Com Roth ou sem Roth?

A grande novidade desta segunda-feira é que Kleber deve mesmo ser apresentado pelo Grêmio na quarta-feira. O Grêmio investe na melhoria do elenco e na manutenção da comissão técnica (treinador auxiliar, preparador físico, de goleiros) como solução para obter resultados superiores aos pífios de 2011.

Embora o clima esteja cada vez mais pesado para Celso Roth, a tendência indica que ele, a exemplo dos colegas de comissão técnica, também deve permanecer. A implicância da torcida com o técnico é justificável, mas tem muito mais a ver com seu currículo do que com o trabalho realizado. Roth veio para impedir um risco de rebaixamento, e conseguiu. Seu trabalho começou bom, mas caiu consideravelmente nas últimas rodadas - desde que as poucas chances de Libertadores foram de vez embora. O aproveitamento, de 48%, é razoável: dá bem a dimensão da qualidade da equipe. Um time mediano, uma campanha mediana. Um trabalho mediano de Roth, portanto - que cumpriu o objetivo mínimo, e ponto final. Não tirou do grupo nada além do que ele pode render.

Caio Júnior, demitido do Botafogo, é uma boa alternativa. Realizou bons trabalhos na maioria dos clubes pelos quais passou - inclusive no Fogão, embora a queda forte nas últimas rodadas. Não se enquadra, porém, no estilo que Pelaipe e Odone gostam, de disciplina. É um treinador calmo, que passa tranquilidade, tem estilo conciliador (o que não é ruim para começar um trabalho do zero). É bom montador de times. Mas a própria vinda de Kleber talvez force a direção a procurar um técnico que o coloque na linha. Roth tem mais esse perfil que Caio Júnior.

Discordo dos que pensam que Celso Roth é incapaz de montar um time forte para o ano que vem. Com elenco, é possível. Seu trabalho neste ano não foi bom a ponto de sua permanência ser uma imposição, pelo contrário. O que me faz ter ressalvas quanto ao acerto de uma possível renovação é, bem mais, a rejeição por parte dos torcedores. Obviamente isso não é um fator que deva preponderar em uma escolha pensada de modo profissional, mas tampouco pode ser desconsiderada. Até porque isso faz parte da história de Roth, em outros tantos momentos de sua conturbada e polêmica carreira. E o derrubou muitas vezes - na Dupla Gre-Nal, foi o principal motivo em quase todas as suas quedas.

Site
Ocorreu ontem o lançamento do site de Guiñazu, volante do Inter e da Argentina. Estive presente no evento, ocorrido nesta segunda-feira no Thomas Pub, no bairro Moinhos de Vento, em gentil convite feito pela Olympikus. Simpático como sempre, o Cholo.

Comentários

Samir disse…
O problema da permanencia do Roth é que falta, inclusive para a direção, convicção nisso. Todos sabemos que se Roth fracassar no GAUCHÃO, sua demissão é certa.

Acredito que já começamos errado um ano que ainda nem começou. E títulos, amigos, podemos esquecer!
Vicente Fonseca disse…
Eu já acho que a direção tem convicção nele. É o tipo de técnico que Odone e Pelaipe mais gostam. Se ele fracassar no Gauchão, cairá. Mas muito mais por pressão da torcida que por falta de convicção dos dirigentes.
Lourenço disse…
Estamos em 2011, chega de Roth. Reclama que sempre dão para ele time em época ruim (como se o normal fosse trocar de treinador quando o time está bem), mas sempre que tem a chance de fazer uma pré-temporada ele estraga tudo. Ele não é um mau técnico mas prefiro um técnico pior, pois ainda tem a chance de nos surpreender e fazer um bom trabalho. Com o Roth, deixa que eu escrevo o texto de demissão dele, no meio de abril, quando o Grêmio empatar em 0 x 0 com o Novo Hamburgo no Olímpico e ser eliminado nos pênaltis.
Vicente Fonseca disse…
sempre que tem a chance de fazer uma pré-temporada ele estraga tudo

Tem isso, sim.

Eu sei que passo por fã do Celso Roth. Não acho que ele deve continuar para 2012, a menos que não haja um bom técnico disponível (há, já indiquei no texto um) - e aí vai minha única discordância, quanto a trazer um técnico pior.

O ponto que tenho defendido o Roth é que discordo frontalmente que ele seja o culpado pelo Grêmio não estar numa posição melhor. Embora o trabalho dele este ano tenha sido apenas mediano, isso passa muito mais pelo começo difícil no campeonato que pelo momento atual. Tanto que ele chegou numa situação muito mais complicada que agora, motivada, especialmente, pelo mau trabalho de Renato e direção no começo do ano. Por isso gostei de sua vinda, mas a permanência para o ano que vem são outros 500...
André Kruse disse…
Eu costumo tentar defedender o Roth de muitas injustiças, mas acho que o trabalho dele não é bom.

Eu acho que esse grupo poderia sim render mais. Não vejo tanta diferença de qualidade do Grêmio para alguns times que ainda estão disputando vaga no G5
Vicente Fonseca disse…
O técnico sempre pode tirar algo a mais dos seus jogadores. Roth fez isso em 2008, e não está fazendo em 2011 - embora esse grupo atual seja o pior desde que o Grêmio subiu, em 2006 - na minha opinião, claro.
Mário disse…
Eu defendia a manutenção do Roth até o último jogo contra o Ceará. Por mais que em momentos de revolta da torcida contra ele (vide 2008, quando inventaram a tática de, ao anunciar a escalação, dizer "O técnico Celso Roth traz a campo" ao invés de anunciá-lo depois do anúncio dos jogadores como forma de evitar as vaias) ele aparentemente reaja bem, acho muito complicado começar um trabalho com um treinador que sai da casamata e é chamado de burro e vaiado. Não tem como o time não sentir isso.

Não acho muito válido o argumento de que o Roth chegou pra "evitar o rebaixamento". Ele veio pra dirigir o Grêmio da melhor maneira possível e fazer a melhor campanha possível. Renato ano passado veio em situação pior e levou o time ao 4o lugar.

Só discordo da saída dele em caso de invencionices do tipo Jorginho do Figueirense (ainda estou traumatizado pelo Silas).

Mas, enfim, acho também que 2012 passa mais até pela montagem do elenco do que pelo nome do treinador, então esperemos.
Vicente Fonseca disse…
Concordo contigo, Mário.
Lourenço disse…
Na verdade, o primeiro semestre do Silas foi melhor do que o primeiro semestre que o Roth faz quando inicia um ano no clube.

Não me considero antirroth, ele é uma ferramenta útil se bem usada. O Grêmio foi sábio ao pegar ele com o campeonato andando e o elenco montado. Elogiamos que o contrato era só até o final do ano. Será sábio se souber a hora de o largar. No começo de temporada, Roth gasta tempo, inventa esquemas, e o time começa o ano totalmente travado, desentrosado.
A única exceção seria no caso de o Roth fazer um grande trabalho esse ano e se impor para o ano que vem. Mas não, esse é o pior começo de trabalho do Roth no futebol gaúcho, à exceção do Inter em 2002.
Vicente Fonseca disse…
Os únicos bons começos de ano do Roth na Dupla que eu lembro foram o Inter de 1997 e o Grêmio de 1999 (neste caso, pegou o time em 1998, montou no início de temporada e ganhou dois títulos - no segundo semestre degringolou).