O valor do pontinho

Empatar com uma equipe que está 24 pontos atrás na tabela, na zona do rebaixamento, normalmente é um resultado decepcionante, mesmo fora de casa. Mas as circunstâncias da partida no Pacaembu tornaram o 0 a 0 obtido pelo Grêmio diante do Palmeiras um excelente resultado. A prova é a comemoração dos jogadores após o apito final de Sandro Meira Ricci. Nem mesmo em vitórias dentro do Brasileirão se costuma ver este tipo de manifestação.

A expulsão infantil de Kléber mudou completamente o panorama de um jogo que prometia ser aberto, alijando as possibilidades do Grêmio de jogar de igual para igual com o Palmeiras. E aí, se escancararam as deficiências técnicas do time de Felipão. Quase 70% da posse de bola na partida ficaram com uma equipe que tem sérios problemas em termos de qualidade. Tanto que a melhor chance do primeiro tempo - e de todo o jogo - foi uma das duas do Grêmio, e não uma das 14 tentativas alviverdes: o lance de Moreno para Zé Roberto, tirado em cima da linha, de forma polêmica, por Thiago Heleno.

Os papéis da Copa do Brasil se inverteram. Felipão colocou Maikon Leite no lugar do volante João Vítor ainda no primeiro tempo, vendo que o Grêmio só se defenderia. Mas a eficiência da equipe gaúcha na hora de se defender pesou mais que a necessidade palmeirense em vencer. Não se enganem: das 14 chegadas que citei do Palmeiras no jogo, nem a metade disso foram chances claras. Sem Marcos Assunção, nem a bola parada o Verdão tinha. A tônica do jogo era uma equipe incapaz de chegar ao gol contra outra incapaz de fazer outra coisa que não se segurar atrás.

Embora tenha montado um sistema defensivo sólido (o Grêmio não toma gols no Brasileiro há quatro rodadas), Luxemburgo desistiu do jogo cedo demais. Ao retirar Marcelo Moreno e colocar Léo Gago, abriu mão do jogo de vez faltando meia hora para o fim da partida. Dos 20 do segundo tempo, quando Gago entrou, até o final, a bola ia para o ataque gremista e voltava imediatamente, como se uma houvesse uma parede invisível que rebatesse a bola de volta. A pressão só não foi pior porque Zé Roberto teve uma atuação excepcional (jogou até de centroavante, retendo a bola) e porque o Palmeiras, de fato, é fraco.

O resultado seria apenas bom pelas circunstâncias, mas vira ótimo diante do empate do Fluminense com o Figueirense. Mesmo com todas as dificuldades, o Grêmio não perdeu terreno para o Flu nesta rodada. O Palmeiras, por sua vez, precisará torcer para o rival São Paulo se não quiser ver o Bahia abrir assustadores 6 pontos de vantagem na luta contra o rebaixamento. Dias difíceis para o campeão da Copa do Brasil.

Em tempo:
- Não dá para saber o que Kléber falou a Sandro Meira Ricci. Mas, se de fato reclamou, foi bem expulso. Luxemburgo teve uma entrevista muito feliz ao fim do jogo: criticou o árbitro pelo descritério (Luan também reclamou visivelmente, e não recebeu amarelo), salientou que Kléber é um jogador marcado (e que isso, embora inevitável, é um erro dos juízes), mas não tirou a responsabilidade de seu jogador, que comprometeu demais as possibilidades do time no jogo. Em relação ao pênalti de Thiago Heleno, o lance é muito discutível porque é interpretativo. Só o que não dá é para se encerrar a discussão decretando que foi pênalti ou não. Vamos aceitar os pontos de vista contrários, por favor.

- Interessante esse meia Tiago Real, que chegou terça do Joinville para o Palmeiras. Pode acrescentar ao pobre plantel de Felipão.

- Excelente atuação do sistema defensivo gremista. Fernando e Souza foram praticamente perfeitos, muito combativos e aguerridos. Werley foi o nome do jogo e Naldo, a seu lado, foi igualmente impecável - necessário que se registre, já que foi muito criticado (inclusive por mim) em jogos anteriores.

