Fincando pé no G-4

Não foi uma grande atuação do Grêmio, mas o resultado foi ótimo e, acima de tudo, importantíssimo. Era preciso mesmo aproveitar o fato de o São Paulo vir sem Lucas e Luís Fabiano para ganhar dentro do Morumbi, algo que poucos conseguem neste campeonato - o líder Atlético-MG, por exemplo, perdeu lá. Além disso, os 2 a 1 impedem a aproximação do tricolor paulista, que agora fica 6 pontos atrás na tabela. Foi, em resumo, uma vitória fora de casa contra um concorrente direto, o que é esplêndido.

A atuação foi razoável (o fato de Marcelo Grohe ter sido o melhor em campo já dá um indício disso), mas suficiente para alcançar a vitória, o que prova o alto nível que atingiu o coletivo gremista. O primeiro tempo foi parelho. O São Paulo de ontem era menos time que o Grêmio, mas ainda assim tinha suas qualidades. O 3-5-2 armado por Ney Franco, com Casemiro de zagueiro, acabou funcionando no começo. O Grêmio não obtinha o controle do meio, os atacantes estavam bem marcados e a equipe da casa surpreendia na base da velocidade. Contra-golpeava mesmo jogando em seu estádio.

Em sua postura de ir para cima do adversário mesmo como visitante, o Grêmio abriu espaços, que eram aproveitados pelo time paulista no contra-ataque, a partir de bons lançamentos de Cícero e Jadson, seus melhores jogadores - num desses, saiu o gol. Faltou intensidade ofensiva ao time de Luxemburgo. Elano era o melhor do meio para a frente, mas a atuação apagada de Zé Roberto complicou as pretensões gremistas na partida.

Com o gol, o São Paulo veio para cima, animado, aproveitando a instabilidade gremista. Marcelo Grohe foi decisivo, com grandes defesas. Nos primeiros 10 minutos da etapa final, só deu São Paulo. O Grêmio só começou a entrar jogo a partir dos 12 minutos, com um boa jogada de Kléber que acabou num chute perigoso, cruzado, à meia altura. O Gladiador foi decisivo, não apenas pelo passe no gol de André Lima, mas por ter puxado a reação do time no Morumbi. No mano a mano, envolveu João Filipe e toda a marcação, com lances pessoais sempre muito perigosos.

A entrada de Marquinhos é que deu ao time gaúcho o domínio definitivo da partida. Mais uma vez, como em Campinas, Luxa recuou Zé Roberto para segundo volante, fazendo o veterano crescer de produção. Marquinhos cobrou com perfeição o escanteio para o gol de Werley (já havia feito o mesmo contra o Bahia, no polêmico gol de Souza) e iniciou a jogada que culminou no gol de André Lima - melhor jogada de Zé Roberto na partida, aliás. Dois jogadores que saíram do banco foram decisivos, prova de que o Grêmio tem sim um bom banco de reservas - nada de espetacular, mas não muito abaixo dos melhores e bem superior ao próprio São Paulo ontem, por exemplo.

A campanha mantém um ótimo nível. Com 64,6% de aproveitamento, o Grêmio tem desempenho semelhante ao dos últimos campeões brasileiros - não está na ponta porque Fluminense, Vasco e especialmente o Atlético-MG fazem um campeonato de exceção. Mas jogou duas seguidas fora de casa, conquistou quatro pontos nesta miniexcursão a São Paulo e se mantém no G-4, o que é uma excelente notícia. Agora, há dois jogos em casa, contra Portuguesa e Figueirense - ambas para serem vencidas, obrigatoriamente, se o título é mesmo a pretensão da equipe.

Em tempo:
- Apesar da grande atuação, Kléber merece um bom puxão de orelhas da comissão técnica. Merecia a expulsão em uma entrada sobre Casemiro com a sola.

SÃO PAULO (1): Rogério Ceni; João Filipe, Casemiro (Willian José) e Rhodolfo; Douglas, Denílson, Maicon, Jadson e Cortês; Cícero e Ademílson.
Técnico: Ney Franco
GRÊMIO (2): Marcelo Grohe; Edílson, Werley, Gilberto Silva e Pará; Fernando (Marquinhos), Souza, Elano (Léo Gago) e Zé Roberto; Kléber e Marcelo Moreno (André Lima).
Técnico: Vanderlei Luxemburgo
Local: Estádio Morumbi, São Paulo (SP); Árbitro: Elmo Alves Resende Cunha (GO); Público: 15.386; Renda: R$ 326.142,00; Gols: Cícero 40 do 1º; Werley 21 e André Lima 46 do 2º; Cartão amarelo: Douglas, Denílson, Cortês, João Filipe, Kléber, Werley e Marcelo Moreno

MELHOR EM CAMPO
Marcelo Grohe (Grêmio): com grandes defesas nos piores momentos gremistas no jogo, foi o maior destaque individual da partida. Foram cinco defesas difíceis ao longo da partida.


Comentários

Lourenço disse…
Ok, ele não tem títulos. E podem falar, se o Atlético Mineiro cair, e eu nem estou me importando tanto com isso. Mas o que o Cuca tem que fazer para ser considerado um bom treinador? No Botafogo, bom trabalho. No Fluminense, salvou o time do rebaixamento de forma espetacular. No Cruzeiro, tirou do fim da tabela e levou para as cabeças, fazendo o melhor time do Brasil no começo de 2011. No Galo, salvou do rebaixamento e agora faz de novo o melhor time do Brasil. São muitos os que fazem melhores trabalhos no futebol brasileiro?