A estrela do chiquilín
Mas o Corinthians ainda não é campeão, longe disso. Mostrou estrela de quem vai ganhar a América, mas poderia ter jogado mais futebol, embora a estratégia tenha funcionado. O Boca Juniors dominou a maior parte do jogo. Mostrou que tem tanta qualidade quanto o Timão, e que a Bombonera é apenas mais um ingrediente que o torna um time forte. Aliando isso a nomes experientes como Schiavi, Clemente Rodríguez, Riquelme e Santiago Silva, é fácil perceber que temos um time que não tremerá no Pacaembu e pode, muito bem, estragar o sonho corintiano semana que vem.
O primeiro tempo foi parelho. O Boca tentou impor seu ritmo de jogo, mas o Corinthians se defendia muito bem. Compacto, o Timão segurava os argentinos com uma forte marcação e muita eficiência no jogo aéreo. Erviti, Riquelme e Ledesma tentavam tabelar, mas o bloqueio era feroz. Faltava, porém, saída para contra-golpear. Isso manteve os xeneizes no campo de ataque quase o tempo todo, mas as chances foram raras.
No segundo tempo, a história foi outra. Decidido a vencer o jogo, o Boca adiantou sua marcação e isolou os atacantes do Corinthians, que ficou partido em dois: Alex, Danilo, Emerson e Liedson na frente, o resto do time atrás. A defesa corintiana é tão boa que o time sofreu apenas um gol no segundo tempo, onde atuou, na prática, num 4-2-4 desguarnecido. A pressão vinha por todos os lados, mas principalmente nos movimentos de Riquelme.
O Boca é um dos times que mais sabe ler o jogo, e isso é um padrão que se mantém por anos. Em 2007, por exemplo, logo após a expulsão de Sandro Goiano, o time partiu com tudo para matar o Grêmio, pois sabia que aquele era o momento. Hoje foi parecido: vendo o Corinthians acuado, a pressão aumentava, a ponto de se tornar insustentável aos 27, quando Roncaglia abriu o placar, enlouquecendo a Bombonera.
Tite ficou entre a cruz e a espada: ficava atrás buscando segurar a desvantagem mínima ou tentava o empate? Seja qual fosse a alternativa, o risco seria grande: ficando atrás, a pressão do Boca aumentaria, e mais gols poderiam sair; atirando seu time para cima, poderia torná-lo mais vulnerável. A avaliação durou 10 tensos minutos, quando ele resolveu apostar na imprevisibilidade, chamando Romarinho no lugar de um engessado Danilo. Três minutos depois, Paulinho, sempre o elemento surpresa, arrancou, deu a Emerson, que achou Romarinho num passe genial. A conclusão teve a frieza típica do xará mais famoso do guri. Tite acertou em cheio.
O empate é excepcional resultado, especialmente pelas circunstâncias, mas a Libertadores está ainda muito longe de uma definição. O pior, que era jogar na Bombonera, já passou. Mas se o Corinthians acreditar nisso estará dando o primeiro passo para a decepção em São Paulo. O Boca é um adversário duríssimo de ser batido, e só vencendo o Timão conquista o título. O Corinthians precisará jogar mais que hoje para ganhar a América. Do contrário, o time azul e ouro da beira do Prata eliminará mais um rival fora de casa, como Unión Española, Fluminense e Universidad de Chile já provaram. Mesmo sem a Bombonera a seu lado.
Em tempo:
- Destaques no Corinthians para a dupla de zaga, Paulinho (criou as duas chances da equipe e jogou demais) e Emerson, perigoso, catimbeiro e genial no gol de Romarinho.
Taça Libertadores da América 2012 - Final - 1º jogo
27/junho/2012
BOCA JUNIORS 1 x CORINTHIANS 1
Local: Bombonera, Buenos Aires (ARG)
Árbitro: Enrique Osses (CHI)
Público: não divulgado
Gols: Roncaglia 27 e Romarinho 40 do 2º
Cartão amarelo: Roncaglia, Riquelme e Chicão
BOCA JUNIORS: Orión (6), Roncaglia (7), Schiavi (6,5), Caruzzo (6) e Clemente Rodríguez (6,5); Somoza (6), Ledesma (5) (Rivero, 37 do 2º - sem nota), Erviti (6) e Riquelme (6,5); Mouche (5,5) (Cvitanich, 42 do 2º - sem nota) e Silva (6,5) (Viatri, 39 do 2º - 6). Técnico: Julio Cesar Falcioni
CORINTHIANS: Cássio (6), Alessandro (5,5), Chicão (7), Leandro Castan (7) e Fábio Santos (5,5); Ralf (6), Paulinho (7), Danilo (5) (Romarinho, 40 do 2º - 8) e Alex (5,5) (Wallace, 46 do 2º - sem nota); Jorge Henrique (5) (Liedson, 39 do 1º - 5) e Emerson (7). Técnico: Tite
Comentários
Acho q o Corinthians merece o título, mas acho tb que a parada está longe de estar encaminhada...
P.S. Aquela cabeçada na trave nos acréscimos deveria ter entrado...