Mais sorte que juízo

Se as saídas de Gilberto Silva e Elano no intervalo estavam previstas antes mesmo de a bola rolar ou foram pensadas na hora, não interessa. Fato é que foi, no mínimo, um erro grave de planejamento cometido pelo Grêmio, e que quase pôs a perder uma classificação que estava encaminhada após o gol de pênalti no final do primeiro tempo. Marcelo Moreno salvou a pele de Pelaipe, Luxemburgo ou quem quer que tenha pensado esta estratégia errada aplicada pelo tricolor gaúcho no Couto Pereira.

O primeiro tempo foi equilibrado, e o 1 a 1 final acabou sendo justo. O Coxa começou melhor, pressionando bastante, e chegou ao seu gol no momento em que o Grêmio já mandava no jogo. Sem Zé Roberto, poupado, o jogo fluiu menos. Marquinhos, mesmo sete anos mais jovem, não tem sequer metade de sua vitalidade, sem falar na qualidade técnica. Kléber, que fez boa partida, sofreu o pênalti de Pereira que pôs igualdade no placar. E aí houve o grande erro de Seneme: não ter expulsado o zagueiro do Coritiba - que quase decidiria o jogo no segundo tempo.

O empate com gols obrigava o Coxa a fazer dois, mas isso não significa que o confronto estivesse decidido. Luxemburgo foi no mínimo imprudente ao retirar um jogador com nível de seleção brasileira, como Gilberto Silva, e colocar em seu lugar um atleta em nível de Série B, como Naldo. Já em sua primeira jogada, ele escorregou bisonhamente e ocasionou chance para o Coritiba. A seguir, deixou o coxo Roberto fazer 2 a 1, mal posicionado que estava. Minutos depois, desistiu inexplicavelmente de marcar Pereira, em bola que era só dele.

Não foi só culpa de Naldo, ele é o menor dos culpados. A culpa é de quem pensou o jogo de forma equivocada. Seria muito mais prudente colocar o zagueiro reserva em meio ao segundo tempo, com o jogo controlado e o placar encaminhado, do que trocar duas vezes no intervalo. A conversa de que a Sul-Americana é importante ficou mesmo só na conversa dentro do Olímpico: na prática, a equipe priorizou o Gre-Nal em detrimento de uma decisão importante como a de hoje à noite (a interminável discussão sobre o número de ingressos para gremistas no clássico é um símbolo disso). Um erro terrível de avaliação, que foi salvo pelo oportunismo de Marcelo Moreno.