PALMEIRAS (0): Bruno, Artur (Corrêa), Maurício Ramos, Thiago Heleno e Juninho; Henrique, João Vítor (Maikon Leite), Márcio Araújo e Tiago Real; Luan (Mazinho) e Barcos. Técnico: Luiz Felipe
GRÊMIO (0): Marcelo Grohe; Pará, Naldo, Werley e Anderson Pico; Fernando, Souza, Marco Antônio (Marquinhos) e Zé Roberto (André Lima); Kléber e Marcelo Moreno (Léo Gago). Técnico: Vanderlei Luxemburgo
Local: Estádio Pacaembu, São Paulo (SP); Data: sábado, 01/09/2012, 18h30; Árbitro: Sandro Meira Ricci (Fifa-DF); Público: 12.035; Renda: R$ 423.806,00; Cartão amarelo: Luan, Tiago Real, Henrique, João Vítor, Corrêa, Marcelo Moreno, Naldo, André Lima, Marquinhos e Anderson Pico; Expulsão: Kléber

MELHOR EM CAMPO
Werley (Grêmio): comandou o sistema defensivo gremista na dura de jornada de segurar um adversário que tentou pressionar por quase todo o jogo. Perfeito por cima, por baixo e nas antecipações.


Comentários

gaucho disse…
O leandro estava suspenso por 3.o amarelo...
Lourenço disse…
Tenho visto pouco a Série B, mas esse Thiago Real é um grande destaque. Ouvi uma corneta desarrazoada da imprensa em cima da contratação dele. Claro que é só uma promessa, mas é uma boa aposta. A expulsao do Kleber me pareceu justa e nao achei que foi pênalti naquela mao do jogador do Palmeiras.
Lique disse…
quando o werley foi contratado, rolou um vídeo de todas cagadas e entregadas que ele deu quando jogava pelo atl-mg. aquele vídeo foi meio assustador, mas, também por causa desse vídeo, dá pra dizer que esse werley foi um achado. deu a volta por cima bonito.
Vicente Fonseca disse…
Gaúcho, tu tem toda a razão. Vou consertar o erro ali. Mesmo assim, acho que o Luxemburgo não precisava ter desistido tão cedo do jogo.

Sobre o Werley rolou aquele papo "bah, o Grêmio contratou o RESERVA DO RAFAEL MARQUES", o que foi no mínimo um sensacionalismo. Ele estava totalmente desgastado e encostado lá e o Rafael Marques chegou como uma esperança normal que todo recém-contratado carrega. Mas não adiantava tentar explicar isso quando ele chegou, tamanha a corneta.

Me parece claro que ele joga mais que o Rafael Marques e estava, simplesmente, sem ambiente. Lembro de boas partidas dele quando surgiu, no bom Brasileirão de 2009 do Galo com Celso Roth.
Marcelo disse…
Pode ser que o meu fanatismo tenha atrapalhado na interpretação da realidade, mas achei MUITO INJUSTA a expulsão do Kleber.
No lance da reclamação, tinham feito uma falta dura nele, que o juiz não marcou. Juiz este que não teve critério algum na marcação de faltas e distribuição de cartões (pelo menos 2 jogadores do Palmeiras mereciam ter sido expulsos por 2 amarelos).
No lance do segundo amarelo, achei um lance totalmente normal de jogo. Teve uma malandragem do Henrique que saiu rolando com a mão no rosto, quando foi atingido nas costas pelo Kleber. O histórico do Kleber tem contado muito, se fosse outro jogador, não teria sido expulso.
No segundo tempo, teve um lance do Zé Roberto, com conclusão do Moreno que tive a impressão de também ter sido tirada com o braço (e nada foi mencionado na transmissão horrorosa do PFC, que nem passou replay).
De positivo foi a baita atuação defensiva do Grêmio.
Chico disse…
Kléber não pode cometer ser expulso desse jeito. No final acabou sendo um bom resultado.