Sem barreira

A possibilidade de o associado do Grêmio poder escolher um entre três candidatos a presidente do clube representa, certamente, o momento mais democrático da história do clube. A ida de Paulo Odone, Fábio Koff e Homero Bellini Júnior para o "pátio" contrasta com a ideia de que o clube tenderia a ficar menos democrático após as eleições de 2010, quando apoiadores de Odone (hoje nem todos daqueles eleitos o apoiam) levaram todas as 150 vagas para o Conselho Deliberativo tricolor.

A vitória de ontem foi mesmo a vitória da democracia gremista, que só se tornou possível porque um grupo de conselheiros propôs e viu aprovada a redução dos famigerados 30% da cláusula de barreira, que era o percentual mínimo necessário que um candidato a presidente precisava obter junto ao Conselho antes de ir ao segundo turno, onde os sócios votam. Com a redução para 20%, ocorrida em maio do ano passado, a necessidade de votos diminuiu.

Se não houvesse a redução, Odone teria se elegido ontem mesmo presidente. Afinal, Koff fez 29,7% dos votos, e Bellini 21,7%. Mesmo tendo mais votos somados que Odone (160 a 151), teriam sido alijados do pleito. Vale lembrar que muitos dos que pediam a redução (ou até extinção) da cláusula de barreira de 30% para 20% eram apoiadores do atual presidente em 2010, mesmo que isso pudesse prejudicá-lo eleitoralmente mais adiante. Votaram pensando no clube acima de qualquer tipo de interesse pessoal. Estão de parabéns.

Dentro de campo
Vanderlei Luxemburgo faz bem em levar força quase máxima ao Equador. Gilberto Silva e Zé Roberto sofrem mesmo com o desgaste. A Sul-Americana ainda está longe de "atrapalhar" o Campeonato Brasileiro.  O jogo de volta com o Barcelona-EQU é só no dia 24 de outubro, daqui a quatro semanas. E é fato que o título nacional ficou mais difícil após a rodada do fim de semana. Não vale à pena deixar o torneio continental de lado.

A força (quase) máxima se explica também pelo Barcelona e pelo Coritiba. Dificilmente Luxa repetirá o que fez no Couto Pereira: retirar os melhores do time no intervalo e quase ser eliminado. Hoje, jogar a meio pau em Guayaquil pode significar o fim da linha para o Grêmio. O Barcelona é forte, tem um ataque poderoso (Naldo na zaga é uma temeridade), mas também é fraco defensivamente. A derrota por 2 a 1 para o El Nacional, no domingo, é ótima para o Grêmio. Colocou em dúvida a equipe equatoriana, a fez despencar na tabela do campeonato nacional e gerou insegurança no elenco e torcedores, que estão carentes de grandes títulos.

A pressão no Monumental será forte, talvez não tanto quanto à do Independência. Não há altitude, mas o desgaste pode pesar. Jogando com inteligência e calma, o Grêmio tem tudo para trazer um resultado interessante para Porto Alegre.

Comentários

Diogo Terra disse…
"Vale lembrar que muitos dos que pediam a redução (ou até extinção) da cláusula de barreira de 30% para 20% eram apoiadores do atual presidente em 2010, mesmo que isso pudesse prejudicá-lo eleitoralmente mais adiante. Votaram pensando no clube acima de qualquer tipo de interesse pessoal. Estão de parabéns".


Posso até não concordar integralmente com este parágrafo, mas devo admitir: o que não faz uma seca de títulos importantes...