Sem respiro

Em aproveitamento e pontos perdidos, o Atlético-MG ainda é o líder do Campeonato Brasileiro. Pode não ter a mesma regularidade do Fluminense, certamente já viveu seu auge, mas segue candidatíssimo ao título, como o Tricolor Carioca. Ontem, um erro de arbitragem acabou facilitando um pouco a tarefa de vencer o São Paulo e tirou um tanto da graça daquele que prometia ser o jogaço da quarta-feira. Mas o time de Cuca soube se comportar como equipe que precisava da vitória jogando em casa, foi para cima e mereceu o resultado.

Sem Jô e Danilinho, o Galo não abriu mão da ofensividade, com dois substitutos à altura e que comprovam o bom elenco que Cuca tem nas mãos: Bernard jogou aberto pela esquerda, mais recuado em relação aos últimos jogos. Ronaldinho caiu pelo centro e pela direita, deixando de fazer o lado canhoto forte de ataque com Bernard, mas centralizando a criação e tendo ótima atuação. Na frente, os dois reservas: Guilherme, um tanto apagado, e Leonardo, um centroavante de posicionamento, mas que precisava ser abastecido.

Liso como sempre e como nunca, Bernard era a principal peça ofensiva do Atlético-MG. A estratégia são-paulina era segurar-se atrás e explorar contra-golpes. Sem Luís Fabiano e com os velozes e habilidosos Lucas e Osvaldo na frente, Ney Franco já entrou pensando nisso, mesmo que o Galo não exercesse pressão. Aos 25 minutos, a postura retraída deixou de ser estratégia para virar necessidade: Douglas escorregou e derrubou Leandro Donizete. A jogada foi muito mais feia e acidental que violenta. Sandro Meira Ricci, ignorando que o lateral do São Paulo não teve intenção em derrubar Leandro Donizete, o expulsou.

Aí, o cenário mudou completamente. Tem sido assim neste Brasileirão: times que ficam com dez jogadores tendem a se retrair tanto que parecem ter dois ou três a menos. O São Paulo se fechou demais. Entrou Édson Silva na lateral, saiu Maicon no meia. O time atuou num quase 4-5-0, com Lucas e Osvaldo recuando ao meio, ajudando na marcação aos laterais atleticanos e pouco subindo. Ficava claro: quando o Galo furasse o bloqueio, o jogo perderia sua razão de ser.

Aconteceu aos 16 minutos do segundo tempo. Cuca colocou Neto Berola no lugar de Guilherme no intervalo, adiantou Bernard e formou um 4-3-3 com dois pontas velozes que procurariam o centroavante tanto por baixo por cima. Acabou ocorrendo do segundo modo: Bernard cruzou de primeira na cabeça de Leonardo, que subiu com estilo, ganhou de Rafael Tolói por cima e fez 1 a 0.

O Atlético-MG segue na caça ao Fluminense, e está com sede de quem quer a taça. Não houve um momento, a noite inteira, que a equipe tenha tirado o pé. Mesmo com um a mais, em vantagem, o time de Cuca não apenas buscou o gol sempre, como também marcou o São Paulo de cima, com a aplicação de um Getafe diante do Barcelona. Time muito comprometido, e por isso (e outros motivos, claro) vai indo tão longe.

Já o São Paulo pouco muda sua situação. A transmissão em rede nacional parece ter se dado conta (ou se conformado) apenas ontem que o time do Morumbi não tem chance alguma de título. São 36 pontos, 17 atrás do Flu e 15 de distância para o Galo. Até em termos de Libertadores a situação são-paulina não é das mais fáceis. Com 6 pontos de distância para o Vasco, o time de Ney Franco não pode bobear. Ou teremos, pela primeira vez na era dos pontos corridos, um Brasileirão sem paulistas no G-4.

FICHA TÉCNICA
ATLÉTICO-MG (1): Victor; Marcos Rocha, Leonardo Silva, Réver e Júnior César; Pierre, Leandro Donizete, Ronaldinho e Bernard; Guilherme (Neto Berola) e Leonardo (Richarlyson). Técnico: Cuca
SÃO PAULO (0): Rogério Ceni; Douglas, Paulo Miranda, Rafael Tolói e Cortês; Wellington (Paulo Assunção), Casemiro (Ademílson), Maicon (Édson Silva) e Jadson; Osvaldo e Lucas. Técnico: Ney Franco
Local: Estádio Independência, Belo Horizonte (MG); Data: quarta, 12/09/2012, 22h; Árbitro: Sandro Meira Ricci (Fifa-DF); Público: 18.025; Renda: R$ 587.165,00; Gol: Leonardo 16 do 2º; Cartão amarelo: Leonardo Silva, Ronaldinho, Guilherme, Rogério Ceni, Paulo Miranda, Wellington, Paulo Assunção e Maicon; Expulsão: Douglas

MELHOR EM CAMPO
Bernard (Atlético-MG): Ronaldinho jogou demais, mas Bernard é quem conseguia, com dribles desconcertantes, rápidos e objetivos, desmontar o ferrolho do São Paulo. Ainda por cima, acertou com perfeição um cruzamento de primeira na cabeça de Leonardo no gol que decidiu a partida. É o melhor jogador deste Campeonato Brasileiro até agora.

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