Não é coincidência

A discussão que se fez após a goleada do Grêmio sobre o Novo Hamburgo era se tinha esta sido a melhor atuação do Tricolor no ano ou no Gre-Nal. Cada um tem sua opinião: no clássico, o adversário era de alto nível, foi batido em sua casa e o Grêmio jogou bem o tempo todo; hoje, foi contra um rival mais fraco, mas o placar foi elástico, e o segundo tempo, arrasador. O que é indiscutível é que foram estas as duas melhores atuações gremistas em 2012. E o que há em comum nelas?

O meio-campo. Fernando, Souza, Léo Gago e Marco Antônio deram equilíbrio ao Grêmio no clássico, e Luxemburgo quis testar para ver se era coincidência ou não. Ficou provado: trata-se de um modelo de time que deixa o time firme na marcação (foi o segundo jogo sem levar gol no ano, e Victor foi quase um espectador da partida) e, dada a característica dos volantes, não faz a equipe perder em chegada à frente. Foi exatamente o que se viu também hoje, especialmente no segundo tempo.

Mas há um porém, e ele atende pelo nome de Facundo Bertoglio. Luxemburgo faz bem em baixar a bola de todos que já enxergam no argentino um quase ídolo dos gremistas, mas é fato que ele será titular em muito breve. A justificativa para não ter começado o jogo de hoje foi bastante aceitável: foi a primeira chance que Luxa teve de escalar a meia-cancha descoberta por Roger no Beira-Rio. Marco Antônio, que seria o sacado no caso de Bertoglio entrar, fez ótimo segundo tempo, com duas assistências. É um jogador que vem aos poucos se afirmando.

No entanto, é impossível ignorar que Bertoglio vem passando como um trator por cima da concorrência. Em 30 minutos hoje, repetiu o desempenho de quarta, com uma assistência e um gol. No tento assinalado por Fernando, iniciou a jogada com um corta-luz genial, se projetou à frente e não foi fominha, servindo o companheiro quando poderia muito bem ter batido. Somando Cerâmica, River e Noia, o argentino atuou 94 minutos. Participou de quatro gols, sendo o autor de dois. Merece iniciar partidas, até para não pegar fama de jogador de segundo tempo. Hoje, atuou um pouco mais avançado, numa linha de três meias com Marquinhos e Marco Antônio, pela esquerda. Teve ótima participação.

Outro que foi muito bem enquanto jogou foi André Lima. Homem mais perigoso no primeiro tempo, fez um gol num momento importantíssimo (é mais fácil administrar resultado sob 37ºC que correr atrás sob 37ºC) e iniciou o segundo num lançamento primoroso para Marco Antônio achar Kleber na área. A estreia de Werley foi discreta: pela ótima partida dos volantes, a zaga pouco teve trabalho. A partida anêmica do Noia foi também mérito do Grêmio, mas o time de Itamar Schülle mesmo assim decepcionou. Clayton, por exemplo, foi bem controlado e não fugiu da marcação.

O Grêmio visivelmente cresce, embora a má atuação em Aracaju não possa ser esquecida. Mas já é a terceira vitória seguida, o que não acontecia desde outubro, e cinco jogos de invencibilidade, melhor sequência desde fevereiro de 2011. Os números, porém, pouco importam. O que fica de positivo é que as duas melhores partidas disparadas do time foram com a mesma meia-cancha. Não precisam necessariamente serem estes os homens, mas já há um modelo de time que parece confiável. Quando este tipo de coisa toma forma, as individualidades aparecem mais, e a equipe ganha força. Com a herança de Roger, Luxemburgo começa a mostrar os primeiros sinais de um bom trabalho na Azenha.

Campeonato Gaúcho 2012 - Taça Farroupilha - Grupo 2 - 2ª rodada
11/março/2012
GRÊMIO 5 x NOVO HAMBURGO 0
Local: Olímpico Monumental, Porto Alegre (RS)
Árbitro: Anderson Daronco
Público: 17.598
Renda: R$ 234.818,50
Gols: André Lima 5 do 1º; Kleber 8, Souza 22, Fernando 38 e Bertoglio 41 do 2º
Cartão amarelo: Léo Gago, Márcio Hahn, Luís Henrique e André Paulino
GRÊMIO: Victor (6), Gabriel (6,5) (Pará, 44 do 2º - sem nota), Werley (5,5), Gilberto Silva (5,5) e Júlio César (5,5); Fernando (6,5), Souza (7) (Marquinhos, 30 do 2º - 5,5), Léo Gago (6) e Marco Antônio (6,5); Kleber (6,5) e André Lima (7,5) (Bertoglio, 19 do 2º - 7,5). Técnico: Vanderlei Luxemburgo (8)
NOVO HAMBURGO: Eduardo Martini (4), Pedro Silva (5) (Paulinho Macaíba, 15 do 2º - 4), Alexandre (4), André Paulino (4) e Luís Henrique (4,5) (Pedrinho, intervalo - 4); Márcio Hahn (4,5) (Dimitri, 27 do 2º - 4,5), Zaquel (4,5), Chicão (5) e Clayton (4,5); Juba (4,5) e Mendes (4). Técnico: Itamar Schülle (3,5)


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