A história está escrita

Samir El Hawat
Quem pode parar o Barcelona? Para essa pergunta, oito entre dez torcedores dizia que o Manchester era o time indicado para isso. Não foi. Na decisão da Liga dos Campeões, hoje, em partida disputada no estádio de Wembley, os Diabos Vermelhos foram dominados pelo espetacular time de Guardiola, Messi, Xavi e Iniesta. O Barcelona atacou com força, marcou com dedicação, tocou a bola como sempre, teve o controle do jogo durante 80 minutos. Manteve a sua média habitual de mais de 60% de posse de bola e conquista, merecidamente, pela quarta vez, a Uefa Champions League.

O United iniciou o jogo melhor, marcando mais a frente e conseguindo roubar a bola dos espanhois. Atacando, os ingleses foram para cima de Dani Alves, com Giggs, Rooney e Évra caindo nas costas do brasileiro. Porém, de efetivo, a melhor jogada dos ingleses  foi resultado de um balão para Rooney, que o goleiro Valdez cortou. E, naturalmente, o United foi diminuindo o ritmo e o Barça começou a achar espaços. Aos 15min, Xavi e Daniel Alves fazem boa jogada pelo lado direito, a bola sobra para Pedro, que chuta para fora. Em seguida, Villa chuta de fora e a bola passa perto do gol de Van Der Sar.

O time inglês recuou muito a marcação, dando muito espaço para os meias do Barcelona. Messi, que muitas vezes fica centralizado na área, passou todo primeiro tempo buscando o jogo no círculo central, onde havia muito espaço. Não foram poucas as vezes em que ele pegou a bola na linha divisória e chegou até a meia lua da área inglesa. E foi aproveitando esse espaço, que o time catalão chegou ao seu gol: Xavi recebeu a bola próximo da linha divisória, foi até a intermediária, livre de marcação, e rolou a bola para Pedro, no lado direito, também livre, colocar nos fundos da rede. O placar marcava 1x0, resultado justo. Porém, do outro lado havia muito talento. Se Giggs e Hernández não estavam numa boa tarde, Rooney assumiu a responsabilidade: após roubada de bola,  o inglês passa para Giggs, que, impedido, devolve a bola para o camisa 9, que conclui no ângulo de Valdéz.

O Barcelona não sentiu o gol, e antes do apito final, teve uma chance clara com Villa, que recebe passe de Messi, após o argentino dar uma janelinha em Ferdinand. O atacante espanhol prefere devolver a bola a concluir a gol, mas Messi não chega a tempo.

A expectativa era de que Ferguson, no intervalo, ajeitasse o sistema defensivo do seu time. Mas nada foi feito e a segunda etapa foi de predomínio absoluto dos catalães. Faltou atitude para o Ferguson tirar Park ou Valência, ambos muito mal na partida, tanto tecnicamente como taticamente.  O gol de Messi, aos oito minutos da segunda etapa, estava escrito desde o primeiro tempo: ele recebe a bola na intermediária, livre, tem tempo de arrumar a bola, olhar para Van Der Sar, mal posicionado, e concluir forte, no canto.  Aos 23 minutos, Messi fez um carnaval pelo lado direito dos ingleses, mas acabou sendo desarmado. No entanto, o time inglês sai jogando errado, a bola sobra para Busquets, que rola para Villa, com precisão, guardar a bola no ângulo. O jogo estava definido.

O Manchester não é mais time que o Barcelona e a derrota é algo natural. Contudo, os ingleses poderiam ter rendido mais. Park, Valência, Hernández e Giggs não entraram no jogo. Qualquer um deles poderia ter sido sacado para a entrada de jogadores como Nani e Anderson. Outro erro de  Ferguson foi ter sacado Berbatov do banco. O búlgaro perdeu espaço, com razão, para o mexicano, mas sua experiência não pode ser deixada de lado em um momento decisivo. Na partida de hoje, ele poderia sim ter entrado no lugar de Chicharito.

Já o Barcelona... não há mais adjetivos para se referir a esta, que é a melhor equipe que eu vi jogar. Tem a força ofensiva, qualidade técnica, organização tática, poder de marcação, jogadores decisivos. E, principalmente, é um elenco jovem, está longe de terminar um ciclo. A tendência é que outras marcas sejam batidas. Mas não é preciso. Este Barcelona já está na história.

BARCELONA 3X1 MANCHESTER UNITED

Local: Estádio Wembley, Londres (ING)
Árbitro: Viktor Kassai (HUN)
Gols: Pedro, 26 1º, Rooney, 34 1º; Messi, 8 do 2º e David Villa, 23 do 2º
Cartões amarelos: Daniel Alves e Valdes (Barcelona); Carrick (Manchester United)


BARCELONA: Víctor Valdes (7); Daniel Alves (7), Mascherano (6), Piqué (6) e Abidal (6); Busquets (8), Xavi (8), Iniesta (8); David Villa (7),  Messi (10) e Pedro (8) - Técnico: Josep Guardiola (9)

MANCHESTER UNITED: Van der Sar (5); Fábio (4), Ferdinand (6), Vidic (6) e Evra (5); Valencia (4), Carrick (4), Ryan Giggs (4) e Park (3,5); Rooney (6,5) e Javier Hernández (4) – Técnico: Alex Ferguson (3)

Comentários

Vicente Fonseca disse…
Esse Barcelona é o maior time que vi jogar na minha vida. E Messi será - se já não for ou estiver muito próximo - um dos cinco maiores jogadores de todos os tempos. Time perfeito: marca demais, joga demais, é extremamente compacto, organizado, tem jogadores fantásticos. O Manchester United foi diminuído, parecia um Figueirense em campo.

Quanto ao jogo, me chamou a atenção como marcou mal o Manchester. Tudo bem, Iniesta, Xavi e Messi são cracaços de bola e sabem se desmarcar, mas nada justifica eles receberem a bola LIVRES várias vezes. Xavi e Pedro estavam livres no lance do 1º gol; Messi (MESSI!) dominou livre no lance do segundo. Se marcados eles já são verdadeiros demônios, imagina com espaço.

Repito: Barcelona impressionante. Desde o Milan de Gullit, Rijkaard e Van Basten o mundo não via time deste nível, pelo menos.
Igor Natusch disse…
Só o Peñarol será capaz de detê-los.
Samir disse…
Exato, Vicente: havia mto espaço para os meias do Barça.

Sinceramente, o Ferguson me decepcionou. Esperava algo a mais dele, uma estratégia, uma tentativa de parar o time espanhol, mas nada disso foi visto, ele colocou o time dele da mesma forma que sempre jogou. O resultado, lógico, foi o de sempre.

Igor, certamente contra o Penãrol, Messi vai ter q implorar para tocar na bola!! Q final hein!!
zeh nascimento disse…
contra o peñarol, barcelona terá 99% de posse de bola. mas perderá de 1-0, como naquela vez do mistão.

(vdp: desinglo. campeón desinglo)