Rio Grande hospitaleiro

Inter fecha 39 dias sem ganhar em casa. Grêmio já está há 51 sem vencer no Olímpico

INTERNACIONAL 0 x 1 CEARÁ
Estou terminando o mês de maio com uma certeza: os Gre-Nais que decidiram o Campeonato Gaúcho foram a melhor que aconteceu para os times da Capital nas últimas semanas. Alguém mais notou que há exatamente um mês Grêmio e Inter só conseguiram ganhar um do outro? Peñarol, Universidad Católica, Corinthians, reservas do Santos, Ceará... Todos foram capazes de ao menos não perder para a Dupla, que vive seu pior momento conjunto desde a saída de Joel Santana do Beira-Rio, no Brasileirão de 2004.

O Inter involui com Falcão. Alertei horas após o fim do Gauchão que o título conquistado no Olímpico não servia de parâmetro: a decisão, equilibradíssima, ocorreu contra um Grêmio demolido por lesões, que já não vivia bom momento com os titulares todos, e estava fragilizado ainda mais por conta dos desfalques. Hoje, os problemas se repetiram grotescamente. O Inter é uma equipe com objetividade próxima do zero. Só Leandro Damião interrompia este marasmo, criando chances quase que do nada, grande centroavante que é. Tinga e especialmente D'Alessandro fizeram partidas lamentáveis. O argentino chegou a ser bastante vaiado, uma injustiça diante de toda sua trajetória em Porto Alegre.

O Ceará fez algo semelhante ao que realizou o Peñarol: organizado, defendeu-se bem e explorou contra-ataques. Esta tem sido a arma para ganhar do Inter no Beira-Rio. Aliás, assim como o Grêmio, a última vitória do Inter em casa já fez aniversário de mais de mês. O veloz Osvaldo, que já desarticulou o Flamengo na Copa do Brasil, infernizou os defensores vermelhos na base da velocidade. Michel, muito bom primeiro volante que clube algum do centro financeiro do país teve a capacidade de observar com a calma que merece, foi impecável no combate aos criadores do Inter.

O futebol é muito dinâmico e nos surpreende a cada dia, mas sinceramente não consigo enxergar o Internacional com algum futuro vitorioso com Falcão ao leme da comissão técnica. Em mais de um mês, seu time não evoluiu absolutamente nada taticamente, pelo contrário. Além disso, há algumas quedas técnicas de rendimento (notórios casos de Bolatti, Bolívar e Rafael Sobis) que coincidem com sua chegada. Seria preciso um choque de vestiário, alguém que mobilizasse mais os atletas, mas o que se viu recentemente foram os jogadores cobrando dele maior atitude, algo tão curioso quanto sintomático. A amostragem, um ponto conquistado em seis disputados contra um time frio do Santos e o modesto - porém virtuoso - Ceará, em casa, é para lá de preocupante.

Foto: Tárlis Schneider/Agência Freelancer.