O fim de uma reprise pouco gloriosa

Luiz Felipe Scolari até que durou bastante tempo no comando do Palmeiras. Só ficou dois anos no clube por conta de sua trajetória excepcional por Criciúma, Grêmio, Brasil, Portugal e no próprio alviverde paulistano. Fosse qualquer outro técnico, teria caído bem antes disso, provavelmente no ano passado. Não dá para condenar o Verdão por mantê-lo tanto tempo no cargo - é mesmo um grande treinador, e vale à pena sempre investir na continuidade de um trabalho, especialmente se o profissional prestigiado for competente. Felipão é competente como poucos. Mas deixou a desejar nesta segunda passagem pelo Palestra Itália.

Há dois anos o Palmeiras tem, basicamente, apenas uma jogada: a bola parada de Marcos Assunção. Em 24 meses no comando da equipe, Luiz Felipe precisava ter feito o time jogar mais. O elenco é fraco, e mesmo com ele a conquista da Copa do Brasil veio. Isto é um mérito inegável de Felipão. Mas elenco fraco e time deficiente não servem de justificativa sempre que uma equipe vai mal dentro de campo, pois sempre existe a chance de formar um time organizado, que compensa com qualidade coletiva seus problemas individuais. Celso Roth, por exemplo, é especialista nisso.  Mesmo com a conquista da Copa do Brasil e a volta à Libertadores, o trabalho do técnico pentacampeão mundo é falho em diversos aspectos.

Exemplos não faltam, inclusive dentro do atual Campeonato Brasileiro. Geninho, na Portuguesa, e Gallo, no Náutico, são os que mais têm tirado leite de pedra. Jorginho, no Bahia, idem. Que o Palmeiras tem sérios problemas todos sabemos desde que o ano começou. Mas, mesmo assim, há jogadores de bom nível, que poderiam estar rendendo mais: Juninho, por exemplo, foi o melhor lateral esquerdo do último campeonato pelo Figueirense. Henrique é um ótimo zagueiro. Barcos é um centroavante de respeito, e Obina é no mínimo um bom reserva. Há Maikon Leite e Valdívia, que jogam menos do que deveriam, mas são tecnicamente muito bons.

Há, portanto, condições de fazer esta equipe jogar de forma minimamente razoável. O time palmeirense, em nomes, não é inferior a Náutico, Bahia, Figueirense ou Portuguesa, por exemplo. No entanto, está atrás de todos eles na classificação. Se há méritos inegáveis de Felipão em fazer uma equipe com tantas dificuldades técnicas ter ganhado a Copa do Brasil, há culpa igualmente inegável dele nesta campanha horrorosa no Campeonato Brasileiro. É inadmissível que, em dois anos, a equipe não tenha evoluído nada taticamente e siga dependente da bola parada de um volante de 36 anos.

Émerson Leão é a melhor opção disponível para tentar o milagre. Sim, milagre. Pois não bastasse o Palmeiras ter que tirar 8 pontos em 14 rodadas (em nenhum campeonato por pontos corridos tanta diferença foi tirada em tão pouco tempo - o Flu de 2009 tirou 7), será preciso mudar rapidamente a forma de o time jogar. É trocar pneu com o carro não só andando, mas em alta velocidade. O Palmeiras ganhou a Copa do Brasil jogando no erro dos adversários, retraído. Agora, está precisando partir para cima em busca dos resultados, e isso expõe todas as suas fragilidades. Será preciso consertá-las rapidamente, dar padrão de jogo e confiança ao time, tudo isso sem tanto tempo para treinar e conhecer o elenco. Situação realmente desesperadora. Leão tem experiência em pegar equipes assim, e botará ordem na casa. Apostas, agora, assinam a participação na Série B em 2013.

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