Dolorosamente previsível

O resultado deste domingo acabou sendo o esperado. E talvez isso seja o que mais irrite a torcida do Internacional, que protestou de novo após o jogo: o fato de que perder em casa para o Fluminense, por melhor que seja o Fluminense, ser algo normal, natural.

Foi um jogo cheio de polêmicas de arbitragem, tantas que ninguém sabe quem foi mais prejudicado, se Inter ou Flu. Os dois times exibiam problemas na articulação, pois D'Alessandro e Deco faziam muita falta, e Dátolo e Thiago Neves não deram conta do recado. Não à toa, as melhores chances da etapa inicial vinham em chutes de longa distância.

Mas o Fluminense tinha Wellington Nem, um jogador capaz de decidir a partida na base da individualidade. O gol de Fred foi 95% dele: arrancou desde o campo defesa, ganhou de Élton no tempo de bola, na corrida e no drible, passou por Índio e deixou o artilheiro na cara de Muriel. A diferença do primeiro tempo (e do jogo, afinal de contas) foi basicamente esta: em um jogo equilibrado, o Fluminense tinha alguém que podia decidir na base da vitória pessoal, e o Inter não.

O Colorado começou um pouco melhor no segundo tempo. Foram duas bolas tiradas em cima da linha, primeiro por Leandro Euzébio, depois por Bruno. Mas a expulsão de Nei freou a reação, por mais que ele estivesse novamente em uma péssima jornada e por mais que a expulsão de Leandro Euzébio tenha vindo no minuto seguinte, e a vantagem numérica do Flu nem tenha de fato ocorrido. Depois do cartão vermelho ao lateral-direito, coincidentemente, a equipe de Fernandão diminuiu seu ímpeto. Vinha num ritmo bom, ensaiando pressão, e a mudança brusca esfriou os ânimos.

O Fluminense não fez uma grande partida - raramente faz grandes partidas, mas é um time superior e mereceu a vitória por isso. Abel Braga, notório ofensivista, tem um time extremamente sólido em termos defensivos e mortal quando tem a chance de matar o jogo. Hoje, em suma, o Flu foi assim, simplesmente. Uma simplicidade que já deu título em 2010, e pode dar em 2012 de novo.

Já o Internacional dá adeus às chances de título, se é que elas ainda existiam. Tirar um ponto por rodada é missão impossível. Mas a possibilidade de chegar à Libertadores ainda existe. A distância para o G-4 permanece pequena, só 4 pontinhos. Das equipes que estão na briga pela quarta vaga (a única aberta, aparentemente), só o Botafogo venceu. Os resultados paralelos ajudaram, mas a equipe não se ajuda: ganhou só um dos últimos sete jogos. Vamos ver se quinta, com Forlán, Guiñazu e Leandro Damião de volta, a coisa volta a engrenar. É duelo direto, com o Fogão. Não existe mais o direito de errar, ou até mesmo Libertadores começará a virar utopia.

INTERNACIONAL (0): Muriel; Nei, Rodrigo Moledo, Índio e Fabrício; Josimar (Bolatti), Élton, Fred e Dátolo (Mike); Dagoberto e Cassiano (Lucas Lima). Técnico: Fernandão
FLUMINENSE (1): Diego Cavalieri; Bruno, Gum, Leandro Euzébio e Carlinhos (Wallace); Edinho, Jean, Wagner (Diguinho) e Thiago Neves; Wellington Nem (Samuel) e Fred. Técnico: Abel Braga
Local: Estádio Beira-Rio, Porto Alegre (RS); Data: domingo, 09/09/2012, 16h; Árbitro: Wilton Pereira Sampaio (GO); Público: 7.347; Renda: R$ 111.980,00; Gol: Fred (FLU) 28 do 1º; Cartão amarelo: Dagoberto, Josimar, Índio, Élton, Gum, Edinho, Diego Cavalieri e Wallace; Expulsão: Nei, Fabrício e Leandro Euzébio

MELHOR EM CAMPO
Wellington Nem (Fluminense): em um time que pouco criou, foi a salvação. Fez jogada espetacular no gol de Fred e poderia ter repetido no início do segundo tempo, mas o árbitro ignorou pênalti de Muriel nele. Liso, rápido, objetivo e inteligente, foi disparado o craque da partida.

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