O discurso se repete
O problema está na primeira parte do discurso, o de que o Inter jogou melhor. Não jogou. No Gre-Nal, a equipe de Fernandão teve chances no primeiro tempo e foi extremamente desorganizada no segundo. Ontem, com três volantes, atacou pouco, a exemplo do Coxa. Onde estão as inúmeras chances? Na etapa inicial, houve uma bela jogada de Fred que Forlán perdeu quase embaixo da trave e uma tentativa de cruzamento de Leandro Damião que saiu errada e acertou o travessão de Vanderlei. No segundo, foram duas chegadas: um chute de Marcos Aurélio que desviou e Vanderlei teve dificuldades em agarrar e uma conclusão perigosa de Fred, espalmada pelo goleiro do Coxa aos 47. E só.
O jogo foi pobre. O Coxa também criou pouquíssimo. Fora o gol, teve uma falta batida por Ayrton que raspou a trave de Muriel, aos 43 do segundo tempo. Mas as ausências não podem servir de justificativa quando o adversário vai a campo fragilizado, com 13 desfalques e sem nenhum atacante de ofício. Ninguém no Beira-Rio, a bem da verdade, culpou a não participação de D'Alessandro, Dátolo e Dagoberto pela derrota. Alguns culparam a sorte, o que é mais grave ainda.
Fernandão errou demais novamente, não soube apontar os problemas do time, mas ao menos reconhece que a fase é muito ruim. Apenas 1 ponto conquistado nos últimos 4 jogos. Ontem, para quem vinha perdendo partidas recentemente, era confronto para vencer. Forlán, por exemplo, pode estar rendendo menos que o esperado, mas é um equívoco retirá-lo e colocar o jovem Mike na fogueira. O uruguaio precisa de ritmo, e sua saída do jogo foi quase uma responsabilização pública pela derrota. Seria muito melhor retirar alguém mais atrás. No Gre-Nal, Fernandão abriu demais o time e o deixou bagunçado. Ontem, contra um adversário no 4-5-1, perdendo o jogo, manteve os três volantes até 20 e tantos do segundo tempo. Ao fim do jogo, tínhamos Élton, Nei e Marcos Aurélio improvisados. Não tinha como dar certo.
O clima começa a esquentar no Beira-Rio. Não sei se Fernandão resiste a um mau resultado contra o Flamengo. Ele próprio já dá sinais de desgaste. O fato de a campanha ser inferior à de Dorival Júnior nem é tanto o problema, afinal, Dorival não foi demitido por causa de seu aproveitamento. O problema maior são as decisões equivocadas que ele têm tomado na hora de reverter um resultado ruim. Ganhou os primeiros jogos, contra adversários fracos. Bastou pegar alguns melhores e os resultados são péssimos. E os inimigos, claro, seguem pontuando, deixando o Inter para trás.
Em tempo:
- Gol sem querer do Coxa, em ótima jogada de Marcel. Bola na mão ou mão na bola? Lance interpretativo e muito polêmico. Fica claro que a Rafinha não teve intenção, pois a bola bate ao lado de seu peito antes do braço. Mas o braço foi decisivo para que ela entrasse. Eu anularia.
CORITIBA (1): Vanderlei; Ayrton, Pereira, Escudero e Eltinho; Willian, Chico (Júnior Urso), Alex (Marcel), Robinho, Rafinha e Lincoln (Gil).Técnico: Marcelo Oliveira
INTERNACIONAL (0): Muriel; Nei, Bolívar, Juan (Índio) e Kléber (Marcos Aurélio); Ygor, Élton, Guiñazu e Fred; Forlán (Mike) e Leandro Damião.Técnico: Fernandão
Local: Estádio Couto Pereira, Curitiba (PR); Data: quarta-feira, 29/08/2012, 19h30; Árbitro: Péricles Bassols Pegado Cortez (RJ); Público: 12.200; Renda: R$ 203.852,00; Gol: Rafinha 11 do 2º; Cartão amarelo: Escudero, Lincoln, Chico, Élton, Forlán e Leandro Damião
MELHOR EM CAMPO
Rafinha (Coritiba): não tanto pelo gol, que foi mais na sorte, mas pela boa movimentação e por cumprir bem uma função tática à qual não está acostumado, mais à frente. Jogador liso e que preocupou a defesa do Inter.
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