Careta para os críticos

VASCO 1 X 0 CORITIBA

Curiosamente, mesmo com o placar favorável e a possibilidade de jogar pelo empate na semana que vem para conquistar a Copa do Brasil, jogadores e torcedores do Vasco saíram do primeiro jogo contra o Coritiba com uma pulga atrás da orelha. Afinal, o cruzmaltino nunca chegou a mandar de fato no jogo, pelo contrário: nos últimos dez minutos ou mais, tomou um tremendo calor do Coxa, que esteve perigosamente perto do empate.

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Quem desempatou o nervoso e equilibrado jogo no São Januário foi um centroavante que, mesmo integrando equipes campeãs, sempre provocou frêmitos de raiva em boa parte da torcida do Internacional. Alecsandro, o auto-proclamado maior artilheiro do Inter em mundiais, que fez exatamente o que se espera de um atacante: tentar muito, errar várias, mas colocar para dentro das redes na hora mais necessária. De uma maneira que, diga-se, muitos colorados julgariam impossível: antecipando-se aos zagueiros, chegando na frente e fuzilando de cabeça, com oportunismo. Talvez o único lance de lucidez do cidadão em toda a partida - mas precisaria um centroavante fazer mais do que o gol da vitória?

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De qualquer modo, o Vasco é um time dos mais interessantes. Felipe é o típico jogador que pensa o jogo, domina a bola, distribui os lances. Faz ótimo contraponto ao ímpeto natural de Diego Souza, que vai para a cima e parece estar em boa fase técnica. Bernando foi um pouco mais discreto do que esses dois, mas é outro nome que fortalece o meio-campo vascaíno. Abrindo bastante pelas pontas, o Vasco consegue manter bom controle sobre o fluxo de jogo - ainda que, no caso específico da partida de ontem, tenha pecado muito pela afobação, desperdiçando muitos lances e deixando o trem desgovernar vez por outra.

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Quem quiser tirar o Coritiba para defunto, porém, pode quebrar a cara na calçada com razoável gravidade. Trata-se de um time tecnicamente inferior, mas muito bem montado e que terminou as duas etapas jogando melhor que o Vasco: no primeiro tempo mais com a posse de bola, no segundo apostando no sufoco. Longe de estar batido, o Coxa está vivíssimo - e contará com o apoio intenso de sua torcida, que mesmo em notória desvantagem no São Januário conseguiu se fazer ouvir em muitos momentos (pelo menos é o que a transmissão da TV nos deu a entender).

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Seja como for, um jogo digno de uma decisão de campeonato nacional - e que mostra que, ao contrário dos que acham que só incorporando times que estão na Libertadores para dar "dignidade" ao certame, a Copa do Brasil tem alto nível sim, e quem avança nela é por ser melhor que os demais, e não menos pior. As mudanças no ingresso de clubes podem, obviamente, estar na pauta do dia. Mas que não se pense que, só porque times "menores" avançaram Copa adentro, a competição está decadente. De forma alguma. E o jogo de ontem mostrou isso com clareza.

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Foto: GloboEsporte