A Ressacada virou decisão

Celso Roth disse na coletiva pós-jogo que havia uma única semelhança entre os jogos com Vasco e Botafogo: ambos foram derrotas. Vejo outra, que vai de encontro ao que pensa o técnico do Grêmio, que gostou do time ontem: em ambas, o time fez um primeiro tempo razoável e piorou no segundo, a ponto de se desorganizar completamente no quarto final de jogo.

O primeiro tempo, é verdade, foi de um time só. Apenas o Grêmio jogou, tentou o gol. E nem foi uma grande atuação: o time pecava por uma lentidão que não se via desde que o 4-5-1 fora adotado como esquema. O Botafogo, que entrou pensando primeiro em não perder, tinha sua tarefa de defender facilitada por conta disso. Com apenas Loco Abreu à frente da linha da bola, o Fogão bloqueava os espaços do Tricolor, que pouco entrava na área. Houve muita posse de bola ofensiva e pouco chute a gol por parte do Grêmio, o jogo todo.

Júlio César fez muita falta pelo lado esquerdo. Celso Roth criticou o desempenho de Bruno Collaço de forma indireta na coletiva e, embora não seja o ideal externar isso, tinha razão. Sem ritmo de jogo, o guri não conseguiu encaixar sequer uma boa chegada à linha de fundo. Sem parceria adequada por ali, Escudero também decresceu. Pela direita, Mário Fernandes era opção, mas sempre havia dois botafoguenses com ele. Pelo centro, André Lima era bem controlado pelos dois zagueiros, que tiveram grande atuação.

Ao menos a marcação funcionava bem. Fernando anulava Maicosuel, que não jogou no primeiro tempo, o que isolava os atacantes. Então, Caio Júnior mexeu no intervalo. Sacou Herrera e colocou o meia Felipe Menezes no time. Ele entrou bem no jogo, auxiliando Maicosuel na tarefa de criar. Com o camisa 7 mais solto, o Botafogo jogou mais no campo do Grêmio, que perdia terreno e atacava cada vez menos. O gol de Abreu, única participação dele em toda a noite, foi jogada pessoal de Maicosuel.

O Botafogo vence onde não conseguia há 16 anos e ganha força para enfrentar o São Paulo, na decisão de domingo. O Grêmio, por sua vez, também transformou o duelo com o Avaí em decisivo. O risco de cair ainda é muito pequeno, mas nova derrota aproxima o time novamente da zona de rebaixamento e alça um rival para mais perto. Será o jogo mais importante do Tricolor no campeonato. É importante que todos tenham esta consciência no Olímpico.

A derrota de hoje não passa por falta de qualidade de um time que, há 10 dias, venceu o São Paulo com superioridade. Passa bem mais pela qualidade defensiva de um Botafogo extremamente seguro, que soube neutralizar as soluções que Roth encontrou para recuperar o Grêmio, que terminou o jogo mais uma vez desorganizado, com Brandão de ponta e Edcarlos de centroavante. É hora de buscar alternativas, mas ainda não mudar o esquema.

Em tempo:
- Miralles reclama que "veio para jogar". Roth fez bem em responder que, quando treinar bem e corresponder em campo, terá chances. Até agora, não disse a que veio.

Campeonato Brasileiro 2011 - 25ª rodada
22/setembro/2011
GRÊMIO 0 x BOTAFOGO 1
Local: Olímpico, Porto Alegre (RS)
Árbitro: Alício Pena Júnior (MG)
Público: 17.324
Renda: R$ 239.410,50
Gol: Abreu 20 do 2º
Cartão amarelo: Fernando, André Lima, Jefferson, Lucas e Herrera
GRÊMIO: Victor (5,5), Mário Fernandes (6), Edcarlos (4,5), Rafael Marques (5) e Bruno Collaço (4,5); Fernando (6) (Gilberto Silva, 18 do 2º - 5), Fábio Rochemback (5,5), Douglas (5,5), Marquinhos (5,5) (Miralles, 25 do 2º - 5) e Escudero (5); André Lima (4,5) (Brandão, 25 do 2º - 5). Técnico: Celso Roth (5)
BOTAFOGO: Jefferson (6,5), Lucas (5,5) (Alessandro, intervalo - 5,5), Antônio Carlos (6,5), Fábio Ferreira (6,5) e Cortês (5,5); Lucas Zen (6), Renato (6), Maicosuel (7) (Everton, 42 do 2º - sem nota) e Elkeson (4,5); Herrera (4) (Felipe Menezes, intervalo - 6,5) e Abreu (5,5). Técnico: Caio Júnior (6,5)

Comentários

Paul disse…
Bem que o Prestes avisou no Carta na Mesa que uma ida ao Olímpico poderia estragar o maravilhoso dia que estava tendo Igor Natusch, hehehe.
E o que foi o Loco Abreu DESCASCANDO o Cortes em rede nacional por não ter cruzado na área aquela última bola do jogo?
Igor Natusch disse…
A ausência de Júlio César foi muitíssimo sentida, até mesmo decisiva, de certo modo. Collaço não foi desastroso (especialmente na defesa, foi bem, cobrindo seguidamente os erros de Edcarlos e Rafael Marques), mas não tem um décimo da capacidade de apoio do titular. A bola caía no pé dele e a tendência permanente era de recuo, com a jogada voltando exatamente por onde tinha vindo. Somando isso a más atuações de Escudero (passou o segundo tempo jogando para trás) e Marquinhos (especialmente lento ontem) temos um Grêmio que arrastava-se em direção ao ataque, dando um tempo infinito para que o Botafogo postasse sua defesa. Mário Fernandes e Douglas, na minha opinião, fizeram boas partidas.
Vicente Fonseca disse…
Achei o Marquinhos bem no primeiro tempo.
André Kruse disse…
Também gostei do Marquinhos no primeiro tempo. No segundo ele foi substituido com justiça.

O Collaço ficou muito preocupado em marcar o Elkeson, que jogava aberto por ali.
Vicente Fonseca disse…
E até foi bem marcando o Elkeson, diga-se, afinal, ele pouco foi visto em campo. No apoio sim, deixou a desejar.
juca disse…
Acredito que se fosse o Julio Cesar na lateral, o Herrera e o Elkesson teriam "deitado" por aquela região e a derrota teria sido mais expressiva.
Por outro lado, ele poderia ter acertado mais cruzamentos que seriam, de qualquer modo, desperdiçados pelos cones.
Samir disse…
E qm foi o jogador visto na noite fazendo festa, Vicente?
Vicente Fonseca disse…
Não faço ideia. Mas tenho suspeitos.