Aperitivo para não dar medo

A prévia da semifinal da Copa do Brasil foi um jogo que, provavelmente, vai se parecer com o que ocorrerá daqui a 17 dias, no Olímpico: um Grêmio insistente, em cima, contra um Palmeiras fechado e buscando um empatezinho para decidir em São Paulo. E, a julgar pelo que ocorreu hoje, embora a disputa prometa ser intensa, os gremistas não têm muito o que temer.

Felipão tem em mãos um time aplicado, mas cheio de jogadores medianos. Dos que começaram o jogo, somente Marcos Assunção, pelas cobranças de falta, e Barcos, têm capacidade para decidir uma partida. Em campo, sua equipe foi dominada pelo Grêmio quase que o tempo todo. Somente uma chance real de gol foi criada, quando Barcos ganhou de Naldo e obrigou Victor a uma grande defesa no início do segundo tempo. Isso dá uma perspectiva animadora que tem o time gaúcho para o mata-mata da Copa do Brasil.

Mais uma vez, o Grêmio mostrou intensidade de marcação o jogo todo. Falta a este time um jogador tecnicamente acima da média que decida - ele é Kleber, que deverá atuar nas semifinais. Sem ele, o Grêmio é uma equipe que tem na aplicação sua maior qualidade. Mas é uma grande qualidade. A marcação gremista é muito forte, em todos os lugares do campo, e o jogo todo. O excelente preparo físico do time cobra seu preço - Miralles é mais um lesionado - mas tem sido fundamental nas recentes vitórias.

O que não anima para um mata-mata são os constantes erros de pênalti. Hoje, se Léo Gago tivesse convertido, o placar final poderia ter sido menos apertado. Até aquele momento, o Grêmio era dono absoluto do jogo e merecia a vitória. Mas o erro fez o time e principalmente Léo Gago sentirem. O Grêmio continuou melhor que o Palmeiras, mas o jogo já era mais parelho; o camisa 8 passou a errar praticamente tudo o que tentou. Atuação compensada pela ótima partida de Souza, sua melhor desde que chegou ao Olímpico.

Inteligente, Felipão viu que Barcos era completamente anulado por Gilberto Silva e colocou-o para jogar em cima de Naldo no segundo tempo. Funcionou só uma vez, mas de resto o camisa 4 gremista também esteve bem. O Grêmio da etapa final já não era tão intenso e tão ofensivo, carecia de velocidade no meio. Marco Antônio, apagado, deu lugar a Rondinelly, que deu leveza e vitória pessoal à meia-cancha. O gol veio na bola parada, com André Lima, que merecia, pelo bom jogo e grande dedicação demonstrados. Luxemburgo então tirou Moreno e pôs Vilson, quando talvez o melhor teria sido tirar o perdido Léo Gago. Chamou o Palmeiras para cima, mas a limitação alviverde, mesmo com Valdívia e Maikon Leite, era evidente.

Não foi uma grande partida do Grêmio, mas o suficiente para ficar claro que é um time melhor que o Palmeiras. Um jogo feio, muito disputado, e que acabou sendo mais difícil do que deveria por conta de alguns erros do próprio time de Luxemburgo - coisas que não podem acontecer num mata-mata.

Campeonato Brasileiro 2012 - 2ª rodada
27/maio/2012
GRÊMIO 1 x PALMEIRAS 0
Local: Olímpico Monumental, Porto Alegre (RS)
Árbitro: Marcelo de Lima Henrique (RJ)
Público: 22.610
Renda: R$ 386.014,00
Gol: André Lima 26 do 2º
Cartão amarelo: Fernando, Rondinelly, Vilson e Marcos Assunção
GRÊMIO: Victor (6), Gabriel (5), Naldo (6), Gilberto Silva (7,5) e Pará (5,5); Fernando (6), Souza (7), Léo Gago (4) e Marco Antônio (4,5) (Rondinelly, 18 do 2º - 5,5); Miralles (5,5) (André Lima 33 do 1º - 6,5) e Marcelo Moreno (5,5) (Vilson, 30 do 2º - 5). Técnico: Vanderlei Luxemburgo
PALMEIRAS: Bruno (6), Cicinho (5), Henrique (5,5), Leandro Amaro (5,5) e Fernandinho (4); Márcio Araújo (5), Marcos Assunção (5) (Betinho, 34 do 2º - sem nota), João Vítor (4,5) e Felipe (4) (Valdívia, intervalo - 5); Luan (4) e Barcos (5,5) (Maikon Leite, 25 do 2º - 5). Técnico: Luiz Felipe Scolari


Comentários

Anônimo disse…
Não sei não... Acho difícil que o Palmeiras venha da mesma forma para o 1ª jogo da semifinal. O bom (pelo menos na teoria) é que o Valdívia não joga esse 1º jogo, mas o Grêmio vai ter que fazer mais do que fez hoje para passar em dois jogos.

- Eu também achei um erro a entrada do Vilson no lugar do Moreno; antes disso o Palmeiras mal conseguia chegar e foi a partir dessa troca que eles começaram a se aproximar da grande área no fim da partida.

- Se o Souza ou qualquer outro perder um gol daqueles numa semifinal de CB a coisa vai ficar séria.

- O juiz só não deu o pênalti do G. Silva no final porque não quis. Foi literalmente na frente dele, sem que nenhum jogador encobrisse a sua visão. O nível da arbitragem continua baixo, e se hoje isso favoreceu o Grêmio pode acontecer o oposto na CB. Não que eu acredite num complô a favor de um ou de outro time: é só a constatação de que a arbitragem daqui é fraca e acaba influenciando o resultado das partidas. E num mata-mata isso pode ser a diferença entre o título e a eliminação.

Obrigado,
Tiago.
Lourenço disse…
É óbvio que a atmosfera de uma semifinal de Copa do Brasil é diferente de ontem. É óbvio que o Grêmio ainda é um time não consolidado, e mesmo consolidado é um time mediano/bom. É óbvio que o Palmeiras pode tirar o Grêmio. Mas nada disso muda o fato de que o Palmeiras é um time mediocre, e o jogo de ontem deixou isso bem claro.
Anônimo disse…
Esse Barcos parece ser mais jogador que o Moreno hein.