O Prata no centro do mundo

A América do Sul vai parar hoje às 19:15. E o mundo também deveria, se nosso produto fosse melhor vendido para outros continentes. Argentina x Uruguai não é só um confronto cheio de história, mas é a partida mais atraente possível nesta Copa América que, como toda competição entre seleções, começou devagar, mas pega fogo com o decorrer dos jogos.

Finalistas da primeira Copa do Mundo, dois bicampeões do mundo, maiores vencedores de Copa América (14 títulos cada). Os argentinos não a ganham há 18 anos; os uruguaios, há 16. De um lado, os donos da casa; do outro, uma seleção revigorada após décadas pífias. De um lado, o melhor jogador do mundo; de outro, o melhor jogador da última Copa do Mundo. Uma rivalidade centenária, de dois países que odeiam ser considerados "parecidos" para quem os vê de longe, mas que têm sim muita coisa em comum.

Pela maneira como os times jogam, e pelas circunstâncias da partida (jogada em solo argentino), é de se esperar que os donos da casa proporão o jogo no começo. A Argentina é, há quase 20 anos, uma seleção que não prima pela solidez defensiva. Tem sido um time muito mais ofensivista e "artístico" que o próprio Brasil, tido como sinônimo de futebol alegre e irresponsável. Não é à toa que não vence nada desde a Copa América de 1993. Raramente montou times neste período. Em 2000/2001 fez uma seleção fantástica, mas que fracassou na Copa. Em 2005/2006, José Pekerman montou uma equipe mais metódica, mas que parou na anfitriã Alemanha. De lá para cá, muitos craques e pouca organização e resultados.

O Uruguai parece pronto para encarar o quarteto Messi, Di Maria, Agüero e Higuaín. Vem com uma zaga experiente, Lugano e Victorino, que seria ainda melhor se jogasse Coates, talvez o melhor zagueiro sul-americano da atualidade. Mas Pérez e Arévalo formam uma dupla de volantes como Mauro Silva e Dunga. Os dois Álvaros, González e Pereira, não são jogadores tão técnicos como os meias adversários, mas ajudam demais na marcação (Mazinho e Zinho?) e encostam em Forlán, que arma o jogo para Suárez como ninguém. O Uruguai não é tão técnico, mas é mais consistente. Tem mais argumentos enquanto coletivo que a Argentina.

Abaixo, alguns momentos históricos deste superclássico mundial. Notem que na última Copa América realizada na Argentina, deu Uruguai campeão - com vitória sobre os rivais na semifinal. E hoje, quem se classifica? Responda a enquete em nossa página no Facebook (ou na caixa de comentários, caso não tenhas conta lá).



Uruguai 4 x 2 Argentina, final da Copa do Mundo de 1930



Argentina 1 x 0 Uruguai, oitavas de final da Copa do Mundo de 1986




Argentina 0 x 1 Uruguai, semifinal da Copa América de 1987




Uruguai 0 x 1 Argentina, Eliminatórias da Copa do Mundo de 2010


O jogo obscurecido
O sábado ainda terá pela Copa América um jogo bem menos badalado, mas ainda assim importantíssimo. A surpreendente Colômbia enfrenta o igualmente interessante Peru, no jogo que definirá o adversário do vencedor no superclássico na semifinal. Lembrando: a Colômbia parou a Argentina (quase o venceu) e o Peru segurou o Uruguai na primeira fase. Na semifinal, seja quem for, é jogo duro. Vale conferir, mesmo sem tanta grife como o duelo do Prata. Um ótimo aperitivo (que pode se tornar um indigesto confronto no meio da semana) para o jogaço do início de noite.

Comentários

Do jeito que as grandes seleções se arrastam pela Copa América, é bom que elas se enfrentem logo nas Quartas, já que poderiam morrer para times pequenos antes de chegar na reta final.

Bom ver essa coletânea de confrontos que mostra a cara do clássico: muito equilíbrio. A vingança uruguaia em 87 dentro da Argentina sobre a campeã do mundo é muito bonita.
Vicente Fonseca disse…
É verdade, Menezes. Em pleno Monumental de Nuñez. Francescoli despontando como craque em nível internacional.
Igor Natusch disse…
Arrepiantes os vídeos.

E a enquete no Facebook foi divertida, mas nada desafiadora. TODOS SABIAM que o Uruguai venceria! =p