Podia ser melhor
O primeiro tempo foi mais carioca. O Inter tinha mais posse de bola, mas exibia a mesma imensa dificuldade de criar que teve no jogo contra o Santos, onde também não teve D'Alessandro e Oscar. A marcação, ao menos, foi bem sempre. Mas o Flu, aos poucos, apresentou um toque de bola que envolveu o Colorado e passou a jogar no campo rubro. Faltava, porém, ser mais incisivo. Se tivesse transformado a melhor atuação em jogadas mais efetivas, a história do jogo teria sido outra.
O vestiário fez bem ao Inter. Com Fabrício e Jajá acesos nos lugares dos lesionados e apáticos Kleber e Dagoberto, o time gaúcho pressionou nos minutos finais como fazem os grandes mandantes num mata-mata. Fez, em 10 minutos, mais que em toda a primeira etapa. Nunca na criação, pois o time não teve qualidade para tal: a imposição era na raça, no abafa, na ocupação de espaços quase que desordenada, mas o Flu sentiu. Aos 10, o grotesco pênalti de Edinho em Leandro Damião era tudo que o time de Dorival Júnior mais queria. Mas Dátolo desobedeceu o técnico, que queria Nei batendo, e errou, assim como em Ijuí. É um mau batedor, o argentino. Méritos para o ótimo Diego Cavalieri.
O Inter seguiu melhor, embora a pressão tenha diminuído, até porque era impossível manter o ritmo intenso. Algumas atuações individuais merecem menção: Sandro Silva foi o melhor de todos. Marcou Deco com afinco, e o meia do Flu não fez má partida. Nei teve boas subidas pela direita e protagonizou um bom duelo com o seguro Carlinhos. No segundo tempo, a briga no outro lado, entre Fabrício e Bruno, também foi boa. Rodrigo Moledo comió Fred todo, outra boa atuação. Todos os destaques, porém, foram coadjuvantes. Explicam o 0 a 0.
Faltou Dagoberto, que saiu lesionado. Jajá entrou e melhorou o time porque é voluntarioso, embora seja um jogador limitado tecnicamente. Fabrício deu a vitalidade ao lado direito que Kleber não conseguia dar. Mas Dátolo jogou pouco, Guiñazu idem. Leandro Damião tentou enfeitar mais de uma vez fora de hora. Em decisão, aliás, nunca é hora. Nada que retire os méritos de Gum, que teve atuação soberba por cima e por baixo, nas antecipações.
O resultado, repito, não é ruim para o Inter. Um empate no Rio, se tiver gols, o classifica. O problema é conseguir este placar. Hoje, Thiago Neves, Rafael Sobis e Fred foram muito mal - méritos da marcação rubra, mas atuações pobres também. É raro que os três joguem mal como hoje. O Flu precisa de uma vitória simples e tem um elenco e time superiores. Mesmo fazendo má partida, não perdeu. Mas não marcou gols, o que é sempre um problema no mata-mata com saldo qualificado.
Taça Libertadores da América 2012 - Oitavas de Final - Jogo de ida
INTERNACIONAL (0): Muriel; Nei, Rodrigo Moledo, Índio e Kleber (Fabrício); Sandro Silva, Guiñazu, Tinga, Dátolo (Jô) e Dagoberto (Jajá); Leandro Damião.
Técnico: Dorival Júnior
FLUMINENSE (0): Diego Cavalieri; Bruno, Gum, Anderson e Carlinhos; Edinho, Diguinho (Jean), Deco, Thiago Neves (Lanzini) e Rafael Sobis (Marcos Júnio); Fred.
Técnico: Abel Braga
Local: Estádio Beira-Rio, Porto Alegre (RS); Data: quarta-feira, 25 de abril de 2012, 21h50; Árbitro: Paulo César de Oliveira (Brasil); Público: 32.268; Renda: R$ 1.027.010,00; Cartão amarelo: Tinga, Sandro Silva, Guiñazu, Nei, Rafael Sobis, Edinho e Deco
PRÓXIMOS JOGOS
Internacional x Grêmio - Gaúcho - domingo, 29/04, 16h - Beira-Rio, Porto Alegre (RS)
Fluminense x Botafogo ou Vasco - Carioca - domingo, 06/05, 16h - Engenhão, Rio de Janeiro (RJ)
Comentários
O grande duelo foi do Sandro Silva com o Deco. O Deco, ainda que não tenha decidido o jogo nem nada, desfilou um talento que não depende de forma física, semelhante ao Verón dos últimos anos. Sandro Silva, mesmo não tendo impedido Deco de ser o melhor do Flu, é muito bom marcador.