Pontuar é preciso

O Grêmio não jogou bem, mas isso não era pré-requisito para o jogo de ontem à noite. A fase onde as equipes precisavam jogar um bom futebol neste Campeonato Brasileiro, para adquirirem padrão de jogo e confiança, já passou. Neste terço final de campeonato, o importante, mesmo, é pontuar. Foi o que fez o Fluminense contra a Portuguesa (sem jogar bem), o Atlético-MG contra o São Paulo (jogando bem) e o Grêmio diante do Náutico (sem jogar bem).

Zé Roberto, é claro, fez falta. Com ele e Elano, o meio ganha não só em criatividade, mas também agilidade. Marquinhos é um jogador lento, e o time precisava de alguém rápido (Bertoglio, onde andas?) para deixar de ser previsível e furar o bloqueio do Náutico. No primeiro tempo, as melhores chances vieram basicamente em chutes de longe - e mesmo assim foram poucas. Kléber e Marcelo Moreno se viram ilhados e pouco colaboraram.

Por isso Leandro melhorou um pouco (só um pouco) o time quando veio do intervalo. É um jogador de infiltração, drible, mudança de direção com a bola em velocidade. Logo aos três minutos, quase fez o gol. Mesmo assim, a retranca pernambucana era bem feita, tirava espaços e já não era mais tão retranca assim - Elicarlos deixou Souza na cara de Marcelo Grohe, mas o volante errou o domínio e perdeu a chance. Sem espaço algum, voltaria a alternativa dos chutes longos. Num deles, longo demais, Marco Antônio nem pegou forte na bola, mas a iniciativa foi tão surpreendente (e irresponsável, até certo ponto) que Gideão não acreditou na tentativa de 40 metros, subestimou o arremate e saltou atrasado, uma falha clamorosa. Quando viu que ela chegaria, já era tarde.

Luxemburgo recompôs a equipe com Léo Gago no lugar de Moreno. Os 20 minutos finais foram os melhores do Grêmio na partida - além do controle territorial do jogo todo, houve boas chances de ampliar. Kléber fez no finzinho o segundo. Era jogo para 0 a 0 ou 1 a 0, mas o 2 a 0 premiou quem, se não jogou bem, ao menos tentou a vitória.

A atuação deu para o gasto, muito longe da volúpia dos 2 a 1 sobre o Atlético-GO, mas o importante eram os três pontos. O Grêmio se mantém na perseguição a Fluminense e Atlético-MG, e se há um objetivo neste campeonato para o time de Luxemburgo é o de seguir nesta balada. A Libertadores está praticamente garantida: são 47 pontos, contra 38 do Botafogo. Nove pontos de distância para o 5º colocado e cinco para o 4º, no caso de o São Paulo ganhar a Sul-Americana. Para o título, são seis. Para confirmar virtualmente a Libertadores, mais 15 serão suficientes - aproveitamento semelhante ao do Bahia hoje.

Mas, embora a vitória seja tudo na atual fase do Brasileiro, o time precisa jogar mais para se manter como um postulante a algo mais que simplesmente jogar a Libertadores do ano que vem. Os dois próximos jogos fora de casa, contra Flamengo e Atlético-MG, devem dar a continuidade ou o ponto final na disputa pelo tricampeonato nacional.

FICHA TÉCNICA
GRÊMIO (2): Marcelo Grohe; Pará, Werley, Gilberto Silva e Anderson Pico; Fernando (Marco Antônio), Souza, Elano e Marquinhos (Leandro); Kléber e Marcelo Moreno (Léo Gago). Técnico: Vanderlei Luxemburgo
NÁUTICO (0): Gideão; Patric, Alemão, Jean Rolt e Douglas Santos; Elicarlos, Souza (João Paulo), Martinez (Josa) e Lúcio (Kim); Rhayner e Rogério. Técnico: Alexandre Gallo
Local: Estádio Olímpico, Porto Alegre (RS); Data: quinta, 13/09/2012, 21h; Árbitro: Héber Roberto Lopes (Fifa-PR); Público: 27.178; Renda: R$ 339.631,50; Gols: Marco Antônio 15 e Kléber 47 do 2º; Cartão amarelo: Fernando, Jean Rolt, Patric e Josa

MELHOR EM CAMPO
Souza (Náutico): vinha realizando um bom trabalho até ser substituído. Embora tenha perdido uma grande chance, marcou e saiu para o jogo com qualidade, sendo um responsáveis pelo bom trabalho defensivo do Náutico na partida.

Comentários

Igor Natusch disse…
Concordo plenamente com a ideia central do texto, professor. Pontuar é o que interessa neste momento, jogar bem ou mal é acessório. E o chute do Marcantônio foi tão esdrúxulo que o Gideão nitidamente menosprezou a bola, pulando tarde demais.

O Grêmio está em uma situação onde pode conquistar a vaga na Libertadores sem muito sofrimento (é só fazer uma campanha razoável daqui para frente que leva a classificação) mas precisaria manter um ritmo bem forte caso ainda queira brigar por título. Vencer o desmilinguido Flamengo é essencial nesse sentido - mesmo porque é pouco provável que Atlético-MG e Fluminense percam ou mesmo empatem no fim de semana.
Vicente Fonseca disse…
Pensar no título é um tanto angustiante, pois é difícil tirar a distância para os dois primeiros, embora seja ainda possível. Mas, por outro lado, é o que mais garante a Libertadores para o Grêmio, pois obriga o time a manter um nível de pontuação extremamente exigente e alto.

O Fluminense tem dois jogos tranquilos em sequência (Atlético-GO e Náutico, em casa). Ganhando os dois, o Grêmio só mantém a chance se vencer os seus dois jogos. Lembrando, com o Galo é jogo de 6 pontos.
Chico disse…
O que importa é vencer e o resto é conversa fiada.