Água no chope holandês
Oswaldo de Oliveira não alterou o esquema botafoguense. Atuou em um 4-5-1 com três meias de movimentação. Sacou Andrezinho para a entrada de Seedorf. O holandês foi muito bem, dentro das possibilidades. Lembremos, hoje foi seu primeiro jogo nesta temporada, já que ele estava no calendário europeu. Aos 36 anos, jogou por 70 minutos e foi um oásis de correção em meio aos muitos erros de passe cometidos pelo Botafogo. Ainda por cima criou uma ótima chance, passando por Gilberto Silva e cruzando para Elkeson, que cabeceou desequilibrado para fora.
O problema é que o meio-campo do Grêmio jogou mais. O desempenho tricolor se dividiu em dois: antes e depois do gol de Marcelo Moreno. Com o placar em branco, o time de Vanderlei Luxemburgo foi mais sereno. Tinha menos posse de bola, mas era mais perigoso. Fernando e Souza foram perfeitos na contenção, Elano e Zé Roberto davam a qualidade ao toque de bola que o meio-campo tanto precisa. Leandro era perigosíssimo nas arrancadas (só Jefferson o parou, duas vezes) e Marcelo Moreno estava à espreita, incomodando os zagueiros.
Na etapa final, Luxa tirou Tony, amarelado, e colocou Anderson Pico, trazendo Pará para o lado direito. O Grêmio seguia um pouco melhor, até abrir o placar, em passe lindíssimo de Zé Roberto para o oportunista Moreno, que já se aproxima da artilharia do Campeonato Brasileiro. O Botafogo, então, veio com tudo para cima. Tinha dificuldades em penetrar na área gremista, mas chegava muito pelos lados e em bolas paradas. Vilson e Gilberto Silva tiraram quase todas. Quando não conseguia, Marcelo Grohe salvava. Quando nem o camisa 1 chegava, Léo Gago tirou em cima da linha.
Vendo que as chegadas de seu time eram mais pelos lados, Oswaldo fez o certo: colocou Rafael Marques (não aquele, claro), centroavante de carteirinha, e Andrezinho. Deu referência ao time e um ótimo batedor de bolas paradas. Seedorf, mais recuado no segundo tempo, iniciava as jogadas de ataque, mas cansou. Não faltou criação, tampouco qualidade. Faltou um pouco de sorte e tranquilidade. O Botafogo não jogou mal, mas perdeu para um adversário qualificado, concentrado e que errou menos que ele. Jogos assim são decididos mesmo nos detalhes.
O resultado conquistado pelo Grêmio é excelente. Foi muito melhor que a atuação da equipe no segundo tempo, embora a do primeiro tenha sido muito boa. O Tricolor não precisava ter abdicado do jogo tão cedo, talvez tenha sido seu único pecado no Engenhão. Depois de abrir vantagem, nem o contra-ataque mais tinha. Mas sobrou competência para os defensores e experiência na hora de segurar a vantagem.
A vitória de hoje, de certa forma, compensa a derrota para o Atlético-MG, no Olímpico, há três semanas: um resultado conquistado fora de casa sobre um concorrente direto. Que mantém o Grêmio na zona da Libertadores e lhe dá o embalo necessário para tentar quebrar a invencibilidade do Fluminense, outro rival de tabela, na próxima quarta-feira.
Em tempo:
- O gol de Fred no finzinho impede que o Grêmio ultrapasse o Fluminense caso vença o time das Laranjeiras na próxima rodada. Mas não deve ser suficiente para diminuir o entusiasmo dos gremistas, que devem comparecer em grande número ao Olímpico. Vamos ver se, desta vez, o estádio lotado dá sorte ao time.
- Grêmio quebra o tabu: primeira vitória no Engenhão. Nos sete jogos anteriores, foram dois empates e cinco derrotas.
Campeonato Brasileiro 2012 - 11ª rodada
22/julho/2012
BOTAFOGO 0 x GRÊMIO 1
Local: Engenhão, Rio de Janeiro (RJ)
Árbitro: Luiz Flávio de Oliveira (SP)
Público: 34.621
Renda: R$ 1.222.785,00
Gol: Marcelo Moreno 3 do 2º
Cartão amarelo: Marcelo Grohe, Tony, Zé Roberto e Leandro
BOTAFOGO: Jefferson (7), Lucas (6), Antônio Carlos (5,5), Fábio Ferreira (6) e Márcio Azevedo (5,5); Lucas Zen (5) (Willian, 37 do 2º - sem nota), Renato (5,5), Vítor Júnior (5,5), Seedorf (6) (Rafael Marques, 24 do 2º - 5,5) e Fellype Gabriel (5,5) (Andrezinho, 16 do 2º - 5,5); Elkeson (5). Técnico: Oswaldo de Oliveira
GRÊMIO: Marcelo Grohe (7), Tony (5,5) (Anderson Pico, intervalo - 5), Vilson (6), Gilberto Silva (6,5) e Pará (5,5); Fernando (6,5), Souza (6), Elano (6) (Marquinhos, 30 do 2º - 5,5) e Zé Roberto (7) (Léo Gago, 26 do 2º - 6); Leandro (6) e Marcelo Moreno (6,5). Técnico: Vanderlei Luxemburgo
Comentários
Aposto em vitória por dois gols contra o Fluminense...
belo jogo. mesmo quando o botafogo era todo pressao e o gremio nao conseguia nem encaixar um contra ataque, tava bonito de ver o grêmio se segurando, culminando naquela tirada providencial do recém entrado léo gago.
e é quase emocionante ver como sobe o nível do futebol brasileiro quando jogam tipos como seedorf, ÂNDERSON PICO, gilberto silva, elano e zé roberto: muito menos cai-cai, mais respeito, fair play, objetividade, pouca firula, menos pedido de cartao amarelo.
jogadores desse brasil, principalmente os mais jovens, têm muito o que aprender com essa turma.
Outra coisa: ver como jogadores com mais de 30 anos jogam muita bola se se cuidarem. Essa turma ajuda a acabar com esse preconceito imbecil e torna o futebol um pouco menos "físico" e muito mais qualificado. Por mais que, pra jogar bem nessa idade, tem que ter o físico bom. hehe
No primeiro tempo, o Seedorf cometeu uma falta sobre Elano que resultou num contra-ataque onde o Botafogo quase marcou um gol.
Arbitragem fraca, como sempre.
Lance do Vilson é interpretação.. até achei q bateu na mão, mas como eu disse, bateu...
A arbitragem é ruim e certos erros não podem acontecer, mas de fato, abolir os erros nunca conseguiremos... achei uma boa arbitragem, jogo correu bem...