No fim das contas, só mais um Gre-Nal

Foi um Gre-Nal decepcionante. Muitas estrelas de lado a lado, times que estão na ponta de cima da tabela, mas que fizeram um jogo tecnicamente fraco, sob um clima chuvoso que ajudou a tornar a partida ríspida e em um estádio que não oferece condições de sediar confrontos deste porte. Um clássico que prometia muito acabou tendo um time que pressionou sem nunca jogar bem contra o outro que fez um gol de chiripa de um jogador que manquitolava no comecinho do jogo e se fechou atrás, sem criar mais qualquer situação de perigo.

Dois fatos envolvendo Elano ditaram a tônica do jogo. O primeiro, claro, foi o gol. O Grêmio, que perdeu um Gauchão com um gol do manco Andrezinho em 2011 e quase caiu da Sul-Americana com um gol do lesionado Roberto quarta-feira, sentiu o gosto de ver um jogador descontado decidindo a partida. Falha clamorosa de Muriel, lembrando Dida e Aldair em Atlanta 1996. O segundo foi a saída de Elano do jogo, para a entrada de Marquinhos. Ambos fizeram do Grêmio um time defensivo, e do Inter o time que tentou propor o jogo durante todo o clássico.

Sem seu melhor meio-campista, o Grêmio virou um time pesado, com poucas alternativas e menos imaginação. Foi acuado pelo Internacional no primeiro tempo, mas sustentou a vitória. Na etapa inicial, o time de Fernandão chegou a jogar bem. Luxemburgo viu bem o jogo: Fred atraía a marcação de Fernando pelos lados, o que abria espaço para Forlán transitar e arriscar seus chutes. O uruguaio teve a bola do jogo, mas Marcelo Grohe salvou. Leandro Damião também ganhou duas de Werley por cima, mas perdeu.

O segundo tempo foi bem mais tranquilo para o Grêmio. Quando retirou Kléber para colocar Dagoberto, Fernandão errou duplamente: primeiro, porque o sacado devia ter sido Fabrício, o que garantiria mais qualidade no apoio e nos cruzamentos, estratégia repetidamente tentada durante todo o jogo, ainda mais com a entrada posterior de Rafael Moura. Segundo, porque retirou a articulação do time. O Grêmio passou a controlar o meio-campo e sofrer bem menos perigo que antes. Não criava chances, o que dava uma falsa sensação de estar sendo pressionado, mas não estava. A entrada de Leandro no lugar de Marcelo Moreno desafogou ainda mais a equipe de Vanderlei Luxemburgo.

Até por isso, não é possível considerar o resultado injusto: o Grêmio jogou pouco, mas ao menos foi eficiente na hora de se defender. O Inter, por outro lado, teve alguns bons momentos no primeiro tempo, mas nunca chegou a jogar bem - e ainda pecou defensivamente, o que é fatal em Gre-Nais. O resultado é excelente para o Tricolor, que deixa o Vasco para trás e abre 6 pontos do rival, com quatro vitórias a mais. O Inter, com 31, perde uma posição. Não dá adeus à Libertadores, como os colorados mais revoltados chegam a dizer. Mas a distância vai aumentando. E o tempo, diminuindo.

Em tempo:
- Não achei pênalti, nem de Werley, nem de Nei. Leandro Vuaden não teve erros graves, mas sua arbitragem de autopreservação irrita. O estilo de deixar o jogo correr é parte do passado.

- Fernandão não entrou com nenhum dos 6 times esboçados aqui no Carta. Avisamos que isso era mesmo bem possível de acontecer. Mas nem sempre mistério ganha Gre-Nal.

- Menor público em Gre-Nais dentro de Porto Alegre desde 2004. Fracasso de organização, mesmo com tempo ruim.

- Grêmio não vencia dois clássicos em uma mesma temporada no Beira-Rio desde 1990. Última vez do Inter ganhando duas no Olímpico foi em 2004.

INTERNACIONAL (0): Muriel; Nei, Bolívar, Juan e Fabrício; Ygor (Dátolo), Guiñazu, Fred e Kléber (Dagoberto); Forlán (Rafael Moura) e Leandro Damião.
Técnico: Fernandão
GRÊMIO (1): Marcelo Grohe; Pará, Werley (Naldo), Gilberto Silva e Anderson Pico; Fernando, Souza, Elano (Marquinhos) e Zé Roberto; Kléber e Marcelo Moreno (Leandro).
Técnico: Vanderlei Luxemburgo
Local: Estádio Beira-Rio, Porto Alegre (RS); Árbitro: Leandro Pedro Vuaden (Fifa-RS); Público: 10.617; Renda: R$ 176.420,00; Gol: Elano 7 do 1º; Cartão amarelo: Fabrício, Juan, Dagoberto, Fred, Marquinhos, Gilberto Silva e Anderson Pico

MELHOR EM CAMPO
Marcelo Grohe (Grêmio): salvou o Grêmio em ao menos duas grandes chances coloradas: uma com Forlán, no primeiro tempo, e outra com Rafael Moura, no último lance da partida.


Comentários

Zezinho disse…
Bela análise, Professor. Tive a mesma impressão do jogo. Mais uma prova de que Elano é peça fundamental na engrenagem tricolor.

Um cabeceio do Leandro Damião foi sacanagem. O Pará marcá-lo na bola aérea é erro crasso num clássico. E Werley louquinho pra entregar a rapadura.

Pofexô errou ao colocar Marquinhos logo no primeiro tempo. Leo Gago seria mais efetivo.

E Fernandão poderia ter sido melhor, mas ficou de bom tamanho pra um primeiro clássico
Chico disse…
Vingança Imortal!
Chico disse…
Demolidora Elano: rapidez e eficiência em menos de 10 minutos.
Chico disse…
Vai reformar sua casa? Chame Amanco Elano.
Chico disse…
muriel é o novo garoto(a) propaganda da Tumelero: ninguém facilita tanto.