Fazendo história

Diante de toda a loucura que tomou conta do Pacaembu por volta da última meia-noite, o zagueiro Leandro Castan falou uma das frases mais lúcidas entre todos os corintianos que comemoravam a classificação do seu time para a final da Taça Libertadores: "já estamos na história do Corinthians". É verdade. Nunca o Timão havia chegado tão longe. E há bala para andar ainda mais.

O Corinthians deu pinta de campeão nas quartas de final, quando derrotou o Vasco no finzinho do jogo de 180 minutos com um gol salvador de Paulinho, de cabeça, após cobrança de escanteio. Até antes disso, lá na estreia, quando empatou com o modesto Deportivo Táchira na última jogada da partida, evitando uma derrota traumática logo em seu começo de caminhada, já dava sinais de que estava focado em mudar o rumo de sua malfadada história em competições sul-americanas.

Ao contrário de outras épocas, este time do Corinthians funciona como coletivo. Entre 1998 e 2000, havia muitas estrelas, mas pouca união; em 2005 e 2006, muitas estrelas, mas também muita bagunça. Agora, não. É um time formado com critério, unido em torno de um projeto encabeçado magistralmente por Tite, que faz mais um grande trabalho em sua carreira cheia de bons trabalhos, mas pouco reconhecida pelos poucos títulos. É como o time campeão brasileiro de 1990, mas jogadores bem melhores que Tupãzinho, Guinei, Jacenir, Wilson Mano ou Márcio.

Cássio, formado na base do Grêmio, é tecnicamente um goleiro excelente; Leandro Castan e Ralf vieram do Barueri; Paulinho, do Bragantino. Todos são ótimos jogadores, fruto de observação de mercado, nada de gastar aos borbotões. Liedson, Jorge Henrique, Danilo e Alex, estes sim bem mais caros, são jogadores de qualidade. Não brilhantes, como Neymar, mas atuam com sentido coletivo de forma perfeita. O Corinthians é um time como poucos porque é verdadeiramente um time. Um coletivo de atletas que transpira os mesmos objetivos o jogo todo. Aliando isto à qualidade individual da maioria de seus jogadores, torna-se dificílimo de ser batido.

Ontem, o brilhantismo individual de algumas peças santistas não foi suficiente. O Santos teve muito mais posse de bola, mas ela era de intermediária. Neymar raramente ganhava uma de Alessandro. Ganso foi mais uma vez nulo. Indicá-lo como segundo melhor jogador em atividade no país é um despautério. Em três anos e meio de carreira foi um jogador que mereceu de fato este rótulo por apenas seis meses, no começo de 2010. A prova de que o Peixe levou menos perigo que o Timão foi a atuação destacada do goleiro Rafael. Cássio, embora seguro, participou bem menos.

Seja contra Boca Juniors ou Universidad de Chile, o Corinthians é o favorito a ganhar esta Libertadores. Não é porque seja tecnicamente muito melhor que argentinos ou chilenos, nada disso. É porque é um time que sabe que para ganhar a Libertadores não basta ser muito melhor tecnicamente que argentinos ou chilenos.

Em tempo:
- Semifinal de Libertadores, clássico regional, sem cartões amarelos. Raridade.

Taça Libertadores da América 2012 - Semifinais - Jogo de volta
20/junho/2012
CORINTHIANS 1 x SANTOS 1
Local: Pacaembu, São Paulo (SP)
Árbitro: Leandro Vuaden (BRA)
Público: 37.978
Renda: R$ 2.599.702,50
Gols: Neymar 35 do 1º; Danilo 2 do 2º
CORINTHIANS: Cássio (6), Alessandro (6,5), Leandro Castan (6), Chicão (7) e Fábio Santos (6); Ralf (7), Paulinho (7), Alex (6,5) e Danilo (7,5); Jorge Henrique (6,5) e Willian (5,5) (Liedson, intervalo - 6). Técnico: Tite
SANTOS: Rafael (7), Henrique (5,5), Edu Dracena (5,5), Durval (4,5) e Juan (4,5) (Léo, 29 do 2º - 5); Adriano (6) (Elano, 29 do 2º - 5,5), Arouca (6) e Ganso (3,5); Alan Kardec (5,5), Borges (5) (Dimba, 34 do 2º - sem nota) e Neymar (6). Técnico: Muricy Ramalho


Comentários

Lique disse…
se o coringao for campeao da libertadores vou dar de presente pro meu único amigo corinthiano de verdade a camisa 8 da KALUNGA que eu tenho lá em poa.

CHORA, EMBÚ.