Um time que tinha que entrar para a história
A LDU, experiente e copeira, não foi páreo. Só teve duas ou três conclusões perigosas, no segundo tempo, sempre na iniciativa pessoal de Barcos. Não tem mais a dinâmica de outros tempos, mas mesmo assim é um time de respeito, que eliminou o bom Vélez com duas vitórias na semifinal. Mas a Universidad de Chile tem, além da experiência de Canales (29 anos), Vargas (revelação aos olhos sul-americanos, mas já com 28 de idade), uma qualidade técnica notável e um incomum senso coletivo.
O jogo foi unilateral. O gol cedo de Vargas, aos três minutos de jogo, poderia sinalizar uma Universidad que puxaria o freio de mão e administraria a já imensa vantagem que trazia do Equador, aliada ao gol de largada. Times brasileiros talvez fizessem isso (o Santos fez contra o Kashiwa, por exemplo). Mas La U não tira o pé. E quem acompanhou a campanha vitoriosa, impecável e invicta, sabia que este time não relaxaria mesmo diante da vantagem.
Foi ataque contra defesa na maior parte do tempo. O fator que trazia alguma aflição era a vantagem mínima de 1 a 0, pois qualquer gol equatoriano deixariam os visitantes a um tento da prorrogação. Mesmo assim, foi só pelo histórico copeiro da LDU e pelos gols perdidos. Em campo, a Liga nunca esteve próxima do empate. O 2 a 0, de Lorenzetti, era o mínimo. O 3 a 0, golaço maior de Vargas (lembrou o Romário dos bons tempos, pela arrancada e conclusão), foi o que traduz o jogo.
São 35 jogos de invencibilidade, um semestre sem perder. 4 a 0 no agregado das finais. Dez vitórias e dois empates em 12 jogos. Um total de 21 gols marcados e apenas dois sofridos. Foi um massacre. O título mais merecido no futebol continental em muitos anos. Nem o Colo Colo, campeão da América de 1991, era tão forte. Aliás, a torcida do Cacique perdeu hoje a exclusividade de ser o único time chileno a ganhar um campeonato internacional. Se este timaço não se desmontar, a Libertadores 2012 já tem um favorito.
Ao contrário da maioria, achei a atuação do Santos bem satisfatória ontem. Em suma, a equipe de Muricy Ramalho definiu o jogo em 24 minutos, mesmo sem jogar tão bem assim. Tirou o pé a partir daí, sofreu um gol, mas não correu grandes riscos de se desclassificar. Classificação sem sobressaltos e sem cansar demais o time, além de ter mostrado um Neymar, como de hábito, espetacular.
Claro que houve problemas, e é sempre bom discuti-los, mas nada que invoque um perigo de goleada do Barcelona no domingo. O Santos atuou contra o Kashiwa Reysol com a atenção de quem atua contra o Kashiwa Reysol, não contra o melhor time do mundo. Os primeiros minutos mostraram um jogo pegado, de divididas ríspidas, e os santistas não tiraram o corpo fora de nenhuma delas. Neymar e Borges eram vistos marcando e desarmando os japoneses. Ganso fez um primeiro tempo interessado e de bom nível.
Na etapa final estão os maiores poréns, quase todos voltados para o sistema defensivo. O termo "Avenida Durval" chegou a ser um dos temas mais comentados no Twitter durante o segundo tempo. É claro que o Barcelona não desperdiçaria as chances que o campeão japonês perdeu, mas é certo que a postura do time de Muricy não seria tão leniente diante dos catalães do que foi nos 45 minutos finais da semifinal.
Comentários
Há 15 anos o Tricolor conquistava o bicampeonato brasileiro. Parabéns pra todos nós.
Com a análise do jogo do Barcelona, a chave será mesmo marcar a saída de bola pra vencer a partida. Vide o Al-Sadd, que se resguardou e levou 4.
O jogo completo do bi brasileiro em 1996.