O possível

O Inter fez tudo o que esteve ao seu alcance em Belo Horizonte. Enfrentava o líder do Campeonato Brasileiro, estava repleto de desfalques e viu seu principal jogador ser expulso com meia hora de jogo. Dificilmente teria melhor sorte do que a que teve. Mesmo assim, jogou até o fim. O Atlético-MG só matou o jogo já nos descontos, o que não deixa de ser um elogio.

É bem verdade que o time não evoluiu nada com Dorival Júnior nos últimos meses, e nem mesmo as lesões, convocações ou o que quer que seja podem servir de desculpa para isso. Mas hoje não havia o que fazer. O Inter começou o jogo bem, encarando o Galo, apesar de tudo. Logo, a equipe de Cuca foi impondo sua maior qualidade e dominando a partida. A expulsão de D'Alessandro minou o que restava de chances de obter um resultado positivo (leia-se: empate). O argentino decepciona, e muito, em 2012.

O gol atleticano era questão de tempo, e veio com Guilherme, num azar de Muriel a la Carlos na Copa do Mundo de 1986. Com um a mais, o Galo tocava a bola com paciência, utilizava-se de Réver (ótima volta) como elemento surpresa, mostrava mecânica de jogo compreensivelmente muito superior. Quando Leonardo Silva ampliou a vantagem com seu golaço, no início do segundo tempo, a impressão era de que viria uma goleada.

Só que aí veio o gol de Fred, que recolocou o Inter no jogo. E o Colorado encarou o Atlético-MG, que se enervou com o gol sofrido. Sobrava abnegação, sobretudo ao onipresente Guiñazu, mas faltava qualidade. Jajá até tentou, mas Dagoberto, de quem muito se espera, ainda deve um par de atuações convincentes com a camisa rubra. Desde que chegou, contam-se nos dedos seus bons jogos.

O discurso de Luciano Davi após o jogo é perfeito: não dá para criticar a atuação do descontado time de ontem, mas a posição na tabela incomoda, sim. O Inter já está há 9 pontos do Atlético-MG. Está descontado, atuará muito desfalcado por mais um tempo, mas mesmo o campeonato por pontos corridos, por mais longo que seja, não permite tantos tropeços. Domingo há o Atlético-GO, lanterníssima, no Beira-Rio. Vitória mais que obrigatória. O que dá para fazer no momento é não se distanciar tanto do G-4 até que os reforços estreiem. Porque, se a diferença crescer ainda mais, nem com craque da última Copa em campo o jejum de 33 anos acaba.

Em tempo:
- Não dá para saber o que D'Alessandro disse ao fraquíssimo árbitro paulista. Tem que ser algo grave, ou a expulsão não se justifica. O fato de ele ter pedido desculpas ao elenco pela expulsão, revelado por Davi após o jogo, pode ser sintomático neste sentido. Certo, mesmo, é que depois da arbitragem de domingo, Marcelo Aparecido de Souza deveria ter pegado uma senhora geladeira. E não ser contemplado com mais um jogo, no mesmo estádio, para cometer possivelmente o mesmo tipo de erro.

Campeonato Brasileiro 2012 - 10ª rodada
18/julho/2012
ATLÉTICO-MG 3 x INTERNACIONAL 1
Local: Independência, Belo Horizonte (MG)
Árbitro: Marcelo Aparecido de Souza (SP)
Público: 19.181
Renda: R$ 763.245,00
Gols: Guilherme 46 do 1º; Leonardo Silva 15, Fred 19 e Escudero 46 do 2º
Cartão amarelo: Marcos Rocha, Réver, Pierre, Guiñazu e Dagoberto
Expulsão: D'Alessandro 37 do 1º
ATLÉTICO-MG: Victor (5,5), Marcos Rocha (7), Leonardo Silva (7), Réver (6,5) e Júnior César (6); Pierre (6,5) (Fillipe Soutto, 28 do 2º - 5,5), Leandro Donizete (6), Danilinho (5,5) (Escudero, 24 do 2º - 6) e Ronaldinho (6); Bernard (6,5) e Guilherme (6,5) (Leleu, 39 do 2º - sem nota). Técnico: Cuca
INTERNACIONAL: Muriel (6), Edson Ratinho (5,5), Bolívar (6), Índio (5) e Fabrício (4,5); Elton (5,5), Guiñazu (7), Lucas Lima (4,5) (Fred, intervalo - 5,5), D'Alessandro (3,5) e Otávio (4) (Mike, 18 do 2º - 5); Dagoberto (4) (Jajá, intervalo - 5). Técnico: Dorival Júnior