Um Brasileirão ainda mais digno em 2012

Caso eu pudesse escolher os quatro promovidos à Série A do ano que vem, dificilmente formaria uma lista de quatro clubes melhor que a que acabou prevalecendo. A volta de Portuguesa, Náutico, Ponte Preta e Sport, dois paulistas e dois pernambucanos, atende aos requisitos de vermos de volta times tradicionais, com torcida (a Lusa não tanto, mas tem história respeitável) e, melhor ainda: impede times artificiais de perambularem como zumbis na competição mais importante do futebol nacional.

Por mais de 45 minutos na tarde deste sábado, corremos este risco. O Boa Esporte, itinerante como o Barueri/Prudente, vencia o lanterna Duque de Caxias enquanto Sport, Vitória e Bragantino patinavam. Todos os olhos voltavam-se, principalmente, ao time de Pernambuco, pois era quem mais tinha chance de subir (bastava vencer o rebaixado Vila Nova). Nada menos que 5 mil torcedores foram de Recife a Goiânia apoiar o Leão. O Serra Dourada torcia, primordialmente, pelo Sport.

O time de Marcelinho Paraíba perdia gol atrás de gol, enervando os torcedores, que viam o Boa entre os quatro provisoriamente. Para piorar, o Vila Nova terminou o primeiro tempo surpreendente melhor, perdendo gols. Aumentando a dramaticidade do momento, caiu o mundo na capital de Goiás. O que era um incômodo no primeiro tempo virou poças d'água no segundo. A bola não andava, era impossível trocar passes. Se o Sport já tinha dificuldades de impor seu melhor futebol na etapa inicial, na complementar isto se tornou impossível. Só seria possível vencer na vontade e na bola aérea.

O gol de Bruno Mineiro, o do alívio e da promoção, foi assim. O drama foi tão imenso que a bola nem chegou a tocar as redes. Ultrapassou a linha, por pouco. Mas o suficiente para fazer a festa da torcida rubro-negra, que chorava de emoção cantando nas molhadas arquibancadas do Serra Dourada. O Sport, único time que torceu pela subida do Grêmio em 26/11/2005, sobe também num 26 de novembro, mas de 2011. Merecido.

É ótimo ter de volta equipes que trarão público aos estádios. E é ótimo ver a recuperação do futebol pernambucano, que promoveu Náutico, Sport e Santa Cruz de divisão em 2011. É uma escola que andava fazendo falta na elite brasileira.

Bem menos Aflitos

O Náutico voltou a jogar a rodada final da Série B num 26 de novembro, mas sem drama algum. Já promovido, lutava pelo vice-campeonato com sua adversária, a Ponte Preta, precisando só do empate. Levou 1 a 0, virou o jogo, e, como há seis anos, sofreu um gol no finzinho. Mas o final foi feliz.

Muito atraso para nada

O Bragantino deu o primeiro migué da tarde: o goleiro Gilvan simulou lesão antes do jogo, e seu reserva deveria começar a partida. Mas, subitamente, o titular se recuperou e resolveu jogar, atrasando a partida em 15 minutos (o intervalo duraria 20). Já o Vitória, que perdia para o ASA, levou 29 minutos para voltar do vestiário no intervalo. Virou o jogo, mas não levou. O Bragantino, por sua vez, perdeu para o Paraná. Ambos lutavam contra o Sport pelo acesso. Terminaram de jogar um pouco mais tarde, mas sem alcançar os objetivos.

Sai hoje o campeão?

Em semana cheia de atrativos extra-campo (sorteio da Libertadores, Andrés Sánchez na CBF, contratação de Kleber pelo Grêmio), pouco se falou nas decisões deste domingo. Hoje pode sair o campeão brasileiro, os outros dois classificados à Libertadores e os outros dois rebaixados. Meu palpite? No máximo, teremos hoje a definição de mais um rebaixado. De resto, não creio em campeão antecipado e Libertadores definida. Aliás, tomara que não.