Pé no freio

O Corinthians desistiu de Montillo. O Internacional recebeu um "não" do Werder Bremen ao tentar repatriar Naldo. O CSKA Moscou chegou a ironizar a tentativa do Flamengo de buscar Vagner Love. O Dnipro, dias atrás, considerou a proposta do Grêmio por Giuliano insuficiente.

A quinta-feira foi de recusas no mercado da bola. É ótimo ver os times brasileiros pensando grande, buscando ótimos jogadores, muitos deles jogando na Europa. Mas não deixa de ser preocupante também as cifras que circulam por aí: os R$ 18 milhões investidos por um Grêmio que, até pouco tempo atrás, andava falido; os R$ 24 milhões que o Corinthians chegou perto de pagar para ter Montillo; os pedidos de empréstimo por jogadores, nos quais os clubes detentores dos passes receberiam alguns milhões. Cogitações sobre Tevez, Rafa Marquez. Isso sem falar em salários estratosféricos.

O futebol brasileiro recuperou seu bom nível justamente por ter colocado os pés no chão na metade da década passada. Clubes que optaram por investir nas categorias de base e em projetos profissionalizados, como São Paulo, Santos e Internacional, colheram os frutos com títulos. Outros, que optaram por parcerias milionárias, como Corinthians, Palmeiras, Grêmio e Atlético Mineiro, até ganharam aqui e ali, mas sofreram dificuldades e caíram para a Série B. Com exceção do Timão, terminaram 2011 com péssimos resultados.

É ótimo ver os clubes com saúde para buscar lances mais ousados. Não peço que se busque apenas o "bom e barato", o negócio de ocasião, a mediocridade. Ousar é maravilhoso, e quem ousa tende a sair na frente sempre. Mas também é bom colocar os pés um pouco no chão. Não será muito cedo para alçar voos tão altos? As recusas nas negociações mais recentes, elencadas no primeiro parágrafo, podem indicar que sim.

A conta veremos daqui a alguns anos. A dissolução do Clube dos 13 em favor de um modelo de negociação de direitos de TV retrógrado e apenas ilusoriamente favorável aos clubes será a principal culpada se as vacas magras, um dia, voltarem.

Comentários

Anônimo disse…
Fartura? Só se for financeira mesmo. Porque a máfia e a incompetência continuam as mesmas. E se os clubes europeus não estão podendo pagar, é porque a coisa lá anda preta, ops, digo, afrodescendente...

Pra eles deve ser horrível esse nosso complexo de pedigree. Sobretudo quando ele se transforma em complexo de vira-lata em questão de momentos (vide Barcelona).