Postulante e consistente
Com Celso Roth, o Grêmio retomou uma de suas principais qualidades: começar o jogo no Olímpico massacrando o adversário. Nestes dois meses desde seu retorno, é a quarta vez que o time marca gol cedo, antes dos 20 minutos. Na primeira metade da etapa inicial, o Santos não viu a cor da bola. O jogo lembrou aquela pressão exercida sobre o mesmo Santos na Libertadores de 2007: sem alternativas, o Peixe não conseguia trocar dois passes, muito menos passar do meio-campo.
Mas, mesmo sem Ganso e Neymar, trata-se de um belo time. Quando Ibson começou a buscar jogo e fazer o vaivém que sempre exercia nos tempos de Flamengo, o time paulista cresceu. Léo levava perigo às costas de Mário Fernandes pela esquerda, Alan Kardec era perigoso mesmo fora de posição e Borges, muito marcado, conseguiu duas ou três vezes fazer sua clássica parede. Houve perigo, e por pouco o empate não saiu. O final do primeiro tempo foi recebido com alívio, pois o jogo já era bem diferente dos minutos iniciais.
O segundo tempo do Grêmio foi muito consistente. Roth acertou o posicionamento do time no meio, evitando os contra-ataques santistas que eram rotineiros no primeiro. A marcação que o Tricolor tem feito é impressionante. O Santos chegou pouquíssimas vezes. Não houve brilho, mas boa qualidade técnica. Não houve show, mas segurança. Não houve massacre, mas serenidade. Uma perfeita administração de resultado, com posse de bola, e ofensiva. Ressalte-se, também, que Muricy Ramalho colaborou ao retirar Ibson, o melhor jogador do time, para enfiar Rentería no ataque. Matou a criação de jogadas do Peixe. Escalou mal (melhor seria o colombiano em vez de Alan Kardec desde o início, por característica) e mexeu mal o melhor treinador brasileiro.
Algumas individualidades são expoentes desta melhora gremista. Fernando tem jogado um futebol que lembra Luiz Carlos Goiano: não é forte, nem alto, mas desarma bem, marca muito e distribui bem o jogo. Escudero, além de ser o jogador-chave do setor ofensivo, vem superando suas atuações jogo a jogo. Infernizou a defesa santista com arrancadas envolventes e fulminantes. Brandão, mesmo tosco, foi importante - e não apenas pelo gol, mas por exigir marcação dos dois zagueiros o tempo todo. Colaborou muito para que a linha defensiva santista não se adiantasse, trazendo o time para cima do Grêmio. Júlio César, Douglas, Marquinhos, Mário Fernandes, todos jogaram e têm jogado muito bem.
O Grêmio é sim um postulante à Libertadores, embora seja difícil. O próximo jogo, contra o Coritiba, é complicadíssimo. Sem Douglas, e no Couto Pereira, onde o Coxa é fortíssimo. Mas não é só a entrada na briga pelo G-4 que merece menção. A volta da indignação, de jogadores inconformados com equívocos da arbitragem ou provocação dos adversários também deve ser saudada. Não apenas porque o DNA dos gremistas exige times assim. Mas porque times vencedores simplesmente são assim.
GRÊMIO (1): Victor, Mário Fernandes, Edcarlos, Rafael Marques e Júlio César; Fernando, Fábio Rochemback, Douglas, Marquinhos (Gilberto Silva) e Escudero (Miralles); Brandão (André Lima).
Técnico: Celso Roth
SANTOS (0): Rafael, Danilo, Edu Dracena, Durval e Léo; Adriano, Arouca, Ibson (Rentería) e Elano (Henrique); Alan Kardec e Borges.
Técnico: Muricy Ramalho
Campeonato Brasileiro 2011 - 11ª rodada (jogo atrasado)
Local: Estádio Olímpico, Porto Alegre (RS); Data: quarta-feira, 5 de outubro de 2011 - 20h30 (horário de Brasília); Árbitro: Pablo dos Santos Alves (ES); Público: 26.010; Renda: R$ 414.117,00; Gol: Brandão 9 do 1º; Cartão amarelo: Júlio César, Douglas, Escudero, Danilo, Edu Dracena, Léo, Arouca, Ibson e Borges
PRÓXIMOS JOGOS
Coritiba x Grêmio - Brasileiro - sábado, 08/10, 18h - Couto Pereira, Curitiba (PR)
Santos x Palmeiras - Brasileiro - domingo, 09/10, 16h - Vila Belmiro, Santos (SP)
Comentários
me lembra de quando eu pedia a ZH emprestada do vizinho para ler sobre o jogo do grêmio (1992).
Relembro algo que vocês falavam no início do campeonato: seria MUITO bom pro Grêmio não ir pra Libertadores...