Dá para manter o nível? Claro... que não!
Sinto muito em dizer aos atleticanos, mas é óbvio que o Galo não vai conseguir manter o desempenho. É claro que todos os clubes que estão atrás secam, e não têm se dado bem. Mas manter este absurdo aproveitamento de 84,4% significaria terminar o Campeonato Brasileiro com 96 pontos. Seriam 18 pontos à frente do melhor time da história dos pontos corridos com 20 clubes, o São Paulo de 2006. Algo como 30 vitórias, seis empates e só duas derrotas. Desempenho de Real Madrid e Barcelona na fraca liga espanhola.
Dizer que o Atlético-MG não vai conseguir manter este desempenho é de uma obviedade constrangedora. Não há nada de errado ou extraordinário nisso. O que não dá é para confundir e dizer que o Galo não tem capacidade para ser campeão brasileiro, por conta de aspectos místicos envolvendo o jejum de 40 anos sem títulos brasileiros ou por um suposto "pé frio" de Cuca. Isso sim dá aos jogadores, dirigentes ou torcedores razões para ficarem indignados. Este time já provou que tem totais condições, e é inclusive o maior favorito pelo que vimos até agora. É um clube com sede por grandes títulos, tem um treinador competente, um time muito organizado e um elenco qualificado.
O Atlético-MG, aliás, faz uma campanha tão excepcional que não precisaria manter este desempenho para ser campeão. Se a média do aproveitamento de todos os campeões de 2003 para cá for tomado como base para o que seria a pontuação necessária para o título em 2012, o número seria de 74 pontos. O Galo precisaria de mais 36 em 22 jogos - 54,5%. Poderia cair de rendimento em um terço - o equivalente ao que tem feito o rival Cruzeiro, por exemplo.
Aliás, não é só o Atlético-MG que dificilmente manterá o ritmo. Fluminense e Vasco também não devem seguir pontuando na média que têm obtido. De 2003 até 2011, somente uma entre todas as 190 campanhas das equipes que disputaram o Brasileirão supera a dos dois times cariocas em 2012 - o Cruzeiro de 2003, até hoje inigualável, e que talvez nem este incrível Galo consiga superar. Lesões, suspensões e adversários mais atentos e necessitados costumam fazer do returno sempre um campeonato mais disputado que o turno. E isso naturalmente fará os três da ponta de cima (e outros tantos) diminuírem o ritmo, sem motivo para indignação contra quem apenas constata o óbvio.
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