Individualidades e vontade

O Brasil obteve uma ótima vitória ontem. Ganhar do México tornou-se artigo raro desde a estranha final da Copa das Confederações de 1999, e em solo alheio a dificuldade só aumenta. Mas foi um resultado ainda obtido muito mais por individualidades que por um sentido coletivo, algo que Mano Menezes não conseguiu dar à seleção em mais de um ano de trabalho.

O gol sofrido no começo obrigou o Brasil a ir para cima, após minutos de domínio mexicano. Caso mantivesse o ritmo, o time da casa poderia ter goleado. Preferiu esperar os brasileiros virem para cima, escancarando a falta de organização da equipe canarinha. Era um controle estéril do jogo que tinham os visitantes. A expulsão de Daniel Alves após cometer pênalti no último lance do primeiro tempo indicava que até mesmo uma goleada poderia ocorrer. Mas Jefferson defendeu e recolocou a seleção no jogo, principalmente no lado psicológico.

No segundo tempo, o cenário pouco mudou. Quando os jogadores brasileiros se indignaram com marcação da arbitragem, houve um primeiro sinal de vontade em conquistar o resultado. Se há algo que não se pode falar do time ontem foi falta de apetite. O México poderia ter ousado mais e definido o jogo. Não o fez, e ainda permitiu seguidamente ao Brasil a bola parada, única arma disponível para um time que não consegue penetração via toque de bola. Ronaldinho empatou em cobrança de falta perfeita. Marcelo, melhor nome do segundo tempo, virou o jogo em golaço, na base da empolgação.

Ótima atuação de Jefferson, Marcelo se encaminhando para a titularidade na esquerda. Basicamente foi isso que se viu de positivo. Ronaldinho, apesar do golaço, se arrastou em campo. Neymar pouco foi visto. Muito cai-cai e pouca bola. Hulk, mais objetivo, teve atuação interessante. São três vitórias seguidas, mas nenhuma boa atuação de fato. Falta muito trabalho ainda a Mano Menezes. Sorte que o Brasil não disputa as Eliminatórias. Suaria para chegar à Copa de 2014.

MÉXICO (1): Sánchez (Talavera); Juárez (Pérez), Rodríguez, Torres (Moreno) e Salcido; Márquez, Castro, Barrera (Andrade) e Guardado; Giovanni dos Santos (Peralta) e Hernández.
Técnico: José Manuel de la Torre
BRASIL (2): Jefferson; Daniel Alves, David Luiz, Thiago Silva e Marcelo; Lucas Leiva, Fernandinho, Lucas e Ronaldinho (Hernanes); Neymar (Elias) e Hulk (Jonas).
Técnico: Mano Menezes

Amistoso
Local: Estádio Corona, Torreón (MEX); Data: terça-feira, 11 de outubro de 2011 - 22h30 (horário de Brasília); Árbitro: Marlón Mejía (ELS); Gols: David Luiz (contra) 9 do 1º; Ronaldinho 33 e Marcelo 38 do 2º; Cartão amarelo: Juárez, Torres, Salcido, Hernández, Márquez e Lucas Leiva; Expulsão: Daniel Alves

Comentários

Anônimo disse…
Se o Jefferson não pega o pênalti, acho que até poderia empatar, mas não virava não... Bom, o Galvão Bueno vibrando com a derrota da Argentina é deprimente. Até parece que está tudo certo com a seleção, que o Ronaldinho voltou a ser o de 2005, que o Neymar é melhor que o Messi (bom, na seleção talvez), toda aquela cantilena ufanista a que quem não tem TV a cabo é obrigado a aturar...

E quando enfrentar um time de verdade numa partida de verdade (i.e., em mata-mata da Copa), vai tomar fumo. Porque se ficar se "preparando" com esses amistosos caça-níqueis é dose. Todas as outras seleções candidatas (Espanha, Alemanha, Holanda, Uruguai; não, a Argentina não) vão ter enfrentado Eliminatórias. Isso faz diferença.