Exagero de futebol

Nada do que se fala a respeito do Barcelona é exagero. Exagero é o que joga este time. O Real Madrid é um timaço: Casillas, Xabi Alonso, Özil, Cristiano Ronaldo, Benzema. Kaká e Khedira são reservas. Sentam no banco ao lado de José Mourinho,  o maior técnico do mundo na última década. E não são só nomes: o time madrilenho vinha de 15 vitórias consecutivas. Liderava o Espanhol e, na fase de grupos da Liga dos Campeões, obtivera seis vitórias em seis jogos, com 19 gols marcados e apenas dois sofridos.

Mesmo assim, não foi páreo para o Barcelona. Um time capaz de sofrer um golpe duríssimo, como sair atrás no clássico, na casa do adversário, logo aos 25 segundos de jogo - e ainda assim não sentir o baque. O time de Guardiola nem fez um primeiro tempo brilhante. Conseguiu empatar o jogo num lance isolado de Messi, que deixou Alexis Sánchez na cara do gol. O suficiente para não terminar a etapa inicial perdendo, mas sem dar o show de outros tempos. Em 2011/12, o Barça ainda não havia dado um show daqueles que só ele sabe dar. Ainda.

Porque, no segundo tempo, o baile de outros clássicos se repetiu. O gol de Xavi, o da virada, foi um azar tremendo de Marcelo e Casillas. Mas já representava um Barcelona melhor em campo. Se o jogo de ontem fosse um gráfico, o Barça seria uma parábola crescente perfeita, com melhoria de atuação exponencial. Começou devagar, foi equilibrando na base do toque de bola, envolvendo o Real Madrid e terminou não goleando, talvez, porque não quisesse se desgastar para o Mundial Interclubes. Foi 3 a 1, mas podia ter sido 4, 5 ou 6. Foi milagre não ter sido goleada. E mais milagre ainda o Real Madrid ter terminado com 11 jogadores (em tempo: Messi deveria ter sido expulso no primeiro tempo, e não foi justamente porque é Messi).

Cada jogador do Barcelona joga em duas ou três posições diferentes durante o jogo. O time muda de esquema o tempo todo: 4-4-2, 4-3-3, 3-4-3, 4-5-1. Pelo menos estas quatro variações puderam ser vistas ontem no Santiago Bernabéu. Não jogou Villa, não houve nenhum centroavante de ofício, mas o papel do camisa 9 pôde ser visto. Messi não foi espetacular, mas Iniesta acabou com o jogo. Esses dias, Guardiola não escalou nenhum zagueiro. Improvisou volantes lá atrás. Seu time goleou, e não foi vazado.

Como eu dizia lá no início, o Real Madrid é um timaço. Mas é humano. Eis a diferença: este Barcelona não parece ser deste planeta, tamanha a perfeição. Não me preocupo em poupar elogios, pois é o melhor time que já vi jogar em toda a minha vida. Há pouco mais de um ano, teve a melhor atuação que já vi uma equipe fazer, contra este mesmo Real Madrid. O Barça ganha não porque tem Messi, porque escale mais atacantes, ou menos volantes. Ganha porque marca demais, joga demais, se recompõe defensivamente como nenhum outro time no mundo. É uma equipe que tem sempre a posse de bola, está sempre no ataque, e nunca fica vulnerável. Perde a posse e lá estão cinco ou seis jogadores prontos para impedir o adversário de agredi-lo. Tem individualidades fantásticas e um coletivo ainda mais perfeito, porque é brilhante e solidário.

Não é impossível vencê-los. É, apenas, muito difícil. Em sete clássicos em 2011, o Real Madrid de Mourinho, segundo melhor time do mundo, conseguiu só uma vitória, e na prorrogação. Pode perder o título mundial daqui a uma semana, embora seja muito difícil. Mas a chance existe porque no futebol, felizmente, até os sobre-humanos às vezes perdem.

Al Sadd x Barcelona
O time de Jorge Fossati venceu o Esperance por 2 a 1 e será o adversário catalão na semifinal do Mundial.

Troféu Ás de Espadas
Nesta segunda, o Carta na Mesa será especial. Ocorrerá a quinta edição do Troféu Ás de Espadas, a retrospectiva do ano. As categorias par votação são time do ano, seleção do ano, jogador do ano, jogo do ano, lance do ano, fiasco do ano, chatice do ano, budum do ano, migué do ano, fato do ano e momento "eu já sabia". Para entender melhor o que significa cada categoria, sugiro olhar este texto, de 2010.


Comentários

vine disse…
Real x Barça está tão previsível quanto Atlético x Cruzeiro...
Luiz Paulo Teló disse…
Xavi é comum. Iniesta é enganador. Messi? No Brasil tem um a cada esquina.

Puyol é o Bolivar piorado.

No Brasileiro, esse time não pegava Libertadores.

Guardiola sabe menos que o Antônio Lopes.

Putz!!! Esqueci que ainda não estou comentando pra nenhum rádio gaúcha.

Time absolutamente espetacular.
Vicente Fonseca disse…
Luiz, tem apresentador de programa esportivo de rádio aqui no Rio Grande do Sul que acha tudo isso mesmo. Ou diz essa monte de bobagem para aparecer.
Luiz Paulo Teló disse…
O Baldasso eu tenho certeza que é pra aparecer.
Little Potato disse…
Nada que um Ceará, um Edinho e um Iarley não resolvam... huauahuhauahahua.

Agora, sem sacanagem, Puyol é uma lenda na Catalunha, mas é um Odvan de mullets. A diferença toda desse time é a filosofia de jogo. Quem entra ali, incorpora o método, e se transforma. Duas temporadas num time assim, e o Sandro Sotilli acabava na Seleção.