Apagão frustra a liderança

Foi, de longe, o pior jogo do Grêmio em todo o Campeonato Brasileiro.Vanderlei Luxemburgo tem toda a razão: perder para o Corinthians fora de casa é um resultado normal mesmo para quem briga por Libertadores e título brasileiro. Anormal é a equipe entrar desligada, levar dois gols em apenas dez minutos e tornar desde o início inviável uma derrota que não necessariamente precisava acontecer - afinal, o Timão é campeão da América, mas, desfalcado de alguns importantes titulares daquela conquista, estava longe de ser uma equipe imbatível.

Tudo o que o Grêmio fez contra o Atlético-GO sofreu ontem: dois gols cedo, muito cedo. O primeiro, pelo lado direito defensivo gremista, onde Edílson provou, o jogo todo, que é ainda o mesmo jogador fraco de 2010. O segundo gol, onde Edenílson e Guilherme adentraram a área de Marcelo Grohe com facilidade assustadora, mostrou bem o nível de desconcentração da equipe gaúcha. Luxemburgo nem pôde contar com seu time quase titular. Com 22 minutos, já sacou Souza para a entrada de Marquinhos, visando a pressionar mais o Corinthians e tentar criar alguma coisa.

A troca não chegou a melhorar o time, que estava realmente em uma noite ruim. O Corinthians diminuiu o ritmo, mas ainda assim teve duas boas chances de ampliar no primeiro tempo, contra apenas uma chegada mais forte gremista, em um chute torto de Marquinhos. O cenário permaneceria o mesmo no segundo tempo, até que Luxa arriscou tudo: inverteu Pará e Edílson de lado, tirou o único volante que restava, Fernando, e pôs Leandro. Tirou também o amarelado André Lima no lugar de Marco Antônio. Eram quatro meias e dois atacantes. Werley, muitas vezes, foi visto como volante. Os laterais avançavam menos.

Saiu o gol em seguida, do recém-posto Leandro, mas não foi uma consequência tática da mexida. As trocas são válidas para tentar mudar o resultado, mas não melhoraram em nada o desempenho da equipe. O Grêmio teve 10 ou 15 minutos de tentativa de abafa, mas logo o Corinthians se adonou de novo do jogo, administrou o resultado sem grandes problemas e ainda fez mais um golaço no fim da partida.

A equipe de Tite jogou mais o tempo todo e mereceu o resultado. Logo já surgirão as teorias de que o Grêmio se afobou na hora de alcançar a liderança, o que é uma grande bobagem. Ainda faltam 15 rodadas para acabar o campeonato, e há gente suficientemente experiente no elenco gremista para saber disso. A derrota no Pacaembu é aceitável no panorama do campeonato, mas desde que o Náutico já seja batido quinta-feira e a equipe obtenha quatro ou seis pontos na sequência, contra Flamengo e Atlético-MG, fora de Porto Alegre. O que não dá, mesmo, é para ter um novo apagão.

CORINTHIANS (3): Júlio César; Alessandro, Paulo André, Wallace e Fábio Santos; Ralf, Guilherme (Guilherme Andrade), Edenílson e Danilo; Martínez (Giovanni) e Romarinho (Adílson). Técnico: Tite
GRÊMIO (1): Marcelo Grohe; Edílson, Werley, Gilberto Silva e Pará; Fernando (Leandro), Souza (Marquinhos), Elano e Zé Roberto; Kléber e André Lima (Marco Antônio). Técnico: Vanderlei Luxemburgo
Local: Estádio do Pacaembu, São Paulo (SP); Data: sábado, 08/09/2012, 21h; Árbitro: Marcelo de Lima Henrique (Fifa-RJ); Público: 26.727; Renda: R$ 719.138,22; Gols: Ralf 5 e Guilherme 10 do 1º; Leandro 12 e Giovanni 44 do 2º; Cartão amarelo: Alessandro, Ralf, Guilherme, Danilo, Martínez, André Lima e Zé Roberto

MELHOR EM CAMPO
Ralf (Corinthians): está em todos os lugares: na área, afastando de cabeça; no campo inteiro, desarmando; e dentro da área adversária, fazendo um gol com a categoria de um grande atacante, embora seja volante. Atuação de gala, e sem Paulinho ao lado para auxiliar.


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