Escalador maluco
Como nosso amado Deus Clichê sempre diz e nós não cansamos de repetir, futebol não é uma ciência exata. Porém, a julgar pelo Grêmio que se desenha para enfrentar o Botafogo no domingo, dá para dizer sem muito medo de errar: voltar do RJ com três pontos vai ser difícil, bem difícil. Afinal de contas, não bastasse voltar a acenar com o 4-5-1 que já rendeu o esperado contra o São Paulo (ou seja, nada), Renato Portaluppi parece ainda mais disposto a flertar com a sorte, aplicando mudanças que, ao menos vistas de longe, não parecem fazer nenhum sentido.
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Analisemos, por exemplo, o reingresso de Rafael Marques no time. Apesar do zagueiro estar longe de ser um colosso futebolístico, até pode fazer algum sentido, no sentido de que o atleta é razoavelmente experiente e pode dar mais controle emocional a uma defesa sabidamente nova e ainda desacostumada aos revezes de um Brasileirão. Mas digam, em nome de quê Rafael Marques pode substituir Saimon, jovem revelação que vinha sendo verdadeira surpresa com suas excelentes atuações? Nem que fosse o Papa, como diria um professor universitário daqui de Porto Alegre. Tirar o melhor jogador da defesa, justamente quando ela dá sinais de estabilidade, beira a demência absoluta, independente de quantos anos tenha o beque em questão.
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E se essa decisão faz pouco sentido, o que dizer da iniciativa de colocar Marquinhos entre os 11 titulares? De novo, não se trata exatamente de falta de méritos de quem entra - Marquinhos é recém-chegado, merece oportunidades de mostrar a que veio. Mas a medida usada para que ele caiba na escalação parece, no mínimo, temerária: tira-se Viçosa do time, acomodando cinco jogadores no meio-campo e deixando Lins como única e solitária referência ofensiva. Não bastasse tratar-se de jogador de deficiências mais do que conhecidas, é inevitável questionar: alguém aí é caridoso o suficiente de achar que o atleta tem condições, mínimas que seja, de ser o nome mais agudo em qualquer time que seja? Aí já nem é mais questão de qualidade técnica, é falta de cacoete mesmo. Renato pega um atacante que já não rende muito ao natural (tem um solitário gol com a camisa do Grêmio, no já esquecido Gre-Nal de reservas do Gauchão) e o joga aos leões, em posição onde suas dificuldades ficam ainda mais expostas. Difícil imaginar que ele realmente pense que dará certo.
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Claro que as limitações forçam um treinador a bancar o Professor Pardal, buscando alternativas que tirem alguma qualidade de onde, à primeira vista, só se vê carências. Mas, como já criticamos aqui mesmo nesse espaço em situações anteriores, o objetivo deve ser sempre escalar o melhor time possível. As mudanças propostas pelo treinador gremista não parecem realçar o que de melhor (ou de menos frágil) há no plantel, pelo contrário: diminuem o time e promovem rearranjos no mínimo questionáveis. Talvez dê certo, vai saber. Mas não parece nada provável.
Comentários
Gabriel e Lúcio não estão jogando um ovo, mas não saem dos onze inicial. E a saída de Saimon é um acinte ao melhor zagueiro da equipe no campeonato.
A não ser que Renight esteja blefando - pelo que o Márcio Neves insinuou em seu Twitter, isso pode acontecer -, a provável derrota é mais do que um pretexto para que ele vista sua sunga e fique lá pelo Rio mesmo.
Ele tem sido omisso na busca por suprir as carências da equipe e tem se deixado levar pelo maior mau que atinge os treinadores: o bruxismo
A primeira é quantas vezes o Gremio venceu usando esse esquema (4-5-1). Eu lembro do León, do Inter na final da Taça Farroupilha, São Paulo e agora. Teve mais?
Percebam como em TODAS essas vezes, nós começamos muito mal o jogo, tomamos gol e, quando o Renato optou por colocar um segundo atacante, a equipe melhorou. Coincidencia? Creio que não.
Segundo: depois que o Rodolfo saiu do time, quantos gols de cabeça tomamos depois disso? Eu só lembro do gol do Liedson. Teve mais?
OBS: acho o Viçosa muito bom jogador, ele tem muito potencial. A parceria
River x Belgrano é a pedida da tarde.