Quem sabe algumas soluções?

Finalmente, a seleção brasileira mostrou bom futebol. Foi por 45 minutos, mas ocorreu. O segundo tempo do 2 a 0 contra a Argentina revelou uma equipe que, claro, carece de sentido coletivo - nem poderia ser de outra forma. Mas exibiu algumas individualidades que podem surgir como solução para Mano Menezes daqui para a frente.

Cortês é a mais falada de todas. O lateral-esquerdo do Botafogo é mesmo um grande jogador. Alguém que sai do Quissamã, da Segundona Carioca, e chega à seleção um ano depois tem de ter algo especial. No caso dele, é principalmente sua personalidade. Cortês é destemido, nenhuma camisa parece pesar nele. Atua com naturalidade, ousa sempre. É contundente na frente e seguro atrás. Se o ótimo Marcelo tem fracassado com a amarelinha, nada justifica o botafoguense não ser o titular nas próximas partidas.

Na zaga, Dedé e Réver formaram dupla segura. A Argentina incomodou, sim: Viatri tem presença de área, Montillo ingressou nela algumas vezes. E ambos foram muito seguros. Especialmente Réver, impecável nos desarmes e com a costumeira desenvoltura para sair jogando. À frente deles, Ralf e Rômulo não comprometeram, mas não são jogadores para a seleção. Com todo o respeito, pois são muito bons em seus times - como eram Josué e Mineiro, por exemplo.

O Brasil era favorito porque, simplesmente, não tem seu principal jogador atuando no exterior, como é o caso de Messi na Argentina. Em potencial, Neymar é o grande nome brasileiro. É uma pena que, na seleção, não se veja ainda o jogador que amadureceu bastante no Santos com Muricy. Com a amarelinha, Neymar quer sempre dar o drible de efeito, acima de dar seguimento à jogada. Se Ronaldinho faz um lance bonito, ele tem, na mesma jogada, que superá-lo. Isso não leva a absolutamente nada. Quando se pede que tenha na seleção a mesma naturalidade que exibe no Santos, não é para ser circense, mas para ter atuações consistentes com seu futebol genial. É um grande jogador, fez o gol da vitória, participou de boas jogadas, mas jogou para as tietes histéricas de Belém. Postura que só não é mais irresponsável porque se trata de um torneio quase amistoso.

Lucas, sim, foi o melhor do setor ofensivo. Marcou um belo gol e, na dificuldade do primeiro tempo, foi quem mais criou perigo. Ronaldinho centralizou o jogo todo, mas não foi tão efetivo. Pode e deve ser mais decisivo. Lá atrás, Jefferson provou ser o melhor goleiro brasileiro em atividade. Quando exigido, foi perfeito.

A Argentina, como eu disse, perde muito mais que o Brasil sem seus "estrangeiros". Mesmo assim, é um bom time - não para representar a seleção albiceleste, mas há jogadores interessantes. Montillo foi como sempre perigoso, embora a boa marcação sobre os atacantes tenha impedido que a equipe tivesse maior poder de fogo. Sabella recém começa o seu trabalho. Insistir no camisa 10 cruzeirense não seria mau negócio, mesmo com estrelas do porte de Messi, Agüero, Di Maria, Tevez e companhia de volta às convocações.

Copa Roca 2011 - Jogo de volta
28/setembro/2011
BRASIL 2 x ARGENTINA 0
Local: Mangueirão, Belém (PA)
Árbitro: Jorge Larrionda (URU)
Público: 43.038
Renda: não divulgada
Gols: Lucas 8 e Neymar 30 do 2º
Cartão amarelo: Desábato e Viatri
BRASIL: Jefferson (6,5), Danilo (6), Dedé (6), Réver (6,5) e Cortês (7) (Kleber, 40 do 2º - sem nota); Ralf (5,5), Rômulo (5,5), Ronaldinho (6) e Lucas (7) (Diego Souza, 24 do 2º - 6); Neymar (6,5) e Borges (5,5) (Fred, 28 do 2º - sem nota). Técnico: Mano Menezes (6)
ARGENTINA: Orión (5,5), Cellay (5,5), Sebá Domínguez (5,5) e Desábato (5); Pillud (4,5) (Mouche, 32 do 2º - 5,5), Guiñazu (5,5), Fernández (5,5), Canteros (4,5) (Bolatti, 14 do 2º - 4,5), Montillo (6) e Papa (5); Viatri (5). Técnico: Alejandro Sabella (5)