORITIBA (1): Vanderlei; Victor Ferraz, Cleiton, Luccas Claro e Dênis; Willian, Gil, Lincoln (Thiago Primão) e Éverton Ribeiro (Júnior Urso); Rafinha e Deivid (Marcel). Técnico: Marquinhos
Local: Arena da Fonte Luminosa, Araraquara (SP); Data: quinta-feira, 11/10/2012, 21h; Árbitro: Jaílson Macedo Freitas (BA); Público: 10.655; Renda: R$ 427.000,00; Gol: Deivid (pênalti) 43 do 2º; Cartão amarelo: Henrique, Obina, Daniel Carvalho, Thiago Heleno, Maurício Ramos, Willian, Luccas Claro, Lincoln e Éverton Ribeiro
Comentários
Em relação a cidades, considero Bagé a campeã mundial dos belos nomes com Estrela D'alva e Pedra Moura.
Sobre a dor dos gremistas, fico pensando no outro lado: quantos palmeirenses não trocariam o título da CB pela permanência na Série A. Eu (se fosse palmeirense) trocaria, e acho que nesse ponto o Grêmio vem se conduzindo bem esse ano, sem ceder ao desespero de vencer a qualquer custo.
Tiago
E o primeiro semestre do Palmeiras veio com alguns bons resultados (inclusive no Paulist), mesmo que o futebol não tivesse sido tão vistoso.
A Copa do Brasil sem os clubes da Libertadores dá oportunidade para um clube mais fraco chegar.
O maior problema do Palmeiras foi ter achado que com o título estava tudo bem. Nunca esteve.
Não é problema do mata-mata.
De resto, estou com vocês: BRINCO DE OURO é o pior. Mas nunca esqueçamos do VERMELHÃO DA SERRA.