Pratticamente nada
Rafael Marques busca bola na rede em mais um gol de Pratto |
Os bons desarmes de Adilson, a imensa qualidade e abnegação de Fábio Rochemback e um lance de genial de Douglas. O Grêmio só teve isso ontem à noite. É muito pouco para vencer o bom e organizado time da Universidad Católica, que se mostrou superior quase que o tempo todo e mereceu vencer mesmo dentro do Olímpico. Teria conseguido vantagem ainda maior, não tivesse perdido alguns gols feitos e não tivesse Douglas ter tirado um coelho da cartola.
O início dava a impressão de que poderia ser diferente. O Grêmio empilhou três ou quatro escanteios com menos de dois minutos de jogo, o estádio rugia em clima de Libertadores. Mas bastou o time chileno afastar a bola de vez da sua área que a partida de fato começou. Costa e Cañete comandaram a Católica em trocas de passes envolventes, que a marcação gremista não conseguia suplantar - exceto por Rochemback e Adilson, dois leões. De qualquer forma, faltou também um pouco de sorte quando Douglas acertou a trave, aos 11 minutos. Ele se redimiria no segundo tempo.
Portanto, exceto pelo ímpeto inicial e por este arremate isolado, o Grêmio não criou mais nada. Desde o início do ano, é uma equipe que não consegue sufocar adversário algum, nem mesmo os do Gauchão, como sempre fez no Olímpico. Em mais um dos inúmeros erros de Gílson (88 minutos em campo, contra 2 de Escudero), a Universidad Católica conseguiu o contra-ataque do 1 a 0, de Cañete para Pratto, os dois melhores em campo. Com a expulsão do envaretado Borges, nem a referência mais na área o time tinha. Pelo menos dois cruzamentos, ainda no primeiro tempo, varreram a área chilena sem ninguém para finalizar.
O Grêmio não melhorou no segundo tempo. Ainda mais bagunçado com Lins no lugar do desastroso Willian Magrão, o time achou um gol com Douglas, na pura qualidade individual. Vieram cerca de 10 minutos de controle da partida, o melhor momento gaúcho no jogo, ainda assim sem a imposição que um time do seu tamanho necessitaria. Isto, aliás, não ocorreu em momento algum do jogo por um simples motivo: a Universidad Católica é mais time que o Grêmio. Além de ser muito superior em termos de conjunto, nem mesmo nas individualidades fica para trás, dados os desfalques tricolores.
A dividida de Lins com Valenzuela, aos 23, mudou a história do jogo. Porque parou a partida no melhor momento do Grêmio. Reiniciadas as ações alguns minutos depois, os chilenos esfriaram a cabeça e voltaram a praticar um futebol superior. O segundo gol de Pratto foi feito com facilidade ainda mais irritante e constrangedora que o primeiro. Novamente pelo lado esquerdo defensivo do Grêmio, algo que o Atlético Júnior descobriu em fevereiro, e que Renato até agora não conseguiu arrumar.
Sem André Lima e Borges, o Grêmio é obrigado a fazer 2 a 0 em Santiago. A tarefa beira o impossível, embora não seja. O que parece impossível é o time jogar tudo o que não jogou em 2011, evoluir tudo o que precisa evoluir em apenas uma semana, se impor diante de um adversário qualificado e reverter a desvantagem, que não é pequena. Paulo Odone saiu de campo invocando superação e lembrando a Batalha dos Aflitos. Soa até caricato. Superação não faltou ao Grêmio ontem. Faltou, mesmo, foi futebol. Tem faltado desde que 2010 acabou. Enquanto ninguém se convencer disso, mais derrotas ao natural como a de hoje virão pela frente.
VÉLEZ SARSFIELD 3 x 0 LDU
Uma excepcional vitória do Vélez, que a exemplo da Católica parece definir o confronto já no primeiro jogo. Resultado até parece menor do que deveria para os argentinos, que jogaram com dois homens a mais em grande parte do confronto.
Em tempo:
- Manchester United quase na final da Liga dos Campeões, 2 a 0 sobre o Schalke 04, em Gelsenkirchen. E hoje é dia de superclássico espanhol. Reta final na Europa.
- Dois Gre-Nais a menos?
Foto: AF.
Comentários
Resumo mais do que perfeito deste momento "vâmo que vâmo" que vive o clube. Só nos resta torcer e lamentar.
o segundo gol me lembrou o primeiro do petrolero. a chave é pela esquerda da defesa do gremio, todos sabem.
A classificação heroica no Chile seria emocionante, mas nem sei até que ponto resultaria positiva, uma vez que todos os muitos problemas seriam, uma vez mais, mascarados pelo clima soy-de-Grêmio-copero-y-peleador-alento-sempre que tomou conta do imaginário gremista e se recusa a ir embora. Em resumo, é seguir vivo agora para ser massacrado por um time ainda melhor que o Universidad mais adiante. E com plena justiça, diga-se.
Gilson podia ter saído no intervalo. OK, Willian Magrão não jogou nada, mas pelo menos chegou à frente algumas vezes e trazia alguma esperança - Gilson, nem isso. Foi o que sempre tem sido: pouco mais que nada. Dava para deixar Neuton caindo um pouco mais pela esquerda, fincar Adílson e buscar o ataque com mais força - de repente até trocando mesmo o Magrão, mas já colocando Escudero em campo, por ex. Ou seja, Renato ousou sem ousar - e nem vou continuar o argumento senão vão dizer que é perseguição.
Minha visão sobre Paulo Odone e sua lembrança da Batalha dos Aflitos eu publico daqui a pouco.
Isso explica muita coisa. Muita coisa. Mas TAMOAE, como diria a VdeP...
Acho que tão grave quanto achar que a imortalidade é a SOLUÇÃO para todos os problemas é achar que a imortalidade é a CAUSA de todos os problemas.
Um cara que veio - sem nenhum cartaz - do Criciúma há 3 meses nunca será a solução pra um jogo encruado de mata-mata de Libertadores. Ninguém da comissão técnica enxergou isso?
É o que dá ter um grupo insuficiente. Em Libertadores, um jogador ruim em campo pode ser o determinante pra derrota.
De resto, meu desânimo é grande pela perspectiva realista de nunca poder presenciar um Gre-nal de Libertadores no Olímpico Monumental, que vive seu penúltimo ano de existência.
Pela manhã, quando estava indo à faculdade, fiz um pequeno levantamento: vocês se lembram qual foi o último jogador de área revelado pelo Grêmio?
Cláudio Pitbull, em 1999
Antes dele?
Caio Junior, em 1985
Mais algum?
Alcindo Martha de Freitas, em 1964
EM QUASE 50 ANOS O GRÊMIO SÓ REVELOU TRÊS ATACANTES DE ÁREA!!! Só na década passada, o Inter revelou Nilmar, Rafael Sóbis, Alexandre Pato e Leandro Damião. Será que ninguém vê isso, tchê?!
O Serginho Chulapa diz que futebol tem 9 posições e 2 profissôes: goleiro e centroavante. Pois bem, camisa 9 o Grêmio não faz. Custa muito pegar um guri com 1,80m, fazer aquele ganhar massa muscular, treinar finalização com os dois pés, cabeceio e posicionamento?
Borges não é mau jogador. É amarelão. Desde 2005 eu sou testemunha disso, quando o vi surgir no Paraná. Já havia dito que André Lima era a melhor opção. Então, esse imbecil, dono de um salário astronômico, faz uma das maiores imbecilidades possíveis num jogo de futebol.
Quanto ao time em si, é só pegarmos os textos do Vicente, do Igor e nossos comentários. É irritante de tão redundante
Sobre o Borges, eu discordo. Não gosto de rótulos como esses. Lembro que o Brasileirão de 2008 foi ele quem ganhou para o São Paulo. Fez gol em todos os jogos finais, inclusive o último, contra o Goiás. Mas prefiro o André Lima também.
Bah, depois de ontem eu fiquei com nojo do Humberlito. Puta merda, que burrice! Some-se a isto seu gosto por música gospel.
Até vou parafrasear algo que li ontem: - Graças à atitude do Borges, o centroavante passou a ser um piá da minha altura e mais novo que eu. E numa Libertadores!
Bah, perdemos a oportunidade de nos livrar dessa ENGANAÇÃO chamada William Magrão - eu sei que tu gostas dele, mas me irrita o amor MAGMÁTICO que a crônica bovina tem por ele
Acho Willian Magrão um jogador de enorme potencial. O que ele jogou em 2008 nenhum RUIM jogaria. Mas confesso que, aos 24 anos, não acredito mais no futuro que eu imaginava que ele teria. Aquele lesão contra o Avenida minou a carreira dele.
Eu gosto do William Magrão, assim como gosto de outros jogadores da base. O que me tira do sério por vezes é que parte da imprensa gaudéria - assim como parte da torcida - o superestima, assim como Maylson, enquanto subestima jogadores como Adílson e Thiego.
Para mim, os quatro citados são jogadores medianos, que não comprometem, que fazem o feijão-com-arroz com alguma competência. Contudo, na hora de julgar, vejo os dois primeiros sendo elevados a craque, e os dois últimos, como nabas. Nem um, nem outro.
Sou a favor que apenas jogadores de exceção, acima da média ou que preencham posições carentes sejam contratados. O resto tem que ser feito em casa. O Grêmio tem em seu plantel um número muito bom de guris, mas eles são facilmente escanteados por jogadores semelhantes vindos de fora e com vencimentos superiores.
Em 2007, o Grêmio contratou Edmílson para primeiro volante, enquanto tinha Nunes, Lucas e Magrão - além de Sandro. Em 2009, contratou Diogo e Túlio, enquanto havia Adílson, que foi quem se tornou titular. Hoje, o Thiego deve alguma coisa ao Rafa Marques?
Um erro que o Grêmio por vezes comete é depreciar sua matéria-prima, os guris. Além de serem preteridos por jogadores semelhantes e comuns vindos de fora, são emprestados a clubes sem visiblidade e saem ao final de seus contratos.
Ano passado, com Bruno Collaço, fez-se diferente e está dando certo. Acho que se pode fazer o mesmo com Gílson, Dener, Saimon, Busatto, Roberson, Mithyuê (abraço, Natusch) e Wesley, por exemplo. Emporestá-los a clubes da Segundona ou Terceirona, onde tenham boas vitrinas e possam amadurecer. Se a resposta for boa, que sejam reintegrados; senão, que sejam negociados com mercados periféricos, como Oriente Médio, Leste Europeu ou Tigres Asiáticos - Cacalo era mestre nisso.
Sou a favor de maior ponderação na hora da avaliação dos guris - sem amores ou ódios profundos -, de seu melhor aproveitamento e valorização, além de uma mudança em certo conceitos, como formação de centroavantes.
Outra coisa: desde 2007, vários jogadores sofreram lesões nos ligamentos do joelho. Casos de Teco, Bruno Teles, William Magrão, Mithyuê, Lúcio e Souza. Não é estranho que apenas os dois últimos - que já haviam se submetido a cirurgias semelhantes - se recuperaram sem maiores traumas e num menor prazo?
(Desculpe alguma grosseria. É foda ter que torcer - e sofrer - de longe e há tanto tempo)