Como nunca antes
Foi um jogo com todos os ingredientes de uma grande decisão. Corinthians e Vasco, após o absoluto equilíbrio no Campeonato Brasileiro do ano passado e o disputado empate sem gols de São Januário, enfim, decidiriam quem permaneceria vivo. Quem precisa de um jogo cheio e lances de gol para se empolgar? Afinal, era impossível não entrar no clima tenso de uma partida onde cada lance era disputado como se estivéssemos aos 47 do segundo tempo.
Com cada jogador dando o seu máximo em campo, como pede a Libertadores, o primeiro tempo teve raros lances de perigo. O principal ocorreu aos 31 minutos, um ensaio do momento que decidiria o jogo: levantamento na área, cabeçada de Paulinho e defesa espetacular de Fernando Prass. O Corinthians tinha um pouco mais de volume de jogo, mas os domínios eram alternados. Os articuladores e atacantes não levavam vantagem sobre os volantes e zagueiros. Aliás, todos eram um pouco volantes e zagueiros.
No segundo tempo, a tensão era ainda maior. Qualquer gol era vantagem absurda, valia diamante. Um do Vasco, então, obrigaria o Corinthians a virar. Eis a gravidade do gol perdido Diego Souza, aos 18: ele aproveitou erro de Alessandro e arrancou sozinho desde o meio-campo. Na conclusão, Cássio fez um milagre: de tapinha, mandou para escanteio. O jovem goleiro, ainda não vazado na Libertadores, começa a virar mito. O Corinthians, enfim, tem goleiro à altura de um time que quer o maior título do continente. E Diego Souza perdia a bola do jogo - embora os méritos sejam todos do arqueiro corintiano.
A seguir, Nilton cabeceou na trave. O desespero de Cristóvão se justificava. Dali em diante, o Corinthians mandou no jogo, mas qualquer contra-ataque, como o puxado por Diego Souza, podia ser fatal. Mesmo sem Tite, expulso, o Timão manteve a firmeza e a os nervos no lugar. No finzinho, aos 42, quando todos já previam os pênaltis, o monstro Paulinho, sempre ele, fez o que Prass evitara no primeiro tempo: subiu livre e, de cabeça, fez o gol da classificação.
Paulinho e o Pacaembu vibraram como se fosse um título. E, de certa forma, foi. O Corinthians chega às semifinais da Libertadores pela segunda vez na história. Mas, mais que isso, demonstrou todas as qualidades requeridas a alguém que busca o título da Libertadores. Não que o time não vá jogar pressionado a partir de agora, mas o grande passo foi dado ontem. E o foco é total: após a comemoração, Paulinho falava que o time "apenas deu um passo adiante". Perfeito. É muito foco. Mas Boca, Universidad de Chile, Santos e Vélez, para não falar no Libertad, ainda podem perfeitamente estragar a festa. São times preparadíssimos também, de uma excepcional Libertadores.
O Vasco foi um adversário digníssimo, que só valorizou a classificação corintiana. Foi uma derrota no detalhe, depois de confrontos dotados de um equilíbrio poucas vezes visto na história recente da Libertadores. Com a possibilidade de concentrar-se no Brasileirão, o time cruz-maltino tem boas chances de retornar à competição no ano que vem. E aí, com reforços e ainda mais cascudo pela experiência de 2012, incomodar ainda mais do que conseguiu este ano.
Taça Libertadores da América 2012 - Quartas de Final - Jogo de volta
23/maio/2012
CORINTHIANS 1 x VASCO 0
Local: Pacaembu (São Paulo)
Árbitro: Leandro Vuaden (BRA)
Público: 37.936
Renda: R$ 2.723.055,00
Gol: Paulinho 42 do 2º
Cartão amarelo: Alessandro, Paulinho, Jorge Henrique, Emerson, Renato Silva, Éder Luís e Nilton
Expulsão: Juninho 49 do 2º
CORINTHIANS: Cássio (8), Alessandro (5), Chicão (6), Leandro Castan (6,5) e Fábio Santos (5,5); Ralf (6), Paulinho (8,5), Jorge Henrique (5,5) (Willian, 24 do 2º - 5,5), Danilo (5,5) e Alex (6); Emerson (6) (Liedson, 33 do 2º - sem nota). Técnico: Tite
VASCO: Fernando Prass (7), Fagner (5,5), Renato Silva (6), Rodolfo (6,5) e Thiago Feltri (5,5) (Felipe, 4 do 2º - 5,5); Nilton (6), Rômulo (6), Juninho (5) e Diego Souza (5,5); Éder Luís (5,5) (Carlos Alberto, 24 do 2º - 5) e Alecsandro (5). Técnico: Cristóvão Borges
Comentários
Sobre ontem: impossível falar do jogo sem referencia ao lance de Diego Souza, lance capital. Méritos de Cássio, certamente, excelente goleiro. Mas faltou calma para D.Souza, ele não deu uma "balançada" na frente do arqueiro, não tentou enganá-lo... parece que era só mais um lance de um jogo qualquer.
Boca se classifica como devem se classificar os grandes campões: num gol cagado, ao final do jogo, após não merecer em momento algum da partida o resultado.
O Corinthians tem chances boas, sim. Mas não me sinto tão inclinado assim a colocá-lo como principal candidato. A fórmula de jogo deles é competente, mas envolve riscos - do mesmo modo que ganham jogos no detalhe, estariam perdidos se a bola do Diego Souza entra, por ex. É um time que joga sério, joga bem, mas que dificilmente reagirá com qualquer abalo que seja a sua regularidade. E convenhamos que levar 2 gols do Santos em 45mins não é absurdo para time nenhum, por ex.
Torço por La U, para mim a equipe mais CORRETA desta Libertadores. Mas acho que sai de Santos x Vélez o candidato mais forte ao título.
E como li por aí: a camisa xeneize, posta no varal, entorta o arame ou rasga a corda. Pesa pra dedéu. E isso na Libertadores conta.