Estopim para discussões
A confirmação da fratura no tornozelo de Kleber é a pior notícia recebida pelos gremistas nestes 3 meses quase completos da temporada 2012, de longe. Principal atacante do elenco até o momento, o Gladiador não fará falta apenas por ser um grande jogador, mas especialmente porque fazia um excelente começo de ano, com gols, assistências, tabelamentos e poucas polêmicas.
A lesão, na melhor das hipóteses, comprometerá o primeiro semestre gremista. Se forem os 3 meses tão "sonhados", Kleber volta no final de junho. É tempo de pegar as semifinais da Copa do Brasil. Mas é uma hipótese muito otimista, e a única onde o Gladiador ainda pode ser útil na principal competição do começo de temporada. Na pior das hipóteses, ele retornaria apenas no fim de setembro. Seria na 27ª rodada do Brasileirão. Perderia todo o turno e metade do returno.
Nem tudo, porém, está perdido. Há um substituto que promete, dentro do próprio elenco, e ele atende pelo nome de Facundo Bertoglio. O argentino só jogou de fato como um atacante até agora, por sua característica pessoal de drible, aproximação e arremate. Pode fazer uma ótima dupla com Marcelo Moreno. A direção, se quiser, não precisa ir atrás de outro atacante - Leandro pode ser um reserva útil. Mas terá de fazer duas coisas: a primeira, é procurar investidores para contratar Bertoglio no final de junho, quando se encerra o empréstimo; a segunda, é procurar um meia em nível de titularidade. Afinal, Bertoglio não será mais concorrente de Marco Antônio. E depender deste último e de Marquinhos é muito pouco para quem almeja títulos de expressão na temporada.
Culpar o Gauchão pela lesão de Kleber é tentador, mas pouco ajuda. O Gladiador é, disparado, o jogador que mais sofreu faltas no estadual. Mas Kleber sempre foi o jogador mais caçado, ou um dos mais caçados, em qualquer competição que dispute, seja Brasileiro ou até Libertadores. Seu estilo de jogo procura o contato físico, chama a falta. O que faltou, realmente, foi a arbitragem do jogo de ontem (e de outros jogos) coibir com punições mais severas as infrações mais violentas cometidas na partida. Aliás, não só a arbitragem: a agressão de Leandro Damião contra o jogador do Santa Cruz nem ao menos suspendeu o centroavante colorado por um jogo sequer. Trata-se, apenas, do exemplo mais claro de que falta pulso firme à FGF nestes casos mais extremos.
A lesão de Kleber pode ajudar, apenas, se for o estopim para uma discussão aprofundada a respeito do modo como o Gauchão é pensado e disputado. Não se trata de extingui-lo, mas no mínimo repensá-lo. Para que tantos jogos (são 23 datas!)? Será que a causa de tantas partidas com estádios vazios não está na fórmula da competição? Será que esta fórmula realmente é boa? Ela, na verdade, só incha o calendário. No meio de semana, Grêmio e Internacional poderão se classificar com duas rodadas de antecipação aos mata-matas. Duas entre sete rodadas. Ou seja: 30% dos jogos desta primeira fase serão dispensáveis para a Dupla. É como um time vencer o Brasileirão com 11 rodadas de antecedência. É, em suma, demais. Aliás, ter estaduais até a metade de maio é demais. Deveriam ser reduzidos, no mínimo, em 30 dias.
O pensamento estreito de Francisco Noveletto, no entanto, me deixa pessimista em relação a mudanças. Ele próprio disse, numa frase absolutamente contraditória, que é a favor de uma discussão sobre a fórmula do nosso estadual, desde que ela permaneça a mesma. Mas podemos, ao menos, discutirmos bastante. Às vezes, a pressão da opinião pública força mudanças. É uma pena que elas só venham em casos extremos, como a fratura no tornozelo da maior contratação do estado na temporada em um jogo absolutamente irrelevante.
Comentários
Mas o Grêmio deveria abandonar o Gauchão enquanto esse colorado for presidente da federação (ouvi ele agora a pouco no rádio e só fiquei com mais nojo).
Há anos a FGF, os árbitros e a imprensa tem sido tendenciosos em favor do Inter. Se o Grêmio não radicalizar, nada vai mudar.
O que precisa, sim, é diminuir o número de jogos do Gauchão. Não adianta também chegar em abril com ritmo de jogo, mas com titulares gravemente lesionados. É o outro extremo da ferradura.
Da mesma forma, pedirei a cabeça de Leandro Vuaden em uma bandeja, posto que há tempos está proibido dar descontos em jogo do Grêmio